30 November 2008

( 6 ) PORQUE É FIM-DE-SEMANA

Já viram algum assim?







zwani.com myspace graphic comments

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Calma! Que falta de confiança na vizinha. É só um panda recém-nascido, em Chengdu, na China, com 11 cms e 129 gramas. A mãe, Shu Qing e o bébé encontram-se de boa saúde!




Que belas " Dirty Minds" os meus vizinhos têm. Ai,ai


Christmas Myspace Dividers

29 November 2008

PSE DON'T SHOOT HIM



Numa entrevista dada à cadeia de televisão ABC e divulgada 4ª feira, o Presidente eleito Barack Obama declarou:

- Os executivos dos grandes bancos devem renunciar aos bónus milionários e os da indústria automóvel devem parar de utilizar aviões particulares no contexto da actual de crise.

- Alguns empresários e patrões mostram-se alheios à realidade do país. A desistência por parte de dirigentes de bancos das compensações anuais, num momento em que o governo precisa avançar com ajudas financeiras deveria ser um exemplo de responsabilidade - continuou.

- Se já possuem 10 milhões de dólares e precisam colocar no desemprego funcionários, o mínimo que podem fazer é dizer "estou pronto para fazer sacrifícios eu também, porque reconheço que há pessoas que estão em pior situação e passam por um período muito mais difícil", disse ainda Obama.
O presidente eleito também reprovou com severidade os dirigentes dos três grandes grupos automóveis norte-americanos, por se terem deslocado a Washington em aviões particulares para pedir dinheiro ao Congresso, para evitar a falência das suas empresas.

Pensei a princípio que eles estivessem talvez surdos ao que se passa nos Estados Unidos, declarou Obama. É um problema crónico, não apenas na indústria automóvel (...) (mas) entre os líderes da indústria em geral, considerou. Quando pessoas recebem centenas de milhões de dólares de bónus em Wall Street e arriscam o dinheiro dos outros, isso mostra que não têm nenhuma ideia de como vivem os americanos comuns. E, (...) quando os fabricantes de automóveis (americanos) recebem salários mais elevados do que os colegas (asiáticos) da Toyota ou Honda, e perdem, no entanto, muito mais rapidamente que os construtores japoneses, significa que não vêem nada do que acontece.

Em 1963, também em Novembro, declarações do género, nas quais também se falava de desigualdades sociais, de pobres e de muito ricos, levou um Vice-Presidente à Presidência.

Dizem que a história se repete. Espero e desejo que esta seja uma excepção à regra.

Notinha: Este post foi descaradamente inspirado no do meu vizinho Jotabê, com a devida autorização.

28 November 2008

PARA UMA AMIGA


Ela dá-me um pedacinho de chão
quando preciso de terra firme,
Um pedacinho de colo
quando a alma me dói,
Tem cheiro de moscatel e pão,
E porque é especial,
tem amor,
no lugar do coração.
Parabéns, Maria.

27 November 2008

THANKSGIVING




Celebra-se hoje, nos Estados Unidos, o Thanksgiving Day!
Por um qualquer erro de casting em que a vida é fértil, estou cá em vez de estar lá, como aconteceu nos últimos anos.
Os críticos das importações de festas americanas não precisam de ficar preocupados, porque esta, de facto, não pode ser importada. Porque não tem nada a ver connosco.
Foi o Presidente George Washington que instituiu o Thanksgiving a nível nacional, para agradecer o fim da Guerra Civil, a liberdade religiosa e também a Divina Providência que protegia toda a Nação.
O Thanksgiving é nos Estados Unidos uma festa quase mais importante que o Natal.
Originalmente começou por ser o dia em que toda a comunidade americana dava Graças a Deus por todas as Graças concedidas ao povo americano.
A tradição de dar Graças continua hoje sob várias formas.
Existe a parte religiosa com Missas que são as mais concorridas de todo o ano, mas a parte mais importante é a reunião das famílias ao jantar.
A festa do Thanksgiving é o feriado mais concorrido de todos.
Celebra-se na quarta quinta–feira de Novembro, na sexta faz-se “Ponte” e prolonga-se até domingo.
Dado que os membros das família estão espalhados por todo o País é o feriado em que todos viajam para se reuniram, pelo que os aviões, comboios e estradas estão esgotados e congestionados.
Antes do início do jantar, o anfitrião diz uma oração em que agradece todas as bênçãos que Deus concedeu nesse ano ao País e àquela família em especial.
A refeição compõe-se obrigatoriamente de perú assado recheado, puré de batata doce ( divino ), vários recheios vendidos à parte e molho de cranberries.
As sobremesas são diversas e deliciosas, sobretudo à base de tartes de abóbora e “peacon” ( uma espécie de nozes grandes ).
Também obrigatórias são as Paradas, ou Desfiles, das quais a mais famosa é a Macy’s Thanksgiving Day Parade.
No primeiro ano que lá passei este feriado foi uma verdadeira loucura e curtição.
Comecei por me levantar às 7 da manhã para não perder a Macy’s Parade, que literalmente pára Manhatten.
É uma coisa fantástica que acorda em nós todos os instintos e recordações infantis.
Imaginem carros enormes com gigantescos bonecos insufláveis, todos figuras da Disney ou outros desenhos animados.
Começa na 77th Street Central Park West e desce a Braodway até Columbus Circle, vira na 34th Street, passando em frente da Macy’s Herald Square. Termina na 7ª Avenida.
A Parade é sempre acompanhada por 10 das melhores Bandas Americanas, entre elas Baker High School, Alabama; Highland High School, Arizona; Riverview High School, Florida; Lassiter High School, Louisiana; Mayfield High School, New Mexico; Corning Painted Post West High School, New York; Warren G. Harding High School, Ohio; Dobyns-Bennett High School, Tennessee and Waukesha North High School, Wisconsin.
O mais divertido foi depois comprar o jantar, começando pelo perú, que trazia uma indicação na embalagem que dizia:- Criado sem stress, o que levou o meu filho a comentar sarcasticamente:- Pode ter sido criado sem stress, mas morreu na mesma, coitado!
E depois queria eu cozinhasse o pobre do bicho à maneira portuguesa, o que recusei, claro.
Mesmo assim, comi só os acompanhamentos e sobremesas, e confesso que senti um dó imenso pelos milhares de perús que foram “papados” nesse dia, por toda a América.
Como costumo dizer, é impossível descrever a Parade, ou passar-vos o sabor e cheiro das comidas, mas deixo-vos as imagens.
Enjoy!

Myspace Graphics

To my son and american family

26 November 2008

( 3 ) ESTE COMENTÁRIO DAVA UM POST



É sabido que Tretas normalmente são coisas sem grande importância e a que ninguém liga.
Mas como tudo na vida tem excepções, eis que existe um blog chamado TRETOSO MOR e que é tudo menos uma Treta.

O seu autor faz uma espécie de crítica social, estando sempre em cima dos acontecimentos mais escaldantes ou ridículos, quer se passem em Portugal ou no estrangeiro.

Só que critica-os com um humor muito especial, criando um vocabulário muito original e imaginativo, sobretudo a nível dos nomes próprios.

É um humor que não recorre ao palavrão ou à ordinarice. Quando muito à breijerice.

Também os seus comentários são eivados de humor.

Mas, espanto dos espantos, eis que descubro que também a escrever "a sério" o faz com qualidade e sensibilidade.

Aqui ficam dois que me deixou nos posts Beijos e Escrevo porque Escrevo, respectivamente:



Veludinho,

Beijar...

Beijar, é sentir na boca a onda de desejo pelo outro;

Beijar, é sentir na nossa boca quanto somos desejados;

Beijar, é sentir nos lábios a ternura que se quer dar;

Beijar, é sentir no toque o coração do outro;

Beijar, é... sentir o outro!

Hummm!... Beijar!...

Tretices em forma de beijo azul para ti.



Veludinho,

Escrever o que sentimos é falar para connosco, para que mais tarde alguém nos possa compreender.

Escrever, é desabafar aos ouvidos de uma folha em branco, pela voz de uma caneta.

Escrever, é deixar a raiva amordaçada, nas palavras espalhadas pelas linhas de um papel.

Escrever, é dizer que o Amor existe, em silêncio, mas da forma mais sublime:

Simplesmente, escrevendo-o.

Tretices azulinhas para ti


Agora digam lá: não davam um post?

Obrigada Tretoso Mor.

25 November 2008

O PRÍNCIPE


Isabel sempre sonhou em casar. Aos seis anos, qualquer toalha de mesa se transformava num vestido. Aos nove, obrigava os meninos do colégio a subir ao altar. Cada dia era um. Para poder escolher.
Ficava horas a imaginar o seu príncipe. Ele até variava no tipo: podia ser louro, moreno, grande ou pequeno. Mas sempre montado num cavalo branco e salvava-a de um perigo.
E invariavelmente, terminavam na igreja.
Quando começou a namorar, assustava os meninos. Logo no primeiro encontro já queria decidir o nome dos filhos. Para perder a virgindade foi uma novela mexicana. Ela queria casar pura, mas percebeu que isso podia demorar demais.
Por isso escolheu a dedo. Só poderia ser com aquele. Esperou que os pais fossem viajar, comprou velas, vinhos, incensos. Claro que não foi bom. Mas espalhou que foi perfeito.
Na faculdade, começou a namorar sério. Fez até o enxoval. Sem ele saber, obviamente. Tudo corria às mil maravilhas. Até o namorado descobrir que ela tinha reservado a igreja. Quase acabaram tudo. Mas só acabou de vez mesmo, quando ela começou a pensar em pagar a prestações o vestido de noiva.
Já estava a ponto de desaminar.
Aí “Ele” apareceu. Era sueco. Loiro, alto. Perfeito. O príncipe encantado. Apaixonaram-se imediatamente. Com medo de o perder evitou falar em casamento. Nem acreditou quando ele tocou no assunto. Como ia regressar a casa, casar era a única forma de continuarem juntos. Combinaram tudo. A cerimónia seria daí a dois meses. Foram os dias mais felizes da vida dela. Queria que tudo fosse exactamente como sonhava. Reservou a igreja, mandou fazer o vestido, compraram as alianças. Convenceu o pai a pagar a festa. Para estar em forma começou um regime radical. Só comia, alface, brócolos e ovos cozidos.
Isto sem falar nas decisões a tomar. Largou o emprego, vendeu o carro. Agora só faltava o sim.
A uma semana do casamento, começou a sentir-se estranha. A empolgação tinha acabado. Não conseguia dormir. Não queria comer. Estava triste como nunca se sentira na vida. Achou que fosse uma coisa passageira. Mas piorou. Não parava de pensar que tudo ia mudar para sempre. Ia tornar-se esposa. Acordar com ele todos os dias. Ter filhos.
Na véspera do grande dia, entrou em pânico. Num acto que misturou ousadia e desespero, terminou tudo.
O namorado ainda riu. Achou que fosse brincadeira. Não era.
Depois de uma vida dedicada às bodas, concluiu que não queria.
De nada adiantaram as súplicas dele. Nem a vergonha da mãe ou o prejuízo do pai que já tinha pago tudo adiantado. Ela estava decidida. E assim foi.
Durante meses a fio, o assunto casamento ficou proibido. Se alguém perguntasse o que tinha acontecido ela virava as costas.
Mas aos poucos a poeira foi baixando.
Quando deu por si, já estava novamente a fazer planos. Imaginando seu príncipe. Mas agora ela sabia do que realmente gostava.
Era de sonhar.

24 November 2008

BEIJOS


"Ok: A gente quer encontrar alguém bonito, inteligente e espirituoso, alguém que não seja muito exibido nem vaidoso demais, que tenha um papo cativante e esteja parado na nossa. Mas e se beijar mal? Sem chance. Tem que beijar bem, tanto eles quanto elas.
Quando escuto alguém dizendo que Fulano beija bem e Sicrano beija mal, quase volto a acreditar em histórias da carochinha.
Beijo é a sorte de duas bocas entrarem em comunhão.
Pode um Rafael beijar uma Ana e ser uma explosão vulcânica, e o mesmo Rafael beijar uma Cristina e ser um encontro labial de dar sono.
Pessoas não beijam bem ou mal: casais se beijam bem ou mal. Há sempre dois envolvidos. A definição de um beijo bom é que pode ser questionável, mas quem está no meio do entrevero quase sempre reconhece o ósculo sublime.
Beijo bom é beijo decidido, mesmo que a decisão seja levá-lo devagar ao longe.
Beijo bom é beijo molhado, em que os beijadores doam tudo o que há para doar na cavidade bucal, sem assepsia, entrega absoluta.
Beijo bom é beijo sem pressa, que não foi condenado pelos ponteiros do relógio, que se perde em labirintos escuros já que, é bom lembrar, estamos de olhos fechados.
Beijo bom é beijo que você não consegue interromper nem que quisesse.
Beijo bom é beijo que não permite que seu pensamento tome forma e voe para outro lugar.
E, por fim, beijo bom é o beijo que está sendo dado na pessoa por quem você é completamente apaixonada.
Existe beijo ruim? Existe. Beijo sem alma, beijo educado demais, beijo cheio de cuidados, beijo curto, beijo seco.
Mas uma coisa é certa: precisa dois para torná-lo frio ou torná-lo quente.
Todo mundo pode beijar bem, basta nossa boca encontrar com quem."

Martha Medeiros

23 November 2008

( 5 ) PORQUE É FIM DE SEMANA

Todos sabemos que álcool em excesso faz mal à saúde. Só não sabemos a figura que fazemos quando cometemos os tais excessos.

Então observem:




APÓS 6 CERVEJAS


APÓS 2 TAÇAS DE VINHO



APÓS 2 GARRAFAS DE VINHO... COMPARTILHADAS, CLARO!


APÓS ALGUNS WHISKIES


APÓS 1 SESSÃO DE CAIPIRINHAS


APÓS 7 CUBA LIBRES


APÓS 2 CAIPIROSKAS DE VODKA DUPLA

APÓS 1 GARRAFA DE TEQUILLA
Pois é. Agora que já viram, lembrem-se:

Se têm animais de estimação, cuidado com as garrafas!

22 November 2008

DOCE VINGANÇA


- Mónica, eu tenho uma amante - foi assim que ele disse.
A seco. Sem mais delongas. O almoço servido, a esfriar na mesa. E o silêncio. Cortava-se à faca.
Depois continuou:
- Estamos juntos há seis meses. Ela é 20 anos mais nova que tu.
Mónica permanecia imóvel. Nenhuma reacção, nenhuma expressão. Nem sequer um gemido. Nada.
Ernesto não sabia o que fazer. Estava preparado para qualquer reacção, mas não para esta indiferença. Esperava gritos, lágrimas, ofensas.
Havia até mudado um vaso de lugar para o caso da mulher resolver agredi-lo.
Ele pigarreou, tentou assobiar alguma coisa. O tempo não passava. Começou a suar frio. Pensou em levantar-se e ir-se embora mas não teve coragem.
Aos poucos foi perdendo o controle. As idéias embaralhavam-se. Nada fazia sentido.
Desistiu.
Entre lágrimas começou a falar:
- Desculpa Mónica. Eu sou um traste. Perdoa-me, por favor. Ela não representa nada. É uma vadia, uma qualquer. Eu errei, admito. Mas posso mudar. Eu vou mudar. És tu que eu quero. Eu amo-te, Mónica. Mónica, eu amo-te!
Nesse momento ela sorriu. Os anos de sofrimento haviam acabado. O silêncio não era de tristeza, mas de alívio. Mónica sentiu-se redimida, completa.
A felicidade era tanta que ela resolveu falar. E como falou.
Falou àcerca de todos os seus amantes. Do porteiro, do professor de francês, do personnel trainer, do melhor amigo dele.
Falou das tardes de terça, das manhãs de quinta e até da rapidinha com o barman, durante a lua de mel.
Disse que o amava, que o perdoava e que compreendia tudo.
Mónica só não entendeu a reacção dele. O porquê dos gritos, dos palavrões. Daquele vaso que ele lhe atirou à cabeça.
Quando o pedido de divórcio chegou pelo correio ela percebeu que a coisa era séria. E pensou alto:
- Como os homens são estranhos...

21 November 2008

ESCREVO PORQUE ESCREVO


Vai chegando a noite e sinto vontade de escrever, não sei exactamente porquê. E não sei também o quê. Aqui acabam saindo palavras desconexas...Palavras que penso e sinto... Sem sentido quando no papel, mas na minha cabeça montam perfeitamente o quebra-cabeças que ninguém consegue terminar.
Textos feitos a meio da madrugada, acompanhados pelo escuro da noite e do silêncio onde só se escuta o arranhar da caneta no papel. A música que acabei de ouvir ainda zunindo na cabeça não me permite ouvir os meus pensamentos. A mão descontrolada, escreve à rapidez da luz para não perder nenhum detalhe. Os olhos não piscam e o coração dentro do peito parece apertado, batendo ao ritmo de vários pensamentos que parecem não ter lógica. No meio de turbilhões de emoções, aperto com força a caneta nos dedos devido à velocidade das palavras despejadas e a respiração finalmente volta ao normal. E aí está mais um sentimento que passou e teve que ser escrito por não caber em mim.
Um texto sem rima, sem forma de poema e sem fio condutor.

19 November 2008

( 24 ) NÃO RESISTI

myspace comments

18 November 2008

AMIZADES VAZIAS


- Olá! Tudo bem?
- Sim. E você?
- Também. Que tem feito?
- Nada de especial... o costume...(e meia hora depois de nada dizer, desligamos o telefone).
Fica sempre um gostinho estranho na boca. Vontade de falar a verdade. De dizer: sei lá. Acho que estou bem, mas confesso que não tenho lá muita certeza. Aprofundar algumas coisas, de perguntar outras tantas... Mas, se calhar, não estamos preparados para isto - intimidade.
Pôr-nos do avesso e ver o que por ali anda.

Limito-me ao como vai, porque se avanço, entro em águas demasiado profundas e há sempre o medo de não ter volta. Assim, calo-me, dizendo muito sem nada dizer realmente. Sem dizer nada de profunda e intensamente meu.
A intimidade assusta porque implica divisão e revelação. Pois não se enganem: a intimidade é uma estrada de dois sentidos que exige, para existir, um retorno. E este retorno implica mostrar, às vezes, que não há nada hoje para nos mostrarem. Só um grande e incómodo vazio.
É por isso, que há muito, deixei de escrever cartas.
Talvez amanhã.

17 November 2008

( 4 ) NOVA IORQUE, MEU AMOR

Vista da janela do meu quarto, nessa manhã.
(Foto minha)
A manhã amanheceu como todas manhãs de domingo em Nova Iorque, após um nevão nocturno.
Deitada na cama e coberta com um edredon de penugem de pato fiquei a olhar para a paisagem que via pela janela do quarto.
Da rua, de quando em vez, vinham os sons das sirenes dos carros de polícia ou bombeiros, tão habituais que os nova-iorquinos já nem as ouvem.
Em casa, vinha uma música calma do quarto do meu filho e da cozinha, uma mistura dos cheiros habituais do pequeno-almoço que ele sempre preparava aos domingos: batido de frutas e fibras com leite de soja, panquecas com syrop de Vermont, muffins integrais de blackberry.
Toda esta paz foi interrompida por um enérgico:
- Bom dia, Mom. Toca a levantar para irmos correr.
Encolhi-me ainda mais debaixo do édredon:
- Correr? Com este frio?
- Ó mãe, a correr o frio passa.
- Só se for o percurso pequeno.
- Está bem. Mas com uma condição: tem que acompanhar o meu ritmo. Nada de parar.
Não tenho saída, pensei eu, enquanto me levantava, qual tartaruga a quem pesa a casinha.
Depois do lauto pequeno-almoço, que a bem da verdade foi mais um brunch devido à hora, ficámos um bom bocado a conversar, lemos as "gordas" dos jornais, e pelas 3 da tarde equipámo-nos com os fatos, os gorros, os cachecóis, as luvas e saímos directos a Central Park.
O frio cortava, mas quando chegámos ao parque, este encontrava-se cheio de gente que corria, andava de patins, de bicicleta, enfim, com frio ou calor, aquele parque vive.
Embora concentrada no esforço de acompanhar o passo dele, coisa deveras difícil, a certa altura percebi que ele não estava a seguir o percurso combinado.
Para quem o conhece, sabe que isso é estranho, dado que quando combina algo não se afasta um milímetro daquilo que combinou.
- O que aconteceu? Porque está a ir por outro caminho?
- Porque sim.
Esta não é uma resposta normal nele.
- Mas porque sim, porquê?
- Mãe, é melhor não irmos por aí.
Percebi que algo de muito estranho se passava. Olhei à minha volta e percebi que todas as pessoas perto de mim, estavam paradas com os olhos fixos na outra margem do lago à volta do qual corríamos.
O lago, imenso, estava todo coberto de uma fina camada de gelo, excepto num ponto, onde de segundo a segundo, uma cabeça negra, que percebi pertencer a um labrador, emergia e desaparecia. Na margem, um grupo de pessoas agarrava a dona que desesperada gritava:
- Come on Winnie. You can do it.
Num àpice percebi o que tinha acontecido. Winnie andava a passear com a dona, quando deve ter corrido para cima do lago, sendo que a camada de gelo não aguentou o seu peso e o desastre aconteceu: o gelo partiu-se e ele mergulhou na àgua gelada. Rodeado de gelo, não conseguia sair do mesmo sítio, pois de cada vez que tentava subir para o gelo, este partia-se e ele afundava-se de novo.
Como que ensaiados, todos os presentes começaram a gritar a uma só voz:
- Come on Winnie. You can do it.
Mas a verdade, é que o tempo que ele levava a emergir e desaparecer começou a aumentar. Estava a ficar cansado, gelado e seguramente muito assustado. A dona desesperada. Ao meu lado, um casal de jovens, deu as mãos e começou a rezar.
Eu nem sentia o frio. A minha aflição era imensa.
Não é possível que isto acabe assim. Estamos em Nova Iorque. Alguém faça alguma coisa. Ele não vai aguentar. Não vai.
Quando me virei para dizer isto ao meu filho, apercebi-me que ele tinha desaparecido.
Noutras circunstâncias teria ficado aflita, mas naquele momento toda a minha aflição estava concentrada na cabeça que levava cada vez mais tempo a reaparecer.
Uns minutos depois, vi chegar ao pé de mim um carro da polícia, de onde sairam dois polícias e o meu filho, que com um ar determinado veio ter comigo:
- Pronto, Mom, I already gave my two cents.* Let's go.
- Só saio daqui quando o Winnie estiver a são e salvo.
- Mãe, é pouco provável que isso aconteça. Vamos embora.
- Não.
Ele desistiu. Percebeu que eu não sairia dali antes do fim. Só rezava para que o fim não fosse mesmo o FIM.
Entretanto, os gritos de incentivo continuavam, mas percebemos que a vida de Winnie estava por um fio. Havia alturas em que quando desaparecia levava tanto tempo a reaparecer que todos prendíamos a respiração.
Foi nesse momento que vimos chegar ao pé da dona vários carros da polícia e uma ambulância (!). Pensei que era para a dona, caso tudo terminasse mal.
A essa altura eu já tinha as lágrimas a correr pela cara.
Um polícia, com todo o cuidado, poisou uma escada magirus em cima do gelo, tentando que chegasse ao pobre animal e que ele a agarrasse.
A esperança durou pouco. O gelo partiu-se, a escada afundou-se e Winnie desapareceu.
O silêncio era absoluto, o que era absolutamente inacreditável com as mais de uma centena de pessoas que ali se encontravam.
Foi então que um dos polícias tirou o blusão de cabedal atirando-o para o chão, o cinto de onde pendiam a arma e as algemas, descalçou as botas, e só com o bastão nas mãos atirou-se para cima do gelo que cedeu ao seu peso.
Com o bastão foi partindo o gelo até chegar ao sítio onde Winnie tinha desaparecido.
Mergulhou e desapareceu.
Não sei quanto tempo levou a aparecer, mas quando surgiu trazia Winnie que não se mexia. Com dificuldade trouxe-o até à margem, onde assim que chegou carregou com ele para dentro da ambulância.
A mesma, era afinal para o cão! Tinha um desfribilador, tudo o necessário para reanimar o animal que estava em hipotermia, um médico veterinário e dois enfermeiros...
Passados 10 minutos informaram com um megafone que Winnie estava salvo e bem.
Central Park explodiu numa salva de palmas. Pessoas que nunca se tinham visto abraçavam-se e riam.
- Então e se agora fossemos comemorar? - ouvi o meu filho dizer com a voz que usa quando prepara uma marotice.
- Comemorar?
- Claro. O facto do Winnie se ter salvo.
- Ah, boa. E vamos onde?
- Ora Mom, ao Oak Bar. Umas sandwiches de salmão fumado em pão de centeio, champagne e cheese cake.

Tecto do Oak Bar

Desatei a rir. Sabia que a comemoração me ia sair caríssima. Mas que diabo, a ocasião merecia, e estávamos em Nova Iorque.

Vestidos da forma mais "casual" possível, entrámos no Oak Bar** onde os visons abundavam. Mas ali, cada um veste-se como entende. Ninguém repara.
Com éramos só dois, rapidamente arranjámos mesa e pedimos o nosso lanche.
Na mesa ao lado, uma rapariga, enquanto bebia o seu chá, fazia tricot furiosamente.
Tinha nascido uma nova moda que em breve iria espalhar-se pelo mundo.
Mas isso, fica para outro dia.
Vejam bem na aventura em que se transforma uma simples corrida.
Desde que seja em Nova Iorque, claro.


* Expressão idiomática que significa: Já fiz aminha parte.

** O Oak Bar é um ícone de Nova Iorque. Fica no Hotel Plaza, outra referência nova-iorquina. Em 2004 foi vendido a um grupo àrabe, já que o hotel não estava a dar lucros, para ser transformado num hotel com 282 quartos, 181 apartamentos residenciais e um centro comercial de luxo.
Por imposição estabelecida no contrato de venda, o edifício manteve exactamente a mesma fachada, os quartos têm o mesmo aspecto que tinham em 1907 quando o hotel abriu, e o tecto do Oak Bar que foi removido durante as obras, foi colocado exactamente como era.
O hotel reabriu em Março deste ano.

16 November 2008

( 4 )PORQUE É FIM-DE-SEMANA

Photobucket



Olhem só que coisa mais gira.
Carreguem aqui e depois no sítio de mensagem digitem o vosso nome ou outra palavra que queiram.
"Ele há coisas".
Enjoy!

15 November 2008

MÃE SOFRE...


Quando o meu filho foi para Nova Iorque fazer o MBA passava os dias enfiado na Universidade nas aulas e às vezes uma boa parte d anoite a estudar.
Com a diferença horária era praticamente impossível falar com ele durante a semana, como eu queria, ou seja, vendo-o na webcam.
Por isso, marcávamos ao fim-de-semana e era um verdadeiro ritual.
Primeiro porque ele é maníaco com as horas, e portanto se marcávamos às 9, não era nem às 5 para as 9 nem às 9.05.
Depois, porque toda a família queria vê-lo e falar ao mesmo tempo.
Felizmente que durante esses anos passei mais tempo lá que cá, senão tinha amalucado de vez.
Agora, por via da profissão que escolheu tem o computador ligado ( vários até ) todo o dia.
E, volta e meia aparece e começa a falar comigo.
Essas conversas, às vezes são hilariantes, como esta que aconteceu hoje.
Para perceberem melhor a graça, tenho que explicar 2 coisas:
Uma que ele tem uma fé cega no que digo. Daí que, por exemplo, em pequenino odiava grelos. Eu dava-lhos mas dizia que eram pequeninos, grelóides, e ele, embora desconfiado comia-os. Ou ovos estrelados. Eu virava-os ao contrário e dizia que eram assados e ele adorava.
A outra é que é tão organizado, mas tão organizado, que todos os compromissos dele ou seja o que for que não quer esquecer, está marcada na Palm dele.

F: Califórnia here I go in 2 hours. só para dar um bj
2:58 PM me: então hoje só trabalha de manhã. Isso é q é sorte
3:00 PM F: poix
me: Sortudo. Tem que me agradecer ter nascido com o rabinho virado para a lua
F: como assim?
me: porque é o tipo com mais sorte que conheço na vida e isso foi de ter nascido assim
3:02 PM F: como é que nasci?
me: de rabo virado para a lua, às 6 da manhã e isso dá sorte
3:03 PM F: ou seja qd saí de dentro de si, o médico virou o meu rabo para a lua, dentro da sala de operacões? Tou a tentar perceber para fazer igual com os meus filhos
me: Iac iac iac
sim, eu estava virada para a lua
3:04 PM F: ou seja, é só ver onde está a lua e ter a cabeça virada para esse lado?
me: a cabeça não, palerma, a pipirica
3:05 PM F: ah
me: Maluco
Fanu: e tem que ser às 6am?
me: não, mas convém q o sol ainda não tenha nascido, por isso é q combinei com o médico de nascer durante a noite
3:06 PM F: e interessa a fase da lua?
me: não deve ser lua nova, de preferência lua cheia ou quarto crescente
F: ok. entendido
3:07 PM vou colocar na palm!
me:Hi, hi, hi
3:08 PM a mãe espere um bocadinho que estão a chamar-me para uma reunião.
..........................................................................................................................................................................
3:39 PM : acabaram de despedir 4 aqui. Eu fico, e vou ter bónus, mas menor q o ano passado. ufffffffffffffff
3:41 PM me: mas já sabia disso? já sabia q iam despedir?
F: soube neste momento
me: ai Valha-me Deus, que aflição
Fanu: Ó Mãe, as coisas em Wall St são sempre decididas ao segundo. E isso é que é giro. A adrenalina....
me: ......

Não sabia se ria da 1ª parte da conversa, se chorava por causa da 2ª, mas que mãe sofre, ah, isso sofre!

14 November 2008

( 4 ) VENHA DE LÁ UMA IMAGEM

Respondendo ao DESAFIO que lhe fiz, a Patti que é uma mãos largas, em vez de uma, mandou-me 4 imagens com as legendas respectivas.
Ora vejam que bonito:



A do coração representa o amor que ainda há-de vir para a tua vida


A dos enfeites azuis a alegria e as gargalhadas de alguns dos teus posts


A do pé na água, o aproveitar o que a vida nos traz. Em grande, mas muito mais nos dá de pequeno.



A das sabrinas a menina que ainda tens em ti.

Tudo em Blue Velvet, claro.

Espero que gostes, porque foi escolhido com cuidado.
Pois Patti, adorei.
Quer as imagens quer as legendas.
De tudo, só posso garantir que sempre usarei as sabrinas, porque sempre haverá uma menina em mim. E que serão sempre em Blue Velvet.
O resto, "qui vivra, verra".
Muito obrigada, vizinha e comadre.

13 November 2008

DE MÃOS DADAS


“He will shield you with His wings.
He will shelter you with His feathers.”

(Psalm 91:4)
Há 15 dias o meu pai foi sujeito a uma intervenção cirúrgica para remoção de uma catarata. Embora estivesse assustado não o mostrava, e só quando a enfermeira lhe disse para tirar a aliança de casamento que usa há cinquenta e muitos anos, refilou com uma impaciência que não lhe é comum.
Lá foi, devagarinho mas muito direito, apoiado na bengala de que nunca se separa. Acho que sentir o punho encastoado em prata na palma da mão lhe transmite uma segurança que as pernas já trémulas, lhe negam.
Quando me chamaram para ir ter com ele à sala onde recuperava, encontrei-o falando animadamente com a enfermeira, mas quando me ajoelhei para ficar à altura do seu rosto, encostou a cabeça no meu ombro, e como uma criança, com voz de choro contido, murmurou-me ao ouvido:
- Custou tanto, filha.
Com os olhos rasos de àgua, ajudei-o a levantar e respondi-lhe como teria respondido a um dos meus filhos:
- Sim, mas agora já passou e vamos fazer um belo lanche.
Saímos da Cruz Vermelha e ao atravessar a rua para o parque de estacionamento, deu-me a mão e apertou-a.
Dei por mim a pensar em todas as vezes que atravessara a rua de mão dada com ele.
Eram as mesmas mãos. A minha e a dele.
Mas antes era a dele que me protegia, agora era a minha que o protegia a ele.
Fez 85 anos há dois dias e mesmo frágil como está, enquanto o tiver sei onde está o meu porto de abrigo.

12 November 2008

POST ABERTO À VIZINHANÇA


Quando criei o meu 1º blog no Vox, tudo o que queria era escrever.
Sobre os meus sonhos, as minhas experiências, as minhas viagens, as minhas indignações, emitir opiniões e escrever os meus textos.
Era como ter uma coluna num qualquer jornal, com a diferença que ninguém me lia.
De certa forma era um escape.
Com o passar do tempo, inconstantes que são as mulheres, apercebi-me que me aborrecia aquilo que antes me dava uma certa liberdade: o facto de ninguém me ler.
Daí que tenha mudado para o blogger.
Rapidamente a situação mudou e com essa mudança também eu mudei o cariz daquilo que escrevia.
Embora não criticando quem o faz, não sou apologista de passar para o blog a minha vida privada.
Fruto de um acontecimento muito grave e inesperado, a minha vida ficou de cabeça para baixo na passada semana e de repente, verifiquei, quer pelos comentários que me deixaram, quer pelos inúmeros mails que recebi, que embora escrevendo sem ser na 1ª pessoa, a vizinhança se apercebeu que algo não ia bem.
E compreendi, que estava a fazer do blog um repositório do meu estado de espírito.
Daí que resolvi deixar de escrever.
Mas, o facto é que não sendo o meu blog a minha vida, faz parte dela e sentia não só a falta de escrever mas também a falta de ler o que os vizinhos iam escrevendo.
Quero agradecer quer os comentários quer os mails que me enviaram e que muito me sensibilizaram, e também confessar que me admirou a ausência de alguns vizinhos.
Mas, qual espelho da vida, a net também nos dá desilusões.
Não posso deixar de referir uma amiga muito querida e uma mulher maravilhosa, que delicadamente e com uma grande sensibilidade, fez um post de propósito para mim.
Para ajudar até o canito resolveu meter-se no assunto e lançar um SOS para o espaço. Modernices!
Portanto, cá estou de volta, enquanto conseguir manter o estilo de blog que sempre tive.
A todos, os que deixaram vários comentários no mesmo post, os que ofereceram a sua ajuda, ainda que virtual, e os que me contactaram das mais variadas formas, o meu Obrigada.

11 November 2008

TOU RALADINHO

Estou mesmo descorçoado. Não sei o que se passa com a minha mãe. De há uns dias para cá, não dorme, não come e não brinca comigo. Até já arranquei alguns cabelos com a preocupação. Não sei que faça.

Já esperimentei fazer palhaçadas, que é uma coisa que resulta sempre, mas desta vez, ela nem olha para mim. E olhem que me dá trabalho ficar assim em pé, a pedir beijinhos.


Até fui buscar a minha bolinha para ela brincar comigo, mas nada.

Ouvi dizer que aqui no bairro, resolvem qualquer assunto.
Alguém me dá uma ideia?

8 November 2008

Medo


Tem cor? É escuro como breu?
Tem cheiro? A bafio?
Gela as veias? Tem longos braços ou gigantescas asas?
E de onde vem? Em que entranhas nasce?
E o que preenche?
Que lugar ocupa?
Paraliza? Ou catalisa?
E mata?

7 November 2008


Nos últimos dias, sinto-me como a Dorothy em 'O Mágico de Oz' , como se houvesse sempre uma Bruxa Má do Oeste cruzando o meu caminho...

6 November 2008

NAS NOITES EM QUE NÃO DURMO


Há noites em que não consigo dormir. Acordo com falta de ar e no meio da média luz do quarto sinto que a solidão é algo mais profundo do que qualquer um possa imaginar. É algo que corrói por dentro, sem nos darmos conta, como uma doença daquelas malignas que nos come bocado a bocado e depois não resta mais quase nada - só um grande, imenso e inevitável vazio.
E pergunto-me: porquê?
Que raio de programação foi essa que nos fizeram à partida que faz com que sejamos eternos "buscadores". Sei bem que o desejo é a falta,, que a busca é o que nos move e torna tudo mais vivo e intenso. Mas isso penso quando estou acordada e racional.
Nas noites em que não durmo, só sinto o peso de algo que não existe e que faz falta e que por isso mesmo, neste perverso paradoxo, me esmaga com as suas toneladas de nada, de esperas, de buscas e desencontros.
O dia acorda e atiro tudo, mais uma vez, para dentro da cama, para baixo dos lençóis, para fora do meu dia que prossegue e prossegue e prossegue...

5 November 2008

YES, HE CAN


MR. PRESIDENT
RACIAL BARRIER FALLS IN HEAVY TURNOUT
GOD BLESS AMERICA
Enjoy!

4 November 2008

CONTRA TUDO...A ESPERANÇA

Quer se goste dos Estados Unidos quer se ache que eles são os únicos culpados de todos os males do Mundo, numa coisa estão todos de acordo:
McCain é mais do mesmo, Obama pode ser ou não.
Não é segredo que apoio sem reservas Obama.
Usando uma frase batida, se a América espirra o Mundo apanha uma pneumonia.
Assim sendo, o facto de ele ser jovem, obriga-o a não ter ideia anquilosadas.
É um homem comum que o simples facto de chegar ao jardim da Casa Branca, mesmo que não entre, prova que o sonho americano é possível.
E é negro. Num país onde há menos de 100 anos ainda havia escravatura, prova que alguma coisa está a mudar ou já mudou naquele país.
Para mim ele representa o Futuro e a Esperança. Penso que assim é para quase todo o Mundo.
Para muitos é o Kennedy do século XXI.
Aqui fica um vídeo que no meu entender, vem a propósito.
Foi o último discurso dele antes de ser assassinado.

3 November 2008

EXPOSIÇÃO




Sou assim, duas de mim,
às vezes três,
sou uma pra cada mês,
diversifico-me.
Vivo num eterno conflito,
ora mostro ao mundo a minha dor,
ora só sei falar de amor.

A mais romântica,
melodramática,
estática e nervosa,
carente e decadente,
vingativa e inconsequente.

Quando menos percebo,
transformo-me num ser cheio de medo,
no minuto seguinte,
no papel de mulher fatal,
sou a tal.

Então, sou dona do mundo,
segura e destemida,
rasgo os meus segredos,
os meus medos ao meio,
exponho-os.

Conto o que ninguém tem coragem de falar,
explico em detalhes o que nem é bom lembrar,
sou assim,
várias de mim,
sorriso por fora,
angústia a toda a hora,
por dento um tormento,
no rosto nenhum sofrimento,
no corpo, uma explosão de prazer,
nos olhos, o meu desejo deixo perceber!

2 November 2008

( 3 ) PORQUE É FIM-DE-SEMANA

NOVO DICIONÁRIO SEGUNDO JOE BERARDO



Photobucket
CAN'T: Significa que não está frio.
Ex: O café está can't.

CAN: Usado quando sofre de amnésia.
Ex: Can sou eu?

CREAM: Significa roubar, matar…
Ex: Ele cometeu um cream.

DARK: Significa generosidade, dar.
Ex: É melhor dark receber!

ICE: Expressão de desejo.
Ex: Ice ela me beijasse.

MAY GO: Pessoa dócil, afável.
Ex: Ele é muito may go.

MONDAY: Vocábulo usado para ordenar.
Ex: Ontem monday lavar o carro.

MUST GO: Vocábulo usado para mastigar.
Ex: Ele colocou a pastilha na boca e must go.

NEW: Sem roupa.
Ele saiu de casa new.

PART: Lugar para onde mandamos as pessoas.
Ex: Vá para o raio que o part.

PACKER: Prefixo que indica bastante.
Ex: Eu gosto dela Packer-amba.

PAINT: Artefacto para pentear.
Ex: Empresta-me o paint.

RIVER: Pior que feio.
Ex: Ele é o river!

TO SEE: Onomatopeia que representa a tosse.
Ex: Eu nunca to see tanto na minha vida.

1 November 2008

22 OLHARES SOBRE 12 PALAVRAS




A 23 de Março o Eremita lançou um Desafio a alguns bloggers que consistia em duas vezes por mês cada um dos aderentes compor um texto, prosa ou poema, utilizando 12 palavras escolhidas, incorporando-as adequadamente no seu texto.
As regras eram as seguintes:
- Os nomes serão ordenados por ordem alfabética e semanalmente pedirei, seguindo esta ordem, a três dos participantes que me indiquem três palavras cada um/a. Eu indicarei sempre as outras três que seguirão já no email;
-As palavras já utilizadas ficarão listadas e seguirão nos email’s em que se solicitam as 3 novas palavras;
PONTO ÚNICO - semanalmente um dos três convidados - seguindo sempre a ordem alfabética – receberá a informação de que, se o entender, poderá, ao escolher as suas 3 palavras recorrer a 2 palavras já utilizadas, nunca excedendo as duas palavra repetidas.
- As 9 palavras serão solicitadas respectivamente na 1ª e na 3ª terça-feira de cada mês;
- Serão devolvidas aos participantes na 1ª e 3ª quinta-feira de cada mês;
- Os participantes enviar-me-ão os textos – poesia ou prosa – até à 1ª e à 4ª quarta-feira de cada mês;
- A publicação/postagem dos textos recepcionados ocorrerá no 2º e no 4º sábado de cada mês.
Depois dos primeiros jogos, o jogo passou a ser mensal. Porque este desafio me apanhou em cheio numa mudança de vida profissional que me ocupou muito do meu tempo, só consegui participar nos 2 primeiros jogos.
Mesmo assim tiveram a gentileza de incluir numa das badanas do livro um excerto de um dos meus 2 textos, gentileza essa que agradeço sensibilizada.
Mas, os outros continuaram, e surgiu a ideia de publicar em livro os textos de todos os jogos.
Assim sendo, este post não tem outra finalidade que não seja divulgar um trabalho de muita qualidade, em que o espírito de equipa foi notável, e o próprio livro que merece uma leitura atenta.
O livro está pronto e vai ser apresentado no Porto a 22 de Novembro pelas 16H00, no Palacete dos Visconde de Balsemão e em Lisboa a 5 de Dezembro às 19H30 na Livraria Barata.
A TMARA fez inclusivé um blog só sobre o livro. Podem consultá-lo aqui .
Alguns dos participantes são visitas antigas do meu blog, outros não.
Todos escrevem fantasticamente.
Comprem o livro e verão.

Um dos dois textos com que colaborei foi este, sendo que as palavras a bold eram as obrigatórias:


Não me falem do Outono
e de suas folhas caídas.
Muito menos do Inverno
com frio, chuva,
vento e tempestade.
E mesmo a Prima Vera
é só isso.
Uma prima.
Tudo pela metade.

Sou de países quentes,
sou de paixões,
sou de sol e
sou de mar.
De noites abafadas
e céu estrelado.
E de azul.
Um azul imenso.

Sou de céu.
Sou de mar,
Sou de sol
E dos teus olhos
que me chamam
e me guiam,
e iluminam,
como um Farol.

Foi numa noite assim
que chegaste.
E vieste
de mansinho
e me tomaste,
e me amaste,
e aquele amor que vivemos,
avassalador,
nem o tempo,
nem o distanciamento
abrandaram dele
o calor
que a fusão
dos nossos corpos
provocou,
no comungar
do êxtase
apenas amortecido
no descanso
do amor vivido.

Sou de céu.
Sou de mar,
Sou de sol,
Sou de amor,
e o erodido tempo,
só fará aumentar
o seu calor.

Sou de céu.
Sou de mar,
Sou de sol,
Sou de amor.