2 October 2007

SOLARIS - A LOVE STORY


Não gosto de filmes de ficção científica.
Não os vejo, portanto.
Adoro cinema mas os filmes têm que ter a ver com a realidade da vida: com as emoções, os medos, as interrogações, os dramas com que somos confrontados todos os dias. Realidade e ficção são conceitos antagónicos.
Por isso, de ficção não científica, devoro todos os James Bond que vejo com o mesmo prazer lúdico com que vejo desenhos animados.
Há 2 noites fui atacada por uma insónia o que me levou a ligar a televisão, aparelho de que não sou muito fã.
E o que vejo no écran?
O homem considerado mais sexy do Mundo, George Cloony, nú.
É verdade.Nú e em plena cena de amor.
Sentei-me na beirinha da cama olhando hipnotizada para o écran.
Passado um tempo, apercebi-me que estava reclinada nas almofadas, absolutamente focada no filme.
Não o tinha visto quando passou nos cinemas por ser anunciado como de ficção científica.
Mas nada mais errado. Aquilo que vi foi uma história de amor invulgar, obssessiva e soberba.
Solaris é um remake do filme soviético de 1972 com o mesmo nome, baseado no livro do autor polaco Stanislaw Lem.
Steven Soderbergh fez em 2002 uma nova adaptação do livro e um novo Solaris.
É um filme misterioso, perturbador, forte e lindo.
Solaris é um golpe de génio de Soderbergh.
Desde o princípio que não é um filme acerca de máquinas ou monstros.
É um drama psicológico acerca do amor e da morte. Da realidade e do sonho.
É uma assustadora obra de arte e seguramente um dos mais belos filmes que já vi.
Independente das questões que nos coloca acerca da vida e da morte, as 2 perguntas mais importantes do filme, pelo menos na minha interpretação são:
- Tendo perdido, por morte, alguém que amávamos com loucura, estaríamos nós dispostos a recuperar a presença dessa pessoa, igualzinha à outra fisicamente, com as mesmas emoções, os mesmos hábitos, a mesma forma de estar, embora sabendo que ela é um clone, ou uma criação corporizada pelo nosso desejo, a nossa dor e as memórias que temos dela ou mesmo, um ser de outro planeta que tomou a sua forma?
- Faria diferença para nós que esse encontro fosse na Terra, vindo ela ter connosco, ou aceitaríamos partir para o desconhecido para não a perder?
E por fim o corolário do filme: A morte não tem como vencer o Amor, nos versos lindíssimos de Dylan Thomas tiradas do Poema And Death Shall Have No Dominion:
And death shall have no dominion.
Dead mean naked they shall be one
With the man in the wind and the west moon;
When their bones are picked clean and the clean bones gone,
They shall have stars at elbow and foot;
Though they go mad they shall be sane,
Though they sink through the sea they shall rise again;
Though lovers be lost love shall not;
And death shall have no dominion.

0 nhận xét :