Já muito se escreveu sobre o destino dos guarda-chuvas esquecidos no cinema e das luvas deixadas no vão das cadeiras dos transportes públicos. É também uma espécie de Triângulo das Bermudas que, estou certa, acolhe aquilo a que chamo de "meias descasadas". Estas meias sem par vagam solitárias durante muito tempo até serem atiradas para o lixo de modo desumano.
Não basta, contudo, constatar o problema - urge também investigar as suas causas. Eu quero crer que a minha máquina de lavar roupa não mastiga meias, uma vez que faria mais sentido que o electrodoméstico devorasse o par e não apenas um dos "cônjuges".
A lógica é elementar: se é apetitosa uma meia com a Betty Boop desenhada junto à barra, por que raios é que a máquina podendo engolir o casal, devoraria apenas um pé?
Tenho defendido este raciocínio ultimamente, embora haja na literatura dos têxteis dos membros inferiores registo de outras hipóteses.
Autores pós-Marklianos argumentam, por exemplo, que a sucção de uma meia obedece a uma lei matemática associada ao raio do tambor da máquina e à velocidade da centrifugação. Eu não entendo nada disso e, portanto, prefiro mudar de assunto e levantar outra questão deveras pertinente: o papel central que as meias desempenham nas sociedades modernas e na reprodução sexual.
Nos Estados Unidos ( e eu própria fazia isso quando os meuss filhos eram pequenos) é muito comum que se peça à visita que retire os sapatos à entrada, para evitar a dispersão de lixo urbano pela casa. O mesmo acontece por ocasião de uma festa, sobretudo quando o apartamento em causa é forrado com alcatifa clara (algo relativamente comum em Nova Iorque). Quer isto dizer que na hora de vestir a roupa para o bailarico, a escolha das meias passa a ser mais importante do que a dos sapatos. Não basta serem novas e limpas - elas, as meias, TÊM de dialogar com as demais peças de roupas, quer na cor quer no padrão. Se forem divertidas, melhor ainda.
Mas atenção: não confundir "divertidas" com "aparvalhadas". Há seres (neuróticos, na minha opinião) que recorrem a modelos que indicam qual é o pé direito e o esquerdo. Ou que usam um par para cada dia da semana, respeitando sempre a relação calendário/meia, como naqueles conjuntos de sete horrorosos panos de cozinha que as nossas tias nos ofereciam no Natal.
O que mais me incomoda nisso tudo é que, aparentemente, as máquinas de lavar roupa NÃO comem (ou fazem desaparecer, dependendo da hipótese que se queira adoptar) elementos dos pares de meias aparvalhadas - reservando a sua gula ou fúria para as meias giras ou chics. Isto parece-me um grave problema pois o bom gosto destes electrodomésticos destrói a vida de vários casais de meias que tinham tudo para ser felizes e em contrapartida, oferece vantagens competitivas às meias aparvalhadas.
Ao que parece, as meias parolas não se divorciam.
Nós, desta forma, tendemos a usar com maior frequência em eventos sociais justamente as meias mais divertidas ou trendy (eu tenho alguns pares, confesso). É que costumam ser estas as únicas com aspecto de "novas" que sobram "casadas" no fundo da gaveta.
O que me preocupa é que este facto pode reduzir drasticamente a chance de cada um de nós impressionar um dos convidados da festa e como consequência, não vir um dia a transmitir os nossos genes para a próxima geração.
Não basta, contudo, constatar o problema - urge também investigar as suas causas. Eu quero crer que a minha máquina de lavar roupa não mastiga meias, uma vez que faria mais sentido que o electrodoméstico devorasse o par e não apenas um dos "cônjuges".
A lógica é elementar: se é apetitosa uma meia com a Betty Boop desenhada junto à barra, por que raios é que a máquina podendo engolir o casal, devoraria apenas um pé?
Tenho defendido este raciocínio ultimamente, embora haja na literatura dos têxteis dos membros inferiores registo de outras hipóteses.
Autores pós-Marklianos argumentam, por exemplo, que a sucção de uma meia obedece a uma lei matemática associada ao raio do tambor da máquina e à velocidade da centrifugação. Eu não entendo nada disso e, portanto, prefiro mudar de assunto e levantar outra questão deveras pertinente: o papel central que as meias desempenham nas sociedades modernas e na reprodução sexual.
Nos Estados Unidos ( e eu própria fazia isso quando os meuss filhos eram pequenos) é muito comum que se peça à visita que retire os sapatos à entrada, para evitar a dispersão de lixo urbano pela casa. O mesmo acontece por ocasião de uma festa, sobretudo quando o apartamento em causa é forrado com alcatifa clara (algo relativamente comum em Nova Iorque). Quer isto dizer que na hora de vestir a roupa para o bailarico, a escolha das meias passa a ser mais importante do que a dos sapatos. Não basta serem novas e limpas - elas, as meias, TÊM de dialogar com as demais peças de roupas, quer na cor quer no padrão. Se forem divertidas, melhor ainda.
Mas atenção: não confundir "divertidas" com "aparvalhadas". Há seres (neuróticos, na minha opinião) que recorrem a modelos que indicam qual é o pé direito e o esquerdo. Ou que usam um par para cada dia da semana, respeitando sempre a relação calendário/meia, como naqueles conjuntos de sete horrorosos panos de cozinha que as nossas tias nos ofereciam no Natal.
O que mais me incomoda nisso tudo é que, aparentemente, as máquinas de lavar roupa NÃO comem (ou fazem desaparecer, dependendo da hipótese que se queira adoptar) elementos dos pares de meias aparvalhadas - reservando a sua gula ou fúria para as meias giras ou chics. Isto parece-me um grave problema pois o bom gosto destes electrodomésticos destrói a vida de vários casais de meias que tinham tudo para ser felizes e em contrapartida, oferece vantagens competitivas às meias aparvalhadas.
Ao que parece, as meias parolas não se divorciam.
Nós, desta forma, tendemos a usar com maior frequência em eventos sociais justamente as meias mais divertidas ou trendy (eu tenho alguns pares, confesso). É que costumam ser estas as únicas com aspecto de "novas" que sobram "casadas" no fundo da gaveta.
O que me preocupa é que este facto pode reduzir drasticamente a chance de cada um de nós impressionar um dos convidados da festa e como consequência, não vir um dia a transmitir os nossos genes para a próxima geração.
9 nhận xét :
Confesso que estas "meinhas" ficaram lindas nas imagens, mas não me atrevo a usar não, rss
Um texto interessante e divertido!
beijos
Mas que grandes comparações, as voltas que deves ter dado á Moleirinha, para arranjar tão dicertido texto.
Eu quero Divorciar-me, queres meter-me na tua máquina de lavar?
Também em tempos escrevi um post sobre as meias que se perdem e a dificuldade que é depois emparelhá-las correctamente, principalmente as dos homens todas pretas e azuis escuras; quase iguazinhas.
Agora esse pormenor das festas é que ainda não me tinha inteirado totalmente. Bem fisgada Velvet.
(E sim, vamos tentar eu e o CBO, quinzenalmente às sextas fazer uma crónica com um tema).
EStou baralhado. Se venho pela porta principal o último post que vejo é o do dia 8. Se venho pela lateral deparo-me com estas meinha todas. Já fiz refresh uma data de vezes.
Venho cá mais logo ver quem anda aqui a atizanar o teu cantinho.
Abreijos
Salvo,
a baralhada sou eu. Tinha posto a data de publicação a 9 de Setembro.
Coisas de loira!
Obrigada por avisares.
Abreijinhos
O que eu me diverti a ler este texto.
Claro que andei a imaginar a quem poderia caber esta carapuça de meias parolas, mas isso são outros 300.
Bom FdS
Pois cá com o je é só meihinha preta,mas de vez em quando ao fds uso umas cheias de bonecos...
vídeo no vf que vais gostar de ver.
bjs
Não tenho desses problemas. Como o Pedro, só uso meia preta e está sempre a andar Mas se todos fossemos assim , não teríamos oportunidade de ler este divertido texto!
Assim está melhor!
Abreijos.
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