3 September 2009

LEVE


Quem me conhece e julgo que também quem me lê, sabe que não morro de amores por MST.
Quem me conhece sabe porquê.
Mas, às vezes escreve coisas muito acertadas como diria a tia Sofia, que na altura dos meus dez anos ainda não se chamava Sophia.
Enfim, adiante.
Encontrei há dias este escrito dele. O assunto era outro mas retirei esta parte, já que a política cada vez me interessa menos além de me fazer mal à saúde.
Garanto que o facto de estar fora do contexto, não retira em nada o sentido que lhe quis dar.

"Ultimamente tenho sido industriado num conceito novo sobre a vida que é também uma filosofia de vida: ser "leve". Ser "leve" é o contrário de ser "pesado", é, parece, a capacidade de levar as coisas sempre de uma forma ligeira, de não se preocupar demasiadamente com nada nem dar demasiada importância a coisa alguma. Aconteça o que acontecer, façam o que fizerem, as pessoas "leves" levam tudo na despreocupada: nada deve ser suficientemente grave ou importante para que deixem de rir e de sorrir todo o tempo e em todas as circunstâncias. Trata-se de um conceito moderno e urbano, que a mim me deixa um pouco baralhado, até porque nos últimos anos tenho aprendido a preferir cada vez mais a chuva no campo do que os dias cinzentos na cidade. É verdade que os portugueses sorriem pouco e que sorrir faz bem à saúde e torna as pessoas mais bonitas. Mas lembro-me de a minha mãe dizer que os que vivem eternamente felizes e despreocupados, sempre a rir ou a sorrir, ou são parvos ou são inconscientes. Sim, porque é difícil distinguir onde acabam as virtudes de ser "leve" e começa a estupidez de ser leviano. A fronteira não é clara e há-de ser estreita.

Mas de uma coisa estou certo: só se pode levar as coisas numa "leve" quando se tem condições para tal. Quem vive em quadros de miséria e carência, quem tem da vida urbana uma paisagem de subúrbios desumanizados, quem tem problemas sérios de saúde, quem viu morrer um filho ou alguém muito próximo e amado, quem viu morrer uma após outra todas as ilusões, ou não é "leve" ou anda a Prozac.
Poder ser "leve" é um privilégio, não toca a todos."

Miguel SousaTavares
Janeiro de 2009


Já agora esclareço que este texto não consegue responder a uma pergunta que me persegue há anos: porquê que os estúpidos são mais felizes que os inteligentes? Será por pensarem menos? Por terem menos dúvidas? Por fazerem menos perguntas? Ou por serem mais leves?

10 nhận xét :

ematejoca said...

Senti uma leveza muito agradável ao saber do teu regresso, Blue Velvet!

Estou baralhada: essa tua tia Sofia, a que te referes, é a mãe dele?

Achas que os estúpidos são mais felizes que os inteligentes?
Eu acho, que os mais instruídos sabem expressar melhor a sua infelicidade.

Bom, já é muito tarde para falar sobre "Felicidade", que para mim é um termo muito abstracto.

Tem sonhos muito leves, Veludinho!

salvoconduto said...

Podes crer que com este post e o anterior fiquei mais leve e digo isto porque sabes bem o significado desta leveza. Quanto ao MST, tem dias, às vezes só sai asneira, mas isto sou eu a falar, que sou um bocado pesado...

Abreijos.

anamar said...

Gostei do seu texto... mas "estupidos"...é um pouco forte...
Há os simples, os menos informados..., porque a estupidez é outra coisa...
Abracinho..
:))

mjf said...

Olá!
Concordo com o texto do MST.
Actual e verdadeiro.
Hoje em dia, quem tem dois neurónios, e pensa um pouco, pode ser leve uns dias...mas será ansioso, triste e stressado na maioria dos outros:=(((
Mas isto sou eu a pensar em voz alta:=)))


Beijocas
Gostei de te ter de volta

Si said...

A vida tem sobressaltos e montanhas difíceis de escalar, que nos arrancam sangue, suor e lágrimas, sobretudo quando os avanços são muito inferiores aos retrocessos.
Cada um sabe o tamanho da sua dor e a vontade que terá ou não de sorrir, apesar de que, em qualquer situação, e isso já eu aprendi, sorrir é sempre de borla, por isso, porque não??

Pitanga Doce said...

Para responder a tua pergunta eu diria que se isso fosse uma prova, "as quatro alternativas acima estão certas". Já para descontrair mais um pouco, eles não andam a Prozac. Tomam Red Bull que dizem "te dá asaaas"!

PS:Por coincidência, ontem no Metrô, vinha uma senhora ao lado a ler e estiquei (educadamente, é claro) os olhos e era Equador. Hoje chego aqui e vejo este texto dele.

Já a Margarida Rebelo diz "não sejas densa".

Há dias, e como diz a Si, rir é de graça.


Bem vinda, Blue, e espero que venhas pra ficar.

Pitanga Doce said...

TEM ESTE DOCUMENTO A FINALIDADE DE CONVIDAR V.Sa A COMPARECER AO BLOG PITANGA DOCE PARA VER A SUA PRAIA E OUVIR TOQUINHO E VINÍCIUS CANTANDO "TARDE DE ITAPOÃ".

DESDE JÁ APRESENTO MEUS CUMPRIMENTOS, AGRADECIMENTOS E OUTROS ENTOS.

ASS: PENÉLOPE CHARMOSA!

Justine said...

BV, quem te disse - ou como concluiste - que os estúpidos são mais felizes que os inteligentes?
E que estúpidos? Creio que temos de ser um pouco cautelosos com estas generalizações. E mesmo generalização, não concordo nada com ela.

Patti said...

Olá Bluezita, sabes, não concordo em pleno com esta visão da Sofia de que os que levam a vida a rir ou são parvos ou inconscientes.
Tirando, naturalmente, da equação os casos extremos de miséria, morte, doença, privação de qualquer tipo, perseguição e outras que tal, acho sim que devemos levar a vida mais a sorrir do que levamos na realidade.

Somos macambúzios, agoirentos, sofredores sem causa e razão, melancólicos por natureza, queixosos por vício e isso sim é que é ser-se parvo, inconsciente e pior,totalmente errados na forma de se viver.

A vida é um instante, tão rápido e tão frágil que se a encaramos assim é porque ela foi um desperdício.

Acho que sim, que devemos fazer um esforço para sermos ais 'leves', mais selectivos e guardar para nós só aquilo que nos é benéfico.


Pronto, mas isto sou eu, que acho o inverno, o nevoeiro e o frio totalmente inspiradores, ahahahhahahhah. Uma optimista, portanto.

Beijinhos :)

Gata2000 said...

Porque não têm expectativas, e não as tendo não se desiludem nem se massacram quando não realizam o que esperavam.

Gostava de ser leve! Ou estúpida, a vida seria tão mais fácil de levar.