Showing posts with label Doris Lessing. Show all posts
Showing posts with label Doris Lessing. Show all posts

12 October 2007

AVÓZINHA LESSING GANHA NOBEL DA LITERATURA



Doris Lessing nasceu na Pérsia a 22 de Outubro de 1919.
Não é uma maravilha nascer-se na Pérsia? Só o nome me faz sonhar. Príncipes, princesas, mil e uma noites...
Mas a vida dela não começou como a de uma princesa. Os pais ambos ingleses não lhe deram uma infância fácil. O pai mutilado da 1ª Grande Guerra era uma pessoa fraca, empregado no Banco Imperial da Pérsia. ( Ai, lá está a minha imaginação a voar...). A mãe enfermeira.
Em 1925, atraídos pelo sonho de uma vida melhor, partiram para Rodésia, então colónia inglesa e hoje Zimbawe.
A mãe tentou dar-lhe a rígida educação inglesa da época Eduardiana, e o pai, que nunca se adaptou, não conseguiu fazer florescer os acres de terra que lhes foram distribuídos.
Doris descreve a sua infância como uma desproporcionada mistura de prazer e muita dor.
Muita pequena foi internada num colégio de freiras que a aterrorizavam com histórias sobre o Céu e o Inferno.
O seu único refúgio era a relação que tinha com o irmão mais novo, Harry.
Com 13 anos fugiu do liceu em Salisbúria, e com isso deu por terminada a educação que a mãe tinha sonhado para ela.
Tornou-se uma autodidacta e mais tarde uma grande escritora. Segundo as suas próprias palavras “uma infância infeliz produz grandes escritores”.
Lia livros que chegavam de Inglaterra, e com tão pouca idade os seus preferidos eram
Dickens, Scott, Stevenson, Kipling. Mais tarde descobriu D.H. Lawrence, Stendhal, Tolstoy, Dostoevsky.
Desafiou os cânones da época, em que o destino para as mulheres era casarem e ter filhos, e encontrou a liberdade que tanto procurava na escrita.
Começou a vender histórias para revistas na África do Sul.
In 1937 mudou-se para Salisburia, onde trabalhou como telefonista durante um ano. Com 19 anos casou com Frank Wisdom, e teve 2 filhos. Poucos anos depois, sentindo-se presa, abandonou a família.
Em 1937, a viver em Salisburia, conheceu Gottfried Lessing e casou com ele, tendo mais tarde um filho.
Nos anos do post guerra, Lessing ficou extremamente desiludia com o Movimento Comunista e abandonou-o em 1954.
Em 1949 tinha partido para Londres, e nesse mesmo ano publicou o seu primeiro romance “ The Grass in Singing”, começando uma carreira brilhante como escritora, tendo-lhe sido concedidos os maiores prémios internacionais que agora culminam com o Nobel da Literatura, para o qual, aliás, já tinha sido nomeada em 1996.

Quase toda a sua obra é autobiográfica. Escreveu sobre o choque de culturas e as injustiças raciais.
Os seus contos e novelas publicados nos finais dos anos 50 e princípios dos anos 60, denunciavam as expropriações feitas aos negros pelos colonialistas brancos e afirmava que a cultura branca na Africa do Sul não tinha qualquer eco em África.
Em consequência da sua postura, foi considerada persona non grata e proibida de entrar na Rodésia e na Africa do Sul.
Em 1999 foi-lhe concedido pela Rainha Isabel II o título de DAME do Império Britânico, que recusou, por” considerar não haver Império Britânico”, e achar que aceitá-lo pensando assim seria “ uma pantomina”. Aceitou o de Companion of Honour, porque isso não obrigava a que a tratassem por Dame.
De uma enorme beleza quando nova, muito parecida com Ingrid Bergman, é hoje uma deliciosa velhinha que vive rodeada de gatos, que alías são protagonistas de vários livros seus.
Foi absolutamente comovente, vê-la a sair de um táxi, com um carrapito, envolta num xaile, depois de ter ido às compras, e anunciarem-lhe que tinha ganho o Nobel.
Acho que qualquer um de nós gostaria de ter uma avó assim.
Depois da petulância de Saramago, que bom ter uma mulher e ainda por cima com aquela simplicidade, como novo Prémio Nobel da Literatura.

Nota:Quando acabava de escrever este Post, fui informada que Al Gore tinha ganho o Prémio Nobel da Paz.Os senhores da Academia Sueca, este ano, estão inspirados.Que bom!