6 May 2008

A PATA PERKY




Para alguém como eu que se assistisse a uma tourada, torceria efusivamente pelo touro, histórias como esta soam como música.
Na última semana, grande parte dos media americanos relataram a história da pata selvagem Perky, que sobreviveu a provações que poucos humanos, dos mais machos e em condições ideais de saúde, suportariam.
Tudo começou quando a pata, que ainda não se chamava Perky, foi abatida numa caçada, coisa comum no bélico estado da Flórida.
Levada pelo seu algoz para casa para engrossar alguma receita especial, foi colocada no frigorífico com outros alimentos.
Dois dias depois, a mulher do caçador abriu o frigorífico para retirar a caça, pensando em depená-la e iniciar a preparação - provavelmente com laranjas - quando de repente:
- Qué!
A pata mexeu-se!
E para assombro da mulher, levantou a cabeça. Desesperada, pedindo perdão e tecendo promessas para São Francisco enquanto jurava nunca mais comer carne, a mulher do caçador colocou a pata ferida – a pata bicho, não a dela própria - no seu carro, e dirigiu-se ao hospital veterinário mais próximo.
Já atendido pela equipa de serviço, o pobre bichinho foi levado para a sala de cirurgia, onde tentaram o possível para reparar os graves danos na asa, no bico e numa das pernas. A cirurgia, como não poderia deixar de ser, decorreu de forma tensa, mas aparentemente sob controle, até o animal sofrer uma parada cardiorrespiratória. Os veterinários tentaram trazê-la de volta à vida, fazendo uso de todas as técnicas sabidas e não sabidas de ressuscitação cardiopulmonar.
Nada feito. A tristeza dominou o ambiente até aproximadamente vinte segundos após o anúncio oficial da morte da pobre ave. Quando se preparavam para tirar os aventais e abanar as cabeças negativamente, cena clichê de filme americano, eis que:
- Qué!
A pata voltara pela terceira vez à vida!
Para o bem do povo e felicidade geral da nação, ela havia decidido ficar, provando que aquela realmente não era a sua hora. Mais uma vez levantou a cabeça e ensaiou um bater de asas. De selvagem anónima, transformou-se em heroína, passando em seguida a celebridade nacional, e agora mundial com o nome Perky, cujo significado é... não faço a menor idéia.
A explicação da equipe veterinária para a resistência da pata à baixa temperatura do frigorífico baseou-se no metabolismo lento característico do bichinho. Já a resistência aos danos causados pela bala e à paragem cardíaca e respiratória, torna o caso mais difícil de explicar.
Perky, que já não corre risco de vida, corre agora o risco de ter sua história contada em filme pela sanha hollywoodiana em transformar factos do género em sucesso de bilheteira.
Perky deu a todos uma lição de vida, mesmo aparentemente não fazendo idéia disso.
Certamente tornará mais ricos em dinheiro aqueles que aproveitarem a história, do que tornaria rica em proteínas a dieta do caçador.
Se a história da pata que enganou a morte três vezes seguidas servir de lição para ao menos uma destas pessoas que insistem em transformar animais em objectos de sadismo nos rodeios, touradas, guerras de cães e outras selvajarias semelhantes, já terá valido a pena. Talvez seja isso que a pata Perky tenta dizer quando, com toda naturalidade abre o bico e:
- Qué!

16 nhận xét :

Patti said...

Linda pata!

Eu aproveitava a deixa e punha uns quantos touros, dessas horríveis touradas que falas, no frigorífico para lhes baixar também o metabolismo.
E depois passados dois dias pegava nos toureiros e enfiava-os lá dentro, mas com a porta fechada, claro.

f@ said...

Olá Blue... uff andei por ai a ler umas coisas e estou um bocado emocionada... sim mesmo mto....

Agora vou ler o teu post -PATA PERKY...
pois eu tb sou pelos animais, porque mesmo aqueles que me assustam de certo não me faram maal.... ao contrario dos homens que atingem o que quer que seja em seu próprio beneficio ou lucro ou diversão....
decerto PERKY é Victória ou Pena mesmo compaixão da "pobreza" do ser humano....
Lindinha beijinhos das nuvens

Sérgio Figueiredo said...

eheheh...

A pata é mesmo resistente e pregou a partida a muitos. Tu minha grande amiga, fazes uma história maravilhosa para expressares as atrocidades a que os animais estão sujeitos.

Beijo Grande

Coragem said...

Grande pata, há realmente coisas que não se explicam, vindas por vezes de quem menos se espera.
Também não suporto touradas, não lhes reconheço arte alguma.
Beijinho

Anonymous said...

Blue
Gostei muito da tua história da pata. Com efeito, em cada momento a vida está smepre a dizer-nos que é preciso levantar a cabeça.
Um bj

Filoxera said...

Que resistência, ufa! Uma pata com sete vidas!
Ainda bem. Espero que não fique com muitas sequelas...
Beijos.

Pena said...

Simpática e doce amiga:
Esta história de real sentimento acontecido na vida fascina.
A luta poderosa pela vida. Atitudes que terão de terminar na carnificina aos seres lindos que são os animais, aves ou outros.
Simplesmente, admirável, sublime e genial o apego à vida que serve de exemplo aos humanos.
Valente e persistente Gata Perky linda.
Serve de exemplo a muitas pessoas.
Uma luta incessante pela desumanidade vanglorizada e cruel de verdadeiros assassinos dos animais doces e ternos.
Verídica. Sensacional numa sensacional pessoa.
Adorei, com sinceridade.
Oxalá não utilizem a luta sem tréguas desta ave linda para encher cofres pessoais e desumanos pelo brilhantismo, pertinácia e persistência da linda pata.
A ver vamos...!!!
Beijinhos de estima e respeito.
BRILHANTE Post!
Sempre a lê-la com encanto e delícia

pena

amigona avó e a neta princesa said...

Ainda bem que esta história acaba bem...na maioria das vezes não é assim ...beijos...

ruth ministro said...

Uma história digna de um filme mesmo! E, como não podia deixar de ser, muito bem contada por ti.

Desta vez fui eu que te mimei :) Quando quiseres passa pela nuvem!

Beijinhos para ti, querida :)

Rafeiro Perfumado said...

Era dar um tiro ao caçador e metê-lo no congelador dois dias para ver se tinha a mesma resistência...

Luís Galego said...

se dúvidas tivesse relativamenteàs touradas, bastava reler os Bichos de Miguel Torga...

Um beijinho

João Videira Santos said...

Li, reli e gostei

1/4 de Fada said...

Eu também costumo estar do lado dos animais... Caçadas e touradas podiam acabar que eu ia aplaudir. Que história tão bem contada.

Xanda said...

Eu sou completamente apaixonada por animais, sinto uma revolta imensa qdo ouço ou vejo algo maquiavélico de que mts humanos são capazes. Esta história deixou-me c/ um sorriso daqueles... enoooorme!
Linda menina esta patinha, uma verdadeira sobrevivente.
bjnhs Qué!

nOgS said...

Fantástico!

alegra-me tanto saber que também defendes essas causas.

Beijinhosss

nOgS said...

é pr4eciso acreditar e continuar a respirar mesmo depois do último suspiro. aqui está um bom exemplo de força:)

Força patinha: "quá,quáa":)