4 March 2009

PARTIU-SE POR FIM



Ajoelhada no chão da sala
tentei recolher os cacos,
mas o fino cristal
de tão puro, límpido
e muito usado
partiu-se em milhares de pedaços.

E tudo o que havia dentro dele
escorreu entre os tacos de madeira
e misturou-se com a poeira.
O que me restou fazer
foi recolher com a pá de plástico
e soprar o fino e delicado pó
Pela janela aberta.

Talvez assim,
solto no espaço
o meu coração de cristal
já nunca mais precise de ser colado
e nem sofra mais preso
a um peito que não sabe
protegê-lo da dor.

26 nhận xét :

salvoconduto said...

Não está morto o teu coração, bate, bate, bate e é de cristal...

Abreijos.

Maria said...

Os corações de cristal (às vezes é só vidro...) compram-se aí no centro comercial ao pé de ti (num qualquer). Pior seria se fosse o outro coração, o vermelho, de sangue e vida cheio....... esse é que tem que ser cuidado.

Um beijo, azul.

Pitanga Doce said...

Como diria Chico Buarque:

"Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote
Até aqui de mágoa
E qualquer desatenção
Faça não
Pode ser a gota d'água."


Foi Blue?

boa noite e mima-te.

Carminda Pinho said...

Que melancólica que a menina anda. Será do aproximar da Primavera?:)
Eu sei que não. Todos temos dias assim, às vezes, mais do que pensamos poder aguentar.
Há que dar a volta por cima, e tu consegues.
Beijos, Blue.

pedro oliveira said...

O cristal não se parte assim tão fácil...

Patti said...

Oh menina, vai lá aquecer um cházinho preto e buscar uma bolachinha de manteiga (AZUL e tudo) ao Ares, para te colares de novo.

Mau Maria!

Miepeee said...

Hummmmm, nao sei se estou a gostar das vibes que andam por aqui.
Beijinho.

Gata2000 said...

Claro que vais pegar nele, colar todos os pózinhos, e voltar a pô-lo na prateleira com mais visibilidade da sala, virado para a janela onde bate o sol todo o dia, porque corações como o teu precisam-se, cheios de amor, de ternura e carinho, ainda que por vezes te pareça que ele está atafulhado em nada mais do que mágoa e mentira e dor. Mas...olha bem para ele, vais ver que por baixo dessa núvem escura, há uma réstea de esperança.Miaus e ronrons carinhosos.

Licas said...

Prefiro não ser poeta
E poder rir de contente
Abrir meu coração
Para aquecer toda a gente

Ser poeta é por vezes
A triste letra d'um fado
Prefiro escrever em prosa
e pôr as tristezas de lado

Licas

Filoxera said...

Um beijo apressado nesse coração ferido.

Anonymous said...

Os corações feitos de materiais de excelência têm destes problemas... são muito sensíveis.
Eu tinha um assim. Também se partiu há muito. Substituí-o por um de granito que vai sofrendo algum desgaste pela erosão dos ventos que sopram, mas não se partirá nunca.

Si said...

Ora vamos lá ver se esta receita caseira resulta, para acender esse sol apagado e recuperar esse coração quebrado.
Siga rigorosamente as instruções:
Pegue numa janela grande e abra-a de par em par, arrastando os cortinados para trás. Coloque a cabeça de fora, de forma a olhar o céu até ao limite, não importando para o resultado final se está azul, cinzento ou a pingar. Inspire fundo 3 vezes e recolha-a novamente para junto do corpo. Coloque a cabeça para baixo e sacuda-a vigorosamente, tal como se de uma taça de claras em castelo se tratasse, só que ao contrário destas, deve deixar cair todas as poeiras e maus pensamentos, que se soltarão como bolas de sabão. Sopre-as enérgicamente para fora da janela, e exclua as que se rebentam no chão, pois essas são excedentes que não se devem aproveitar. Nos espaços que ficaram vazios, encha com doses generosas de raios de luz.
Seguidamente, pegue em corante alimentar vermelho, e ensope com uma boa quantidade de palavras, amizade e alegria, mexendo bem até formar uma massa fofa, com que deverá encher uma forma em coração. Coloque no forno, em chama viva, e logo que esteja bem cozido, retire e decore à vontade com fotografias, recordações felizes e doses industriais de creme de blueberries, para lhe dar o toque final.
Sirva sempre quente, acompanhado de boa disposição...
Beijinhos

Anonymous said...

Olá Azulinha

Não me ligas nenhuma, o que me deixa triste. E, ainda por cima, gosto de poesia, embora eu seja... mais prosa. Jornalistas, e dizem que escritor...

Espero-te lá no meu covil. E já que me tornei teu seguidor, porque não «reciprocares-me»?... hihihihihihihihi

Qjs = queijinhos = beijinhos

PS (Sou, mas aqui é post scriptum)- A Leonor Calvão Borges é minha «meia parenta»... A irmã dela, a Veva, é a minha segunda nora. E esta?

Oliver Pickwick said...

Muito bonito, Velvet! É uma ótima poetisa bissexta. Talvez fosse tempo de encurtar a periodicidade na publicação dos seus versos. Nós, seus amigos e leitores, agradeceríamos.
Um beijo!

Menina do Rio said...

As vezes nos partimos é mil pedaços, mas não precisas jogar o pó pela janela. Guarda numa caixinha; quem sabe com o tempo ele se recompoe...

Beijinhos

f@ said...

encanto o cristal estilhaçado...
sabes bem como unir os pedacinhos....

Beijinhos

De dentro pra fora said...

Então!?? vamos lá a elevar o astral...espero que sigas a receita da Si a risca tem tudo para dar certo :)

Beijinho e um xi-♥

Maria Clarinda said...

Eu posso ajudar-te? Não colamos mais prometo...mas fazemos um coração com as mãos...colocamos o pó lá dentro , abrimos e lá estará ele...feito desta vez de um cristal einquebrável....prometo!

Lindo o teu poema.
Jinhos mil

Paula Crespo said...

Isto dos cacos é que é uma chatice...
Bjs

ANTONIO SARAMAGO said...

Paciencia!!!Depressaarranjas substituto.BFDS

samuel said...

Olha que coisa bonita!

Abreijo

Pitanga Doce said...

Alguém em casa???? Betty Boop? Hello Kitty? Ursinho Pooh? Ninguém?

Sunshine said...

A maior qualidade do coração é a sua capacidade de recolher os seus pedaços e de se reconstruir, mesmo sabendo que voltará a sofrer.
Quanto ao sol, tenho a certeza, voltará a brilhar de dentro...
Muito bonitos os teus poemas.
beijinhos com raios de sol

Luís Galego said...

e a poesia de qualidade tambem mora aqui...que bom!

Rafeiro Perfumado said...

PELA JANELA?!? Cristal é no ecoponto verde, pá, que falta de respeito é essa?!?

Oliver Pickwick said...

Metáfora preciosa, Velvet! E criativa também.
Um beijo!