5 December 2012

MEIAS DE NATAL

Reza a lenda que a tradição das meias de Natal começou num tempo muito antigo com um gentil nobre que teve três filhas. A mulher do nobre morreu e as filhas e o seu pai ficaram num estado de grande tristeza. A pouco e pouco foi perdendo a fortuna. Quando as filhas cresceram e tinham idade para casar, o pai, pobre não se pôde permitir pagar os enormes dotes dos futuros maridos.
Uma tarde, as filhas, depois de lavarem as suas meias penduraram-nas perto da lareira para secarem.
O Pai Natal, comovido pela condição das filhas entrou e pôs três bolsas de ouro uma em cada uma das meias suspensas na lareira. Na manhã seguinte a família viu as bolsas com as moedas e o nobre percebeu que tinha o suficiente para o casamento das filhas. As filhas casaram-se foram muito felizes.
Desde aí, as crianças passaram a pendurar as meias de Natal na chaminé.


21 March 2011

MAIS POESIA DO QUE PRIMAVERA


O Inverno, na minha vida se prolonga.
A Poesia está sempre no meu coração.
Por isso,


"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

José Régio " Cântigo Negro"

6 March 2011

(32) PORQUE É FIM DE SEMANA


Deve mesmo por ter sido sábado de carnaval que uma "suposta" canção de intervenção com mascarados e tudo ganhou o famigerado Festival da Canção. Mais uma para nos envergonhar além fronteiras.
Por isso e porque sim, apeteceu-me escarrapachar aqui as canções que um amigo, um poeta, um Homem escreveu para os antigos Festivais: José Carlos Ary dos Santos.
A par com Cavalo à Solta aqui fica a letra de Canção de Madrugar.
Para mim, as duas melhores de sempre.

De linho te vesti
de nardos te enfeitei
amor que nunca vi
mas sei.

Sei dos teus olhos acesos na noite
- sinais de bem despertar -
sei dos teus braços abertos a todos
que morrem devagar.

Sei meu amor inventado que um dia
teu corpo pode acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer.

Irei beber em ti
o vinho que pisei
o fel do que sofri
e dei.

Dei do meu corpo um chicote de força.
Rasei meus olhos com água.
Dei do meu sangue uma espada de raiva
e uma lança de mágoa.

Dei do meu sonho uma corda de insónias
cravei meus braços com setas
descobri rosas alarguei cidades
e construí poetas.

E nunca te encontrei
na estrada do que fiz
amor que nunca logrei
mas quis.

Sei meu amor inventado que um dia
teu corpo há-de acender
uma fogueira de sol e de fúria
que nos verá nascer.

Então:
nem choros nem medos nem uivos
nem gritos nem pedras nem facas
nem fomes nem secas nem feras
nem ferros nem farpas nem farsas
nem forcas nem cardos nem dardos
nem guerras

Enjoy!

5 March 2011

( 53) NÃO RESISTI





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21 February 2011

PARABÉNS PARA MIM

Quando eu era pequenina e alguém fazia anos, enviavam-se cartas ou postais que começavam com " Salvé o dia..."

A minha mãe teve um trabalhão para me explicar o que queria dizer o "Salvé".
Normalmente depois seguia um ramo de flores ou uma linda caixa de chocolates.
Com o passar do tempo apareceram os postais alusivo à data, com bonecos e até, alguns, com o número de anos que a pessoa faz.
Depois veio a net e passaram a enviar-se os parabéns por mail. Não eu, que até no Natal mantenho a tradição dos Cartões de Boas-Festas.
Agora, a coisa é muito mais sofisticada: dão-se os parabéns pelo Facebook.
Não estou naturalmente, a criticar os " amigos " virtuais dos blogs ou do Facebook. Bem pelo contrário. Fico até bastante sensibilizada com essa gentil atitude de quem não me conhece de lado nenhum.
Alguns há que foram mais rápidos do que eu, como a Ematejoca, que mesmo antes de eu publicar este post, na dúvida, me deu os parabéns no post anterior, o que significa que teve o cuidado de anotar a data do meu aniversário e não se esqueceu de me enviar os seus votos de um dia feliz.
Estou a referir-me aos amigos, àqueles que têm a minha morada, o meu telefone, os meus contactos e ainda assim me dão os Parabéns via Facebook.
Já é tudo tão impesoal, tão virtual, tão frio que me pergunto se para o ano me enviarão um ET que ao esticar o dedo, sairá dele, faiscando a palavra " Parabéns".
Antes que isso aconteça, "Parabéns" para mim, porque apesar de já ser virtual ainda não me tornei invisível.

19 February 2011

AS JURAS QUE QUEBREI


Quando numa sociedade, perante um determinado facto, a maioria pensa e age de uma forma igual, isso é a normalidade. Quem não o faz é anormal, quiçá louco.
Descobri que sou louca e à loucura me tenho remetido, num silêncio quebrado de quando em vez por uns laivos de lucidez.
Nessas alturas juro a mim mesma que da próxima vez farei como os outros. Mas às vezes não aguento.E quebro-as. Ás juras.
Agora, de uma só vez quebro quatro. Quem por acaso aqui passar, provavelmente nem terá paciência para ler um post grande.Tampis, ça m'est égal!

1ª Jura Quebrada - Não falar das últimas eleições.
Não falarei de todos os fait divers que as acompanharam mas há algumas perguntas que me martelam na cabeça e para as quais gostaria de encontrar resposta:
- Mesmo aqueles que não gostam de Cavaco Silva nunca duvidaram da sua honestidade e lisura. Como é que ele não desconfiou que durante a campanha o assunto das suas casas no Algarve viria à baila? Como é que ele não adivinhou que o caso da venda das suas acções e do empréstimo do genro seriam dissecados até à exaustão?
Por fim, porque não esclarece de vez as questões e remete para o site da Presidência da República?

Como é que Manuel Alegre, profissão político, não percebeu que era melhor apresentar-se como independente do que ter o apoio desapoiado do PS?
Como é que não percebeu que a podridão fétida do Partido se lhe colaria?
E assim, sem honra nem glória acabou a sua carreira política. Restam-lhe as trovas...

2ª Jura Quebrada - O Homicídio no Intercontinental.
A vítima não era pessoa da minha simpatia. Não a conhecia e nem tenho nada contra as suas orientações sexuais. Mas,
- se me horroriza a forma como os animais comestíveis são mortos, à paulada ( os coelhos), sangrando ( os porcos), com choques eléctricos os animais de maior porte,
- se sou contra as touradas,
- se pertenço a Associações de Defesa dos Animais
- se evito tanto quanto posso comer carne
- se em noites de temporal o meu coração se aperta pensando nos cães abandonados que vivem na rua, quando olho para o meu, quentinho, dormindo em cima do fofo édredon da minha cama,
Não posso concordar que NENHUM ser humano seja morto daquela forma. Seja qual for a razão, muito menos, por motivos sexuais.
Ouvi a notícia num telejornal. Li-a num jornal. Não corri para as bancas de revistas para comprar todas e babar sobre os pormenores sórdidos. Mas isso sou eu que sou louca, já que a maioria o fez.
Quando perguntavam aos meus filhos o que queriam ser quando fossem grandes, um queria ser palhaço, o outro Presidente da República. Nem um nem outro conseguiram. Felizmente.
O homicida queria ser Famoso. Não queria ser um escritor Famoso. Não queria ser um actor Famoso. Não queria ser um médico Famoso. Não, só queria ser Famoso.
Ora, a Fama tem sempre o seu preço. Ás vezes muito caro. Agora já é. Famoso!
As pessoas normais da sua cidade querem que não seja punido. As pessoas normais fizeram um grupo no Facebook com centenas de assinaturas para que nem seja julgado.
Mas eu que sou louca, sou tenho três perguntas:
- O homicida, enquanto pernoitava em casa da vítima, enquanto usufruia das viagens e presentes facultadas pela vítima, enquanto gozava o Réveillon numa das cidades mais caras do mundo, num dos hotéis mais luxuosos do mundo, nunca percebeu que estava a pagar o preço disso tudo? Ou que teria que o pagar? Que não há almoços grátis? Não queria mais? Que tal bater a porta do quarto do hotel, sair e voltar para Portugal?
- Curioso que ainda ninguém se preocupou com o sofrimento da mãe do homicida. O que irá naquela alma? Porque mãe é mãe. Seja de quem for. Como conseguirá ela equilibrar-se entre o amor imenso e único pelo filho e o repúdio e horror pelo que ele fez?
Mas, claro, isto sou eu e a minha loucura a pensarem as duas. Neste caso têm mesmo que ser as duas.

3ª Jura Quebrada - A Idosa encontrada morta 9 anos depois de morrer
Em tempos idos, no Japão, os velhos ( eu nunca uso esta palavra mas sim idosos), eram levados para a mais alta montanha perto da sua cidade natal, para morrer. Algo assim como se fazia aos leprosos. Mas isso era antigamente!
Seria? Será?
Uma sociedade que não cuida dos seus idosos é uma sociedade doente e por muito que me custe reconhecer, um caso destes nunca aconteceria na sociedade judaica ou por exemplo na India. Por lá, a palavra dos mais velhos é respeitada porque consideram que são mais sabedores. Por lá, as famílias vivem em comunidade. As mais das vezes os filhos quando casam ficam a viver com os pais.
Mas nós somos muito mais civilizados. Nós não temos idosos, temos velhos. Imprestáveis. Um empecilho. Doentes. Alguns quase surdos ou cegos. Enfim, uma chatice. Melhor mesmo abandoná-los à porta dos hospitais e não voltar para os ir buscar. Ou depositá-los como lixo em lares que de LAR, só têm a palavra.
Não falarei da atitude da GNR. Nem das autoridades. Nem da família. Não quero conspurcar o meu blog.
Mas tenho uma perguntinha, decerto fruto da minha loucura: - Os jovens de hoje pensam que não vão ser, um dia, velhos?
E agora vou recolher-me à minha loucura, num mundo onde

A terra gira ao contrário
e os rios nascem no mar!

7 January 2011

EMOÇÕES


As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

É sabido que não sou muito patriota. Pelo menos não deste Portugal que hoje existe. Dum outro, longínquo, quando demos mundos ao Mundo é outra história. Embora por razões mal explicadas até para mim, vibre quando oiço o nosso hino cantado a plenos pulmões, mesmo a parte em que marchamos contra os canhões. Manias!
Depois, há aquelas coisas muito portuguesas, como o queijo da Serra,o vinho do Porto ou um Alvarinho branco para não falar num Quinta do Carmo tinto.
E há o Fado. Ah sim, o Fado!Fui iniciada nas lides fadistas quando tinha 16 anos pelo meu primeiro namorado e grande amor. Cantava-o maravilhosamente. E durante os vários anos em que namoramos, assisti a noites inesquecíveis de "Fadistices" onde ouvi e aprendi os clássicos. Ele e vários amigos reuniam-se para cantar Fado e mesmo quando a vida nos afastou, nunca o esqueci nem deixei de gostar de fado. Se possível passei a gostar mais porque fui aprendendo e descobrindo.

Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

Tive esta noite o privilégio de estar presente numa dessas "Fadistices", onde o fado é cantado por amadores, que como o nome indica são pessoas que amam...cantar fado.E ouvi-o a ele, de novo. Passados perto de 30 anos. Continua com a mesma voz e a emoção foi igual.

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que marcam a alma
e a vida da gente...

Fado "Chuva" da Mariza

2 January 2011

(11) NOVA IORQUE, MEU AMOR


Quando nos vimos pela primeira vez foi amor à primeira vista.
Ah, se fosse um homem!
Tinha tudo para me fazer apaixonar. De uma beleza especial, era sensual,fazia-me rir, emocionava-me, surpreendia-me, tirava-me o fôlego.
Turista, fiz o périplo de todos os locais obrigatórios: da Estátua da Liberdade ao Empire, de Times Square ao World Trade Center.
No restaurante do último piso de uma das Torres tinha a cidade a meus pés.
Ah, se fosse um homem!
Nos museus aprendia, nos teatros divertia-me. A cultura anda pelas ruas na mistura de raças e línguas que se cruzam.
Depois, quase residente, comecei a vê-la com outros olhos. Nela cabem duas pequenas cidades ( Little Italy e China Town, onde se vende o peixe mais fresco de Nova Iorque).
Comecei a distinguir as Avenidas das Ruas e a saber qual faz esquina com qual.
E Central Park!! No Verão ou no Inverno veste-se de forma completamente diferente. Ora verde e quente ora branca e gelada. Nada de monotonias.
Ah, se fosse um homem!
E mesmo quando se percorre o País, de S.Francisco a New Orleans, de Washington a Las Vegas, nenhuma se compara com outra e nenhuma é igual a Nova Iorque. Como descer o Mississipi num barco movido a gigantes rodas não se pode comparar ao Hudson onde aterram aviões. Como as montanhas de Vermont não têm nada a ver com as de Lake Tahoe.
Como as águas frias das praias de leste não se comparam com as quentes da Califórnia.
Mas depois, volto a Nova Iorque como volto a casa.
Como voltaria para os braços do homem amado.
E foi ela que me deu o mais precioso presente de Natal que recebi este ano.
De uma forma linda,branca, silenciosa, a cidade vestiu-se de branco, a rigor, para as Festas. E foi esse rigor que impediu o avião do meu filho de partir oferecendo-me mais dois dias com ele.
Ah, se fosse um homem, eu dir-lhe-ia: Nova Iorque, meu amor!

31 December 2010

FELIZ ANO NOVO


22 December 2010

FELIZ NATAL!

Para todos os que me têm acompanhado ao longo destes três anos e sobretudo aqueles que nas longas ausências deste ano nunca desistiram de mim, os meus desejos sinceros de um Santo e Feliz Natal.