31 December 2010

FELIZ ANO NOVO


22 December 2010

FELIZ NATAL!

Para todos os que me têm acompanhado ao longo destes três anos e sobretudo aqueles que nas longas ausências deste ano nunca desistiram de mim, os meus desejos sinceros de um Santo e Feliz Natal.

12 December 2010

( 32) PORQUE É FIM DE SEMANA




INACREDITÁVEL!

11 December 2010

( 52) NÃO RESISTI

9 December 2010

CARTA AO PAI NATAL


Querido Pai Natal,
escrevo-lhe porque sei que gosta de animais e preciso de lhe pedir umas coisinhas.
Portei-me bem este ano. O meu dono repreendeu-me muito poucas vezes. Umas porque pulei para a cama dele mas não percebo porquê, porque é tão grande que cabemos todos e outras porque diz que puxo a trela quando vamos à rua. Mas é que ele não percebe que o parque está cheio de odores e se fossemos ao ritmo dele perdia todos. ( Sou um incompreendido).
Outras vezes ralha comigo porque não lhe obedeço à primeira, mas não é por mal, é porque estou entretido com outras coisas.
Manias dele!
Agora vamos aos pedidos:
Gosto de bolas.Grandes, médias, pequenas. De todos os tamanhos.Podes trazer uma de acordo com o meu tamanho? e já agora uma maiorzinha para brincar com os meus amigos.
Também gosto muito de brinquedos de roer e daqueles que fazem barulho. Mas estes, como costumam durar pouco é melhor trazeres muitos.
Também queria guloseimas, barras de limpar os dentes e aqueles biscoitos fantásticos a saber a bacon.
Já agora, para não incomodar tanto o meu dono, como gosto de estar quentinho, podias trazer também uma caminha.
E agora vamos aos pedidos mais importantes. Deixei-os para o fim por isso mesmo. Para lhes dares mais atenção.
Este ano faz com que os animais de companhia não sejam mais uma vez brinquedos natalícios, uma prenda desejada que meses depois é abandonada na rua como um brinquedo estragado.
Não te esqueças também dos cães abandonados, leva-os para um abrigo este Inverno, dá-lhes comida e um dono para cada um deles.
Espero que continuem a haver humanos que continuem a querer-nos pelo que somos, sem se importarem se somos grandes ou pequenos, bonitos ou nem por isso, porque nos vêem não com os seus olhos mas com os do coração.
Essa será a minha maior prenda.
Para o meu dono não vale a pena trazeres nada porque ele já tem todo o carinho que eu lhe dou.
Obrigada,

Sebastião

Nota 1: Já que estamos em tempo de solidariedade, resolvi dar voz a quem não a tem.
Nota 2: Esta carta foi copiada de uma publicada na revista Cães e Companhia e é agora publicada com modificações.

7 December 2010

OS PERIGOS DA TEIA




Como sabe quem me lê não é muito meu costume comentar acontecimentos neste blog, a menos que sejam coisas que considero de alguma forma importantes.
Este é o caso.

Chegou-me por mail a notícia de que Oprah Winfrey num dos seus programas mais recentes, entrevistou Tommy Hilfiger, o estilista da roupa que tem o seu nome.
No programa, Oprah ter-lhe-ia perguntado se era verdade que ele tinha feito o seguinte comentário:

'Se eu tivesse sabido que os negros americanos, os judeus, os latinos, Espanhóis, Venezuelanos, cubanos, os Argentinos, Chilenos, mexicanos, Bolivianos, Peruanos e os asiáticos comprariam a minha roupa, não a tinha desenhado tão boa. Gostava que esse tipo de gente não comprasse a minha roupa, pois esta é feita para gente branca, de classe alta... e preferia doar aos porcos...'

Ante a pergunta de Winfrey de se ele tinha feito tão crua afirmação, Hilfiger respondeu com um simples e sucinto
SIM.
Também admitiu o seu ódio pelos judeus e sua admiração por Hitler.
Imediatamente, Oprah lhe exigiu que abandonasse seu show.

Perante tão inusitada e espantosa notícia dei-me ao trabalho de ir ao youtube ver se por acaso lá estava a dita entrevista. Não estava. Mas estava esta que vos deixo, em que após este mail ter sido posto a circular Oprah convidou o costureiro e onde ele desmente tudo e ela afirma que desde que tem o show, JAMAIS tinha convidado Tommy antes, portanto não poderia tê-lo posto fora do estúdio.

Por aqui se vêem os malefícios da net, da Rede ou como eu lhe chamo, da Teia.
Ai de quem caia nela. Ai de quem ao cair nela fique à mercê das intrigas, dos falsos amigos, das pessoas que emprenham pelos ouvidos ( detesto esta frase. Nem sei como a escrevi, mas não conheço outra melhor) dos mails que passam em corrente entre todos os contactos de cada um, dos invejosos, dos fundamentalistas, enfim, das pessoas que usam uma máscara para esconderem quem de facto são.
Citando o tristemente célebre Goebbels: Uma mentira dita cem vezes torna-se verdade!
Citando o povo: A verdade é como o azeite: vem sempre ao de cima...
Infelizmente nem tem todos podem ir ao programa da Oprah contar a sua verdade!

5 December 2010

( 31 ) PORQUE É FIM DE SEMANA

'Fumo maconha, mas não trago, quem traz é um amigo meu' -Marcelo Anthony.

4 December 2010

(51) NÃO RESISTI

1 December 2010

SOLIDARIEDADE SUCKS!



Eis que chegou Dezembro e com ele o Natal e logo, logo, o Fim do Ano.
Desde que me conheço por gente este é o meu mês preferido por tudo o que o Natal encerra. Já o Fim do Ano provoca em mim uma angústia pela incógnita que encerra que faz com que nunca tenha gostado dele, excepto quando vivia no Brasil.
Com o Natal chega também algo de que não gosto. Já começaram e outras se lhe seguirão, nascendo quais cogumelos venenosos: as campanhas de solidariedade.
Quando estudamos Economia ensinam-nos que o preço dos bens é directamente proporcional à sua escassez.
Ora aqui está um exemplo de que esse princípio não é pacífico.
Treme a terra no Chile e morrem centenas de pessoas. Um Tsunami invade a Indonésia e mata milhares de pessoas.
E nós, no nosso conforto, comentamos com os nossos amigos:
- Que horror! Já viste a desgraça que se abateu sobre aquela pobre gente? As famílias inteiras que desapareceram? As crianças que ficaram sem ninguém?
E somos muitos a fazer isto. Somos milhares pelo mundo fora.
É a solidariedade de borla. Muita solidariedade a preço zero.
O tal princípio económico balança.
Chuvas torrenciais abatem-se sobre a Madeira, que é tão linda, tem tantas flores e até tem um Presidente chamado Jardim de quem ninguém gosta mas que nessa altura até isso é esquecido. E abrem-se linhas de crédito nos bancos e organizam-se espectáculos de televisão com muitas caras conhecidas das revistas que de tão rosa que são até enjoam, para atender chamadas de valor acrescentado, em que uma parte reverte a favor dos carenciados.
E nós, pegamos no telefone, se tivermos sorte ainda nos atende o Ricardo Pereira ou a Bibá Pitta e lá fazemos a tal chamadinha que nos cala a consciência de bons cidadãos. Somos muitos mas já somos menos.
É a solidariedade barata.
O tal princípio económico balança um pouco mais.
Mas eis que temos uma doença cuja cura depende de um tratamento ou cirurgia caríssimos. Que ficamos desempregados e as prestações da casa ficam por pagar. A ordem de despejo não se faz esperar e a rua, o frio, o relento é o que nos espera.
Vamos então bater à porta de um daqueles amigos que sempre nos disse:
- Eh pá, já sabes, se precisares de alguma coisa é só dizeres. Qualquer coisa que precises, conta comigo. Os amigos são para isso mesmo.
E nós, crentes, lá vamos bater a uma dessas portas. Mas...
- Oh que chatice, vens mesmo em má altura. Se tivesse sido o mês passado. Mas agora a minha sogra partiu uma perna, as aulas dos miúdos começaram e gastámos imenso nos livros. E ainda por cima já começámos a pagar o as prestações do cruzeiro do fim de ano. É que viéste mesmo em má altura.
É a solidariedade cara. E rara.
Porque era preciso estender a mão, envolver-se com a dor do outro, quiçá talvez mudar a nossa vida para ajudar o amigo.
O tal princípio económico ergue a cabeça orgulhoso. Afinal estava certo. Mais do que certo, porque para certos bens nem há preço.
Esta solidariedadezinha de Natal enjoa-me. Podem as pessoas passar fome o ano inteiro mas no Natal não pode faltar a postinha de bacalhau. E o resto do ano? Assobiamos para o lado? Os sem abrigo passam frio e dormem envoltos em cartões 365 noites do ano, mas na noite de Natal, ah, na noite de Natal há-de haver um albergue, uma Misericórdia, um serviço da Câmara que lhes dê guarida.
Houve alguém que me disse há uns tempos que se blinda para ouvir os desabafos das tragédias dos amigos, para não sofrer.
Pois eu não sou assim.
Eu ajudo, eu oiço, eu envolvo-me, eu estendo a mão, eu sofro com a dor dos outros.
E não é só no Natal.
People sucks!
The world sucks!

24 October 2010

( 30 ) PORQUE É FIM-DE-SEMANA

23 October 2010

(50) NÃO RESISTI

Só cá falta o Ronaldo e a sua pochette Vuitton!

22 October 2010

A QUINTA MALDITA



Por várias vezes e por razões que não estas que hoje aqui invoco, me tenho arrependido de não ter sido socióloga em vez de advogada.
Há imensos comportamentos do ser humano, sobretudo quando em grupo, ( já Fernão Lopes se lhe referiu) que me confundem e que gostava de entender.
Um deles é, por exemplo, porquê que antes de ser do Sporting tenho que ser anti-Benfica.
O outro, por analogia com o anterior porquê que pelo facto de não fazermos determinada coisa atacamos e marginalizamos quem a faz.
Vem esta introdução a propósito dos comentários violentos de pessoas que até são cultas e civilizadas sobre a quinta e as pessoas que nela jogam.
Não, não estou a falar da Quinta das Celebridades ou dos Segredos porque, como já sabia que eram programas que não me interessavam, nunca vi.
Estou a referir-me à famosa e muito querida ou muito mal quista Farmville.
Não percebo que mal vem ao mundo por milhões de pessoas se entreterem ludicamente, na verdadeira acepção da palavra, a plantar legumes ou alimentar animais. Não existe nada de reprovável no jogo, nem pornográfico, nem moralmente censurável, enfim, nada que seja socialmente inaceitável.
Por outro lado, é uma actividade que em pessoas bem formadas, até desenvolve os sentimentos de solidariedade e entre-ajuda, já que muitas das coisas que lá se fazem se tornam quase impossíveis de realizar sem a participação dos vizinhos.
Mas muito mais do que isso, o que me revolta e me deixa encanitada ( já sabem que quando me encanito é porque a coisa está brava) é que a maioria das pessoas que goza com quem joga ou se junta em grupinhos com o título " Eu não jogo Farmville" não faz a mais pequena ideia de quem são as pessoas que o fazem.
Dou de barato que 10% possam ser dondocas desocupadas que não têm nada para fazer embora isso continue a ser problema delas.
Os restantes 90% estão divididos entre:

- Homens e mulheres trabalhadores que à noite, para descontrair, jogam Farmville

- Reformados que para matarem a solidão dos dias, jogam Farmville, como podiam jogar às cartas num banco de jardim

- Desempregados que para não enlouquecerem a pensar como vão pagar as contas da luz ou da àgua ou mesmo a renda da casa, enganam o tempo plantando umas flores ou alimentando umas vacas

- Pessoas com doenças gravíssimas, desde depressões a cancros, ou a viverem outros dramas pessoais, que ao jogarem interagem com aquele que para elas, naquele momento, é o mundo exterior.

Só para que conste há psiquiatras que aconselham o jogo a alguns dos seus pacientes.
Nenhum de nós tem o direito de marginalizar seja quem for por fazer algo que a nós não nos interessa, menos ainda se nem conhece o jogo, muito menos ainda se desconhece ( e eu conheço alguns) os dramas que se escondem por trás dos "donos" de algumas quintas.
Metam na cabeça que há pessoas neste País cujo único momento de paz é enquanto está a jogar Farmville.
Desçam da vossa arrogância de pseudo-intelectuais e respeitem o sofrimento dos outros, mesmo que esse sofrimento, às vezes, se esconda por trás de um jogo de computador.
As máscaras e os palhaços pobres, existem!
Enjoy!




PS: Em tempo - eu jogo Farmville e até já vou no nível 80. E daí? Desci muito na vossa consideração?

19 October 2010

UM BLOG DE 1ª


Tenho pensado muitas vezes que adorava ter um blog tão bom, mas tão bom, daqueles mesmo de 1ª, que saem nos sites da net, que dão programas de rádio e que têm 50 comentários em cada post e eu, ficar sentada de camarote, muito inchada, lambendo os lábios, qual gato guloso e pensando:
- Meu Deus como eu sou boa!
Ah, já me esquecia de mais uma característica: não comentar ninguém!
É que pasmo com a quantidade de blogs com estas características todas.
Oh, esqueci-me de outra: um belo dia resolver fechá-lo e deixar um abraço especial para uma meia dúzia de blogs, dos bons, dos tais e deixar de fora, por esquecimento, aqueles que sempre me acompanharam e mimaram.
É que também há destes.
Mas depois, penso de novo e percebo que perderia os belos textos que os outros escrevem,não aprenderia um monte de coisas que tenho aprendido na blogosfera e last but not the least não "conheceria" certas pessoas admiráveis que por aqui andam.
E sobretudo,descubro que essa não sou eu.
Não seria nem Blue nem Velvet.
Seria uma sarapilheira àspera, sem cor definida e que mais tarde ou mais cedo cairia do tal trono.
Sempre caem.

18 October 2010

DE REPENTE


De repente, na enorme mesa onde toda a família se reunia, o meu pai na cabeceira, estava seguido de mim, dos meus filhos e da minha neta.
Poucas pessoas têm a sorte de poder reunir 4 gerações de uma família e eu, se quisesse escrever um livro sobre a minha vida tinha ali um protagonista para cada capítulo.
De repente, apercebi-me que ambos os topos, o meu pai com 85 anos e a minha neta com 2 meses tinham adormecido.
Encontraram-se ambos no mesmo plano das almas boas e inocentes.
Se por um lado há uma vida que começa, no reverso há uma cujo fim inexoravelmente se aproxima.
E eu, não sei lidar nem com uma coisa nem com a outra.
E não quero que me digam, de repente:
É a vida!

5 October 2010

UM 5 DE OUTUBRO DIFERENTE

Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!
Vinícius de Morais



Mas se não os temos como sabê-lo? Pois é. Eu paguei para ver. E tive dois. Podia ter tido mais mas, infelizmente, a vida não quis. Um faz hoje anos e desde o seu nascimento, confesso, nunca mais pensei no que está subjacente ao facto de ser feriado o dia do seu aniversário. Ah, eu sei. Esta afirmção vai ser muito mal vista pelos poucos vizinhos que restam num bairro que já não encontrei na minha volta.
Mas, afinal se tanta coisa mudou em cinco meses de ausência, a começar por mim, passo a fazer jus àquilo que digo no meu perfil: politicamente incorrecta, sempre.
Assim sendo, o que me interessa hoje é comemorar mais um ano de vida do meu filho e desejar que muitos, muitos outros se lhe sigam com toda a felicidade que seja possível alcançar neste mundo conturbado.

Quando tentáste pôr-te em pé pela 1ª vez as minhas mãos estavam lá para te segurar.
Ainda estão!


29 September 2010

SOMETHING STUPID LIKE...I LOVE YOU


A Clínica é fora de Lisboa e eu só lá tinha estado uma vez. Na véspera, dia das burocracias, das preparações e do internamento.Ele foi a conduzir e eu tenho o malvado defeito de quando não sou eu a conduzir não reparar nos caminhos.
Assisti a todos os preparativos e fiquei até ao último minuto. Antes de sair perguntei ao enfermeiro a que horas teria que lá estar na manhã seguinte para ainda o ver antes de entrar para a sala de operações.
- O máximo até às 8.
Nessa noite mal dormi. Às 6 da manhã já estava a pé e às 7 no carro. Sabia que era na Parede mas não fazia a menor ideia de como chegar à Clínica. Pus a mente em piloto automático e a coisa até não correu mal até entrar na auto estrada e me enfiar numa fila que parecia nunca mais ter fim.
Os minutos iam passando e a minha aflição crescendo.
Por milagre, só pode ter sido, de repente dei de caras com uma tabuleta que indicava a Clínica e pouco depois estava no parque de estacionamento.
Faltavam 3 minutos para as 8 da manhã.
Tinha um jardim enorme para atravessar, uma escadaria imensa para subir e não sei quantos corredores para percorrer até chegar à cama dele. Olhei para os sapatos e amaldiçoei a triste ideia de calçar uns com 8 centímetros de salto. Só havia uma hipótese e foi o que fiz: descalcei-os.
Com o ar mais digno que consegui arranjar desatei a correr, muito bem vestida mas descalça e de sapatos na mão.
Quando cheguei à porta do quarto mal respirava e o meu coração parou quando vi a maca onde ele estava deitado a ser empurrada para o elevador.
Felizmente que o enfermeiro era um amor e quando me viu parou e segurou a porta, empurrando a maca para trás.
Encostei a cabeça no peito dele e murmurei: Vai correr tudo bem. Amo-te, meu amor.
Numa voz já entaramelada pelos sedativos ele murmurou uma frase. Agarrei-lhe na mão e só a larguei quando a maca entrou toda no elevador e as portas se fecharam.
Sentei-me na cadeira mais próxima de sapatos na mão, tentando recobrar o fôlego e fazer com que as pernas parassem de tremer.
Foi então que uma enfermeira se aproximou de mim e me disse:
- Não se preocupe. Vai ver que vai correr tudo bem. O seu marido está em boas mãos. Vê-se mesmo que estão casados há pouco tempo.
Sorri sem dizer nada.
Encostei a cabeça na parede que estava atrás, fechei os olhos numa prece silenciosa enquanto ouvia de novo a frase que ele me tinha murmurado:
- Sabia que não ia falhar, mãe. Também a amo muito.

27 September 2010

TENTANDO ESCREVER


Sei agora coisas que não sabia há 5 meses. Significa que aprendi e isso é bom? Nem tanto. Não, quando o que se aprende não nos dá novos pensamentos ou novos mundos.
Nessa altura, escrever era algo tão natural para mim como comer, dormir, pensar ou ver. Quando olhava para alguém ou para algo, subconscientemente um post começava a tomar forma na minha cabeça.
Uma mulher com uma mancha na saia era muito mais que isso. Sobretudo a mancha. O que seria? Como teria ali aparecido? Porque continuaria ali? Agora isso não acontece. A mancha é uma mancha. Só isso.
A criança que chorava, chorava porquê? Porque tinha fome? Medo? Porque estava abandonada? E daí a história começava.
Agora, é só uma criança que chora.
Independente do dom ou do talento, como lhe queiram chamar, escrever é também um exercício. E como exercício que é necessita de ser exercitado ( perdoem a redundância). Como quando se faz ginástica e se pára, quando se recomeça, os músculos doem.
Com o escrever é bem pior.
Sobretudo quando as letras não se desenham para juntas se tornarem palavras que em conjunto darão um texto.
É o que dói não são os músculos: é a alma.

19 September 2010

(29) PORQUE É FIM-DE-SEMANA





O QUE É SER ADVOGADO...!!!!

Trabalha em horários estranhos...
(igualzinho às putas!)
Pagam-lhe pra fazer o cliente feliz.
(igualzinho às putas!)
O trabalho vai sempre além do expediente!?!
(igualzinho às putas!)
É mais produtivo à noite...
(igualzinho às putas!)
É pago para realizar as idéias mais absurdas do cliente.
(igualzinho às putas!)
Os amigos distanciam-se e só anda com outros iguais!?!
(igualzinho às putas!)
Quando vai ao encontro do cliente, tem de estar sempre apresentável...
(igualzinho às putas!)
Mas, quando volta, parece saído do inferno???
(igualzinho às putas!)
O cliente quer sempre pagar pouco, mas exige que faça maravilhas!
(igualzinho às putas!)
Quando lhe perguntam em que trabalha, tem dificuldade em explicar...
(igualzinho às putas!)
Se as coisas dão para o lado errado, a culpa é sempre dele!
(igualzinho às putas!)
Todos os dias ao acordar diz:
NÃO VOU PASSAR O RESTO DA VIDA A FAZER ISTO!!!!!!!
(igualzinho às putas!)

18 September 2010

(49) NÃO RESISTI


16 September 2010

PÉ- ANTE- PÉ


Como uma pequena bailarina de Petipa em Giselle, entro pé ante pé, espreitando por entre as árvores até que encontro uma casa azul onde morei quase três anos. Fez este mês mesmo.
Era uma vivência diária, mais nocturna do que diurna,havia até um bairro e vizinhos. Vizinhos também os havia que não pertenciam ao bairro mas que me aqueciam o coração com a sua ternura.
Quase 6 meses depois de ausência, , tenho muitas dúvidas e também adquiri algumas certezas. Dumas e doutras falarei outro dia.
Agora sei que tenho esta casa que é minha, embora com os panos de veludo a precisarem de ser mudados. O tempo e a falta de calor humano comeram-lhes a cor.
Não sei se há bairro, se há vizinhos, se tenho alguma coisa para escrever, não sei nem se vou voltar.
Mas sei de um saber de experiência feito, que quando Nietzsche escreveu que aquilo que não nos mata nos torna mais fortes, estava completamente enganado.
Ah não, não me matou, mas deixou-me frágil como o mais frágil cristal. Não sei se voltarei a rir, a sonhar, a fazer planos, a acreditar nos outros. Muita, muita coisa mudou em mim, mas seguramente não estou mais forte.
Só continuo a ser muito Velvet e isso acho que não mudará nunca.

Pitanga, mulher, podes parar de chamar por mim, podes sair da soleira da porta.
- Vá. Dá licença para dar ar à casa e entra. És sempre bem vinda.

Sunshine, Happy Even When It Rains, obrigada por todos os beijinhos que aqui deixavas todas as semanas com " as saudades de te ler".

Salvo, recebi as flores todas, as mensagens, as palavras, mesmo as que ficaram nas entrelinhas. A tua esperança, se ainda não morreu, estava certa.
Estou aqui.
Diferente, mas
Estou aqui.
Sofrida,
desiludida, mas
estou aqui.
Pelo menos essa batalha,
venci.


21 March 2010

DIZEM QUE A PRIMAVERA CHEGOU!


Mas o tempo desmente o facto.

O céu está cinzento, está frio e volta e meia chove.
Tal como com o vestuário, em que as mulheres têm que decidir entre vestirem-se de acordo com a estação ou com o tempo que faz, também tive essa dúvida quanto ao layout do blog.
Um blog que ainda por cima está parado.
Mas a minha fazedora de layouts privativa, fez um layout tão doce e tão primaveril que não resisti a mudar. Aquelas meninas à chuva ainda tornavam a ausência de posts mais triste.
Mudámos então!
Não significa isso que vá voltar. Infelizmente não é o caso.
A minha vida pessoal não me ajuda a escrever nada que interesse aos outros.
Mas, como diria o meu querido vizinho Salvo, "Estou troncha, troncha de saudades" de todos os que, de uma maneira mais chegada uns, de uma forma mais expectante outros, reclamam a minha volta.
Não sei quando e SE haverá volta, mas a todos os que não desistiram de mim posso dizer que também não desisti.
Pitanga podes esperar. Salvo, talvez dê para matarmos saudades.
Para todos o meu obrigada, e se a vida permitir " Até já".
A esperança chegou de uma forma inusitada e inesperada.
E porque hoje se comemora o Dia Internacional da Poesia, aqui fica, para todos,

Eu amo tudo o que foi
Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e errônea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.
Fernando Pessoa

27 February 2010

( 48) NÃO RESISTI


Ainda que com alguns dias de atraso, NÃO RESISTI, a agradecer a uma vizinha de outro bairro, que no dia dos meus anos organizou uma festa blogsférica, só com vizinhos dela que fizeram o favor de me vir dar os Parabéns.
Nunca vi nada tão bem organizado.
De caminho ainda me ofereceu esta imagem que me aqueceu o coração.
Do meu bairro, nada que se parecesse com os anos anteriores.
Ainda assim, da Alemanha vieram estas lindas flores para me alegrar.
A ambas agradeço de todo o coração terem tornado o meu dia melhor.
A todos, sem excepção, que cá passaram, o meu muito obrigada.
Fica a constatação que " quem não aparece esquece" e que quando mais precisamos dos amigos é quando eles nos faltam.

21 February 2010

ANIVERSÁRIO


No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,

Eu era feliz e ninguém estava morto.

Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,

E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,

Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,

De ser inteligente para entre a família,

E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.

Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.

Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,

O que fui de coração e parentesco.

O que fui de serões de meia-província,

O que fui de amarem-me e eu ser menino,

O que fui --- ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...

A que distância!...

(Nem o acho...)

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa,

Pondo grelado nas paredes...

O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),

O que eu sou hoje é terem vendido a casa,

É terem morrido todos,

É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!

Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,

Por uma viagem metafísica e carnal,

Com uma dualidade de eu para mim...

Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...

A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça,

com mais copos,

O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado---,

As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Pára, meu coração!

Não penses! Deixa o pensar na cabeça!

Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!

Hoje já não faço anos.

Duro.

Somam-se-me dias.

Serei velho quando o for.

Mais nada.

Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

Fernando Pessoa (1888-1935)

10 February 2010

E VÂO LÁ 3 ANOS


O tempo não cura tudo.
Aliás, o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções.
Martha Medeiros

8 February 2010

8 ( ESTE COMENTÁRIO DAVA UM POST)


Há solidões intransponíveis, com as quais temos de conviver. E por vezes o silêncio acaba por ser a única ponte entre dois pensamentos...

JUSTINE

4 February 2010

PALAVRAS...


As palavras ajudam-nos na comunicação, mas como podemos ter a certeza que as pessoas nos compreendem verdadeiramente?!
Elas não sentem exactamente o mesmo que nós.
Já Fernando Pessoa dizia: "The abyss from soul to soul cannot be bridged."
Por mais palavras que usemos, muitas das coisas que dizemos nunca são totalmente percebidas.
Porque só o outro sabe o que vai na sua cabeça assim como só eu sei o que vai na minha.
E por isso, quando nos dizem: "Eu percebo o que estás a passar", até são capazes de perceber, mas à maneira deles, nunca sentindo nem nunca percebendo o que tu sentes.

3 February 2010

..........


The Exploding Clock by Salvador Dali

Cansaço.
Um cansaço que não é fisico.
Nem psíquico.
Um cansaço que não existe.
Ou se existe
Só se sente porque está cansado.
Cansada.
Cansada do que sou.
Do que fui
E deixei de ser.
Cansada de um sentimento cansado.
Cansaço.
Daquele que ninguém explica.
Que pouca gente sente.
Um cansaço.
De tudo.
Um cansaço de nada.
Cansaço
Do que não existe.
Se o cansaço.
Existe.

31 January 2010

(28) PORQUE É FIM-DE-SEMANA

MySpace-Comments

Mirtes não se aguentou e contou para a Lurdes:
Viram teu marido entrando num motel.
A Lurdes abriu a boca e arregalou os olhos. Ficou assim, uma estátua de espanto, durante um minuto, um minuto e meio. Depois pediu detalhes.
- Quando? Onde? Com quem?
- Com quem? Com quem?
– Isso eu não sei.
- Mas como? Era alta? Magra? Loira? Puxava de uma perna?
– Não sei, Lu.
- Carlos Alberto me paga. Ah, me paga.
Quando o Carlos Alberto chegou em casa a Lurdes anunciou que iria deixá-lo e contou por quê.
- Mas que história é essa, Lurdes? Você sabe quem era a mulher que estava comigo no motel. Era você!
- Pois é. Maldita hora em que eu aceitei ir. - Discretíssimu's!Toda a cidade ficou sabendo. Ainda bem que não me identificaram.
- Pois então?
– Pois então, que eu tenho que deixar você. Não vê? É o que todas as minhas amigas esperam que eu faça. Não sou mulher de ser enganada pelo marido e não REAGIR.
- Mas você não foi enganada. Quem estava comigo era você!
– Mas elas não sabem disso!
– Eu não acredito, Lurdes! Você vai desmanchar nosso casamento por isso? Por uma convenção?
– Vou!
– Mais tarde, quando Lurdes estava saindo de casa, com as malas, o Carlos Alberto interceptou-a. Estava sombrio:
- Acabo de receber um telefonema – disse. - Era o Dico.
- O que ele queria?
– Fez mil rodeios, mas acabou me contando. Disse que, como meu amigo, tinha que contar.
- O quê?
– Você foi vista saindo do motel Discretíssimus, ontem, com um homem.
- O homem era você!
– Eu sei, mas eu não fui identificado.
- Você não disse que era você?
– O quê? Para que os meus amigos pensem que eu vou a motel com a minha própria mulher?
– E então?
– Desculpe, Lurdes, mas...
– Mas o quê??
- Vou ter que te dar uma surra...

MORAL DA HISTÓRIA:DEVEMOS CUIDAR APENAS DA NOSSA SAÚDE, POIS DA NOSSA VIDA, TODO MUNDO CUIDA...

30 January 2010

(47) NÃO RESISTI



28 January 2010

CIRCO DE SENTIMENTOS ESCRITO A 4 MÃOS


Adorava ter o dom de conseguir transpor para o papel o ritmo do circo que está instalado cá em casa. O meu pai anunciou alto e bom som que tenciona viver até aos 90 anos. Responde a minha mãe:
- Pudera, não faz nada e toda a gente o apaparica. Assim também nós, responde em coro toda a gente.
- Deixem-se lá de conversas, e dêem-me os presentes, diz o meu pai com um ar digníssimo, batendo com a bengala no chão. ( Como não percebeu que aquela coisa dos euros está um bocado em falta por estes lados, tivemos que nos virar para arranjar presentes)
TRIM....TRIM...TRIM...desato a correr, tropeço no Sebastião e agarro nos auscultadores do meu lap top. É o meu filho de Nova Iorque, que quer falar com o avô. Chamo-o, ele lá vem com a sua bengala com o punho de prata no ar ( nunca percebi para quê que ele quer a bengala, porque não se apoia nela, anda com ela no ar!) e eu digo-lhe:
- Vá fale.
- Falo com quem?
- Com o Gonças.
- Não falo nada. Pareço parvo a falar pró ar, sózinho.
Entretanto o Sebastião ladra feito doido, assim que ouve a voz do meu filho. Não sei se é do champagne ou porque também não percebe onde está o Gonças. Nisto, no canto direito do écran, aparece um sinal a dizer que entrou um mail de uns amigos meus a quem chamo " Gatos". Dou um salto, tropeço no fio do microfone que estava enrolado no copo das canetas e lápis, e Zás: trinta canetas e lápis no chão. A Carlota( namorada do Martini man) chora a rir. O Martiniman, ( meu filho mais novo) com aquele ar da fotografia pergunta:
- O q foi? Que excitação é essa? Quem é que ligou? Foi algum admirador da mãe?
Levou logo com os lápis e canetas que eu já tinha apanhado, na cabeça.
-Não parvo, são os gatos.
- Gatos? Que gatos? Vocês agora também têm gatos, perguntam os presentes em coro. A Carlota continua a rir que nem uma perdida. Aqui, desisti. Sentei-me no chão, mandei toda a gente para o salão e resolvi vir escrever este post.
Escrever sôbre a fragilidade do amor, da vida, deste circo. Sinto tanto isso quando olho para o meu pai, tão frágil, tão dependente de mim, quando foi ele que sempre tive como ideia de segurança. Foi sempre ele o meu porto seguro.
Às vezes penso:- Será que já lhe disse bastantes vezes que o amo?É que por acaso chateia-me um bocado que no nosso meio social, as pessoas bem educadas não possam manifestar as suas emoções em público. A minha avó dizia sempre" Uma senhora nunca chora em público.” O caraças q não chora. E a história do beijinho. Só se pode dar um, senão somos saloios. Pior só mesmo um homem usar meias brancas...
A Carlota diz que a 1ª vez que veio cá a casa, estava morta de medo de mim, Vinha no elevador e perguntou, de repente, ao Guigas:
- À sua mãe dá-se 1 beijinho ou 2? Tá parva? 1 claro.
Diz ela: Ó tia, até me tremiam as pernas. Afinal a tia é uma gaja porreira que apetece cobrir de beijos. He...He...He...
Foi aí que me lembrei do Mec.
Escreveu ele, numa noite de muitos copos, como eram dantes, quase sempre as noites dele:

É minha convicção profunda, que temos o enorme dever, para com as pessoas amadas, de tratá-las como se tivessem morrido na véspera e voltado, por milagre, durante só mais um dia. “Obrigada! Obrigada! Obrigada! e ó pá, por amor de Quem te fez, vê lá essa merda, e não me abandones já”. Em suma: tem filhos pequeninos? Pais idosos? Um irmão imperfeito? Um amante querido, a ponto de perder o juízo? Amigos que calharam aparecer-lhe na vida?Pois bem: que se vá lá ter e nunca se desista. Tomem lá disto. Beijocas naquelas bochechas. Exploração sentimental desenfreada. Anda cá senão eu fino-te. Não me vou daqui sem um abraço. Coceguinhas, nas manhãs frias, nos corpos quentinhos, ouvindo risos abafados debaixo dos lençóis, lambidelas nos pescoços perfumados, abraços apertados que protegem e nos protegem. Chega-me esses lábios à boca antes que eu me desavenha de tanto os cobiçar, ó desgraçado do meu coração doente.Hoje. Não deixes para amanhã.Fica hoje com quem amas. Diz-lhe, hoje. Aquece-lhe as mãos e o coração. Para não ficares depois com o olhar parado das missas de corpo presente. Já repararam nos olhares parados dos presentes quando o ausente é já só um corpo que também já não está presente? E a cara pasmada, como quem diz” Como é que isto foi acontecer? “ Porquê agora? “ Porquê ele? “ Porque é assim, ora bolas. Porquê a arrogância de acharmos que a nós não aconteceria? Acontece, porra, acreditem. Não paguem para ver. A nossa obrigação e inteligência é fartarmo-nos das pessoas de quem gostamos, levarmos com elas dia e noite. Só olhar para outra pessoa de quem não se goste imensamente, é, no mínimo, perda de tempo. Temos de lá ir. Temos de lá estar. Temos de levar com elas e eles até já não podermos mais. As pessoas amadas são como o melhor champagne do Mundo: eu nomeio o Taittinger. Não; por acaso até nem são. São incomparáveis. Porque a saudade delas é como uma ressaca de ter bebido de menos - dói mais por não ter por onde doer menos. Pergunta para estúpidos, presente autora incluída: - Haverá coisa mais triste do que sofrer pelo que não se teve, e esteve, tendo podido ter e estado? sabendo que teríamos sido bem-vindos e recebidos e amados? Resposta científica: Após quarenta e tal anos de pesquisa exaustiva, feita nas muitas fases da minha vida, uma palavra apenas obtive: Não!Fartem-se das pessoas que amam. Tornem-se chatos para elas. Pensem na morte - a tal que vamos todos morrer. Minimizem os prejuízos. Apanhem secas delas - e dêem-lhes também as vossas, correspondentes, para que quando morrerem possam quase respirar de alívio.Que andamos nós aqui a fazer? Não é como se houvesse um mundo melhor onde pudéssemos estar.Não há. O único que conhecemos é este, e nós, algumas, já sabemos quem são as pessoas que podemos tornar felizes. As pessoas que nos alegram. E às vezes, muito raramente, aparecem outros, poucos, tão poucos, que cruzam a nossa vida para tornar os intervalos suportáveis. Às vezes calharam aparecer-me na vida. Pode-se ser amigo de alguém que se conhece assim, tão pouco, só de olhar, e tendo uma peneira tão fininha como a minha? Pode, se se tiver o coração aberto e se sentirem ondas quentinhas para cá e para lá.E depois? Depois logo se vê, como diz esta escritora maluca.
Prefiro arrepender-me do q fiz do q não fiz.
Em tudo na vida.

And this concludes the votes of the portuguese jury.

27 January 2010

...




Houve dias em que eu não cabia no estreito do mundo. Era como se eu estendesse os braços dançando liberta, e as minhas mãos estabanadas derrubassem vasos, estátuas, louças, milhares de coisinhas delicadas e mais ou menos preciosas que se fossem espalhando em cacos ameaçadores pelo chão.
Ás vezes eu pisava-as, cortava a planta dos pés e ia pisando o chão esbranquiçado com os pés ainda a sangrar. Deixava as minhas pegadas ao longo do caminho, pegadas tortas, pegadas livres.
Doía, mas eu chorava baixinho para esquecer a dor, para esquecer as feridas, para nascer de novo, livre como um passarinho.
Tenho cortes não cicatrizados que volta e meia voltam a doer e as lágrimas rolam sem que eu perceba, mas eu abro os braços de novo e danço, danço rodando a saia e despenteando os cabelos, porque preciso ir mais longe, já não aguento mais a pequenez das coisas, não aguento mais a mesmice da vida quotidiana.
Nada disso me serve. Ainda não sei para onde ir, mas sigo em frente, porque sei que não posso ficar.
Sei que mereço mais, e não me contento com o que a vida me dá.
Já não sou uma menina assustada, encolhida num canto, à espera que a vida me convide para dançar.
Já não enfeito os meus dedos com anéis coloridos, não espalho flores desbotadas nos meus cabelos loiros e a vida não me sopra nos ouvidos, delicada, doce.
Mas convida-me.
Convida-me e eu vou. Seja música ou seja silêncio, seja cinza ou seja cor, seja medo ou seja vontade, seja alegria ou seja dor.
Seja lá o que for, eu vou.


Will you catch me if I fall??

26 January 2010

FORA DE HORAS


Mesmo com o nascer do sol

persistia o escuro
imagino que o parto
tenha sido prematuro.

24 January 2010

PORQUE É FIM - DE - SEMANA...ADOPTE UM TERRORISTA!

haha
Eis a tradução da resposta que o ministro canadiano da Defesa dirigiu a uma boa alma que a ele se lamentava da sorte reservada aos «combatentes» afegãos, prisioneiros nos centros de detenção no Afeganistão.
National Defence Headquarters
MGen George R. Pearkes Bldg, 15 NT

Cara cidadã inquieta,

Obrigado pela sua recente carta, exprimindo a sua profunda preocupação a propósito da sorte dos terroristas da Al Qaeda capturados pelas forças canadianas, transferidos em seguida para o Governo Afegão e presentemente detidos pelos seus oficiais nos centros nacionais de reagrupamento de prisioneiros do Afeganistão.
A nossa administração toma este assunto muito a sério e a sua mensagem é recebida com muita atenção aqui em Ottawa.
Ficará feliz de saber que, graças à preocupação de cidadãs como a senhora, criámos um novo departamento na Defesa Nacional, que se chamará P.L.A.R.A, isto é " Programa dos Liberais que Assumem a Responsabilidade pelos Assassinos".
De acordo com as directrizes deste novo programa, decidimos eleger um terrorista e colocá-lo sob a vigilância pessoal da senhora.
O seu detido particular foi seleccionado e será conduzido sob escolta fortemente armada até ao domicílio da senhora em Toronto a partir da próxima segunda-feira.
Ali Mohammed Ahmed bin Mahmud ( poderá chamar-lhe simplesmente Ahmed), será tratado segundo as normas que a senhora pessoalmente exigiu na carta de reclamação.
Provavelmente será necessário que a senhora recorra a assistentes.
Nós faremos inspecções semanais a fim de nos certificarmos, com a mesma firmeza da sua carta, de que Ahmed beneficia realmente dos cuidados e de todas as atenções que nos recomenda. Apesar de Ahmed ser um sociopata extremamente violento esperamos que a sensibilidade da senhora, ao que descreve como o seu "problema comportamental" o ajudará a ultrapassar as suas perturbações de carácter.
Talvez a senhora tenha razão quando descreve estes problemas como simples diferenças culturais. Compreendemos que tenha a intenção de lhe proporcionar conselhos e educação ao domicílio.
O seu terrorista adoptado é temivelmente eficaz nas disciplinas de close-combat e pode dar fim a
uma vida com objectos simples, tais como um lápis ou um corta-unhas.
Aconselhamo-la a não lhe pedir para fazer uma demonstração durante a próxima sessão do seu grupo de yôga.
Ele é igualmente especialista em explosivos e pode fabricá-los a partir de produtos domésticos. Talvez seja melhor que os guarde fechados à chave, salvo se considerar (segundo a opinião que exprime) que isso o possa ofender.
Ahmed não desejará manter relações com a senhora ou com as suas filhas (excepto sexuais), na medida em que considera que as mulheres são uma espécie de mercadoria sub-humana.
É um assunto particularmente sensível para ele, que é conhecido por manifestar reacções violentas em relação a mulheres que não se submetem aos critérios de vestuário que ele recomenda como mais próprios.
Estou convencido de que, com o tempo, virá a apreciar o anonimato que oferece a burkha.
Recorde que isso faz parte do «respeito pelas crenças religiosas», como escreve na sua carta.
Mais uma vez, obrigado pelos seus cuidados.
Apreciamos bastante que cidadãos nos indiquem como fazer bem o nosso trabalho e ocupar-nos dos nossos congéneres.
Tome bem conta de Ahmed e lembre-se de que a observaremos.
Boa sorte e que Deus a abençoe.

Cordialmente,

Gordon O'Connor
Ministro da Defesa Nacional




23 January 2010

HOPE FOR HAITI NOW



22 January 2010

50.000


Quando há dois anos e uns meses comecei este blog, além de não entender nada do assunto, eram outras as razões que me moviam.
Queria escrever, sim, mas sobre tudo e mais alguma coisa, pôr vídeos, mails giros, fotos engraçadas e por aí.
Com o tempo, nem sei bem as razões, talvez por influência de alguns magníficos vizinhos, fui burilando a ideia e a pouco e pouco, aquilo que mais parecia uma loja de artigos chineses foi-se transformando, julgo eu, numa boutique mais exquisite.
Saíram os vídeos e os mails ( ficaram para o Não Resisti e Porque é Fim-de-Semana), e desapareceram os textos que não eram de minha autoria.
Isso reflectiu-se na postagem que era diária e deixou de ser e naquilo que escrevo.
Sabe bem quem escreve por obrigação, ( os cronistas semanais ou jornalistas) que isto da inspiração, não se compra nem se inventa.
Vem, nasce. Porque se vê um objecto que nos lembra algo, porque um estado de alma se instala, porque uma palavra que nos veio à mente de repente se transforma num texto que nos faz um formigueiro nos dedos e não pára até que esteja plasmado nas folhas de um caderno.
Assim que, hoje em dia não escreva todos os dias e escreva sobre os mais diversos assuntos.
De tal modo, que nem me tinha apercebido que já tinha ultrapassado a barreira dos 50.000 leitores que deixaram 11.961 comentários. ( O sitemeter que vêem marca 45.705 porque o instalei 5.000 leitores depois de ter aberto o blog).
Mas são números. Nada mais que números. Não sei exactamente o que significam. Nem sôbre isso me interrogo.
Como já disse em vários posts, escrevo porque escrevo, porque isso me é vital como respirar. Para mim, o que escrevo é pouco, e preciso tanto!
Escrever ajuda-me a pensar.
Deixo os pensamentos escorrer pela ponta do lápis para que, quando releio, perceber o que faz ou não sentido.
Preciso escrever para deixar de ter esta sensação de haver mil frases, ideias, sentimentos a bailar na minha cabeça.
Penso no papel e vejo o que vale a pena ficar gravado e o que é ruído.
Mas raramente preciso de me arrumar.
Não me dêem muito, mas não me tirem um lápis daqueles com borrachina na outra ponta e um papel. Mais precisamente um Moleskine.
E já agora, uma ideia.

Nota: a imagem é a do 1º topo deste blog, que se manteve durante quase 1 ano e é da minha autoria e da minha máquina.

21 January 2010

(3) MEMÓRIAS DE INFÂNCIA


Poucos sabiam do jardim secreto na vetusta e almiscarada casa da Quinta. Sebes, cameleiras, buxo e lilases escondiam o granito rasteiro que suportava, altiva, a frontaria. Mirado por fora, o jardim não chamava a atenção. Era contido por um gradeamento verde, nem alto, nem baixo, portões também verdes rangendo ao abrir. Enganava os passantes a banalidade da impressão. Não sendo jardim mas gente, dobraria cautelas - fosse eu de as ter ou sequer de as prever! - pelo ar sonso das sebes desmentido por lampejos matreiros. Culpa directa do verniz das folhas das cameleiras regateando, a quem passa, o sol.
Não sendo grande, tinha a dimensão entre o normal e o destacado, assim fazendo vénia à (in)decisão social herdada pela família proprietária. É resmoneio cuspido entre-dentes nas costas de quem a sorte ou os berços sucessivos bafejaram que, se bem vasculhada, na família se encontrará a avó forneira.
Dito injusto por confundir farruscas com deslustres ancestrais, assertivo ao dar como inexistentes genealogias alvas de mácula, se bastardias, devassos, avarentos e sacanas contarem.
O segredo do jardim começava onde acabava o telhado do verde compacto das latadas. Pelas duas e meia da tarde, chinelavam passos nas lajes de granito que apainelavam o chão. Seguros. Precisos.
Rumavam a um altar exposto ao cruzamento ogival da abóbada celeste, onde pontificava uma mesa acolitada por cadeiras e espreguiçadeiras, tudo em sólida verga. Suavizam os assentos coxins de florido cretone. O chinelado quedou-se. Quem esticar o pescoço para lá das colunas de buxo onde curva a alameda, verá pés nus, balouçando, malcriados. Cosendo a curiosidade às sebes, subirá o olhar dos pés às pernas, estas convergindo em breve outeiro. Mirada decidida avançará rente às bordas dos vales suaves, olhos postos nas colinas gémeas desafiando o sol. Numa mão um livro, na outra nada.
Pestanas longas sombreavam o alto da face.
O cabelo solto por fora da espreguiçadeira.
A minha pele solta. Nua.
Oficiando ritual pagão.

19 January 2010

DÔR MENTE



Às vezes fico com o coração apertadinho.
Tão apertadinho que me falta o ar,
Que me sinto dormente.
É um desconforto,
Um frio
Que me gela o corpo.
Que me gela a alma.
Ou o que resta dela.
Ás vezes, acho que fiquei para trás
Agarrada a qualquer lembrança
Que não me pertence.
Pelo menos agora
Já não.
E é quando me sinto assim...
Quando o meu coração não detém
As lágrimas que pelo rosto correm
Que sinto a falta.
A falta de alguém.
Porque preciso indiscutivelmente
De alguém.
Que sem julgar me oiça.
Que sem me repreender me espere.
Que sem desesperar me chame.
Que sem me olhar me toque.
Que sem vontade me ame.
Que sem fé acredite.
Hoje só preciso disto.
E já é muito.

18 January 2010

( 10) TOU DANADA!


Vivo num País onde não escolhi o Governo. É o mal das democracias, ou como há quem lhes chame, as ditaduras das maiorias.
O Presidente não tem poderes, o Tribunal Constitucional não inconstitui ( calculo que isto seja um neologismo, mas que se dane), o povo não referenda e o Governo vai desgovernando, ora chegando-se um bocadinho à direita, o que não me incomoda, ora chegando-se um bocadinho à esquerda e aí já me incomoda e muito.
E quando eu já pensava ter visto tudo, mesmo já depois de aprovada a lei do casamento entre homosexuais, eis que leio que haverá casamentos desse tipo nos Casamentos de Sto António.
Aí passei-me. Estou danada, furiosa, furibunda. Claro que Mr. Costa nunca me enganou, mas enough is enough.
Abençoada Maria Antonieta que quando lhe diziam que o Povo não tinha pão, mandava darem-lhe croissants. E daí? Croissants franceses, quentinhos, estaladiços nunca fizeram mal a ninguém. Bem pior era o imperador Júlio César dizendo: "Ad populum panis et circensis" e atirava-os aos leões.
Mas péssimo mesmo é o nosso que nos dá circo e tira-nos o pão.
Circo, palhaçadas, fantochadas ou o que lhe quiserem chamar.
Então agora os "noivas" de Sto António casam debaixo do alto patrocínio dos anunciantes, do erário camarário e de Sto. António Padroeiro de Lisboa!!!! Só podem estar a gozar connosco.
E andaram tantos e grandes homens a guerrear para fazer disto um País.
Razão tinha Eça quando dizia que “Isto não é um País é um sítio, e ainda por cima mal frequentado!”
Por mim, já só tenho medo, como o Obélix, que o céu me caia na cabeça.
Fui!
Mas fui muito danada!

17 January 2010

( 26) PORQUE É FIM DE SEMANA

Photobucket
Árvore Genealógica


- Mãe, vou casar!
- Jura, meu filho ?! Estou tão feliz ! Quem é a moça ?
- Não é moça. Vou casar com um moço. O nome dele é Murilo.
- Você falou Murilo... Ou foi meu cérebro que sofreu um pequeno surto psicótico?
- Eu falei Murilo. Por que, mãe? Tá acontecendo alguma coisa?
- Nada, não.. Só minha visão que está um pouco turva. E meu coração, que talvez dê uma parada. No mais, tá tudo ótimo.
- Se você tiver algum problema em relação a isto, melhor falar logo...
- Problema ? Problema nenhum. Só pensei que algum dia ia ter uma nora... Ou isso.
- Você vai ter uma nora. Só que uma nora... Meio macho. Ou um genro meio fêmea. Resumindo: uma nora quase macho, tendendo a um genro quase fêmea...
- E quando eu vou conhecer o meu. A minha... O Murilo ?
- Pode chamar ele de Biscoito. É o apelido.
- Tá ! Biscoito... Já gostei dele... Alguém com esse apelido só pode ser uma pessoa bacana. Quando o Biscoito vem aqui ?
- Por quê ?
- Por nada. Só pra eu poder desacordar seu pai com antecedência.
- Você acha que o Papai não vai aceitar ?
- Claro que vai aceitar! Lógico que vai. Só não sei se ele vai sobreviver... Mas isso também é uma bobagem. Ele morre sabendo que você achou sua cara-metade... E olha que espetáculo: as duas metade com bigode.
- Mãe, que besteira ... Hoje em dia ... Praticamente todos os meus amigos são gays.
- Só espero que tenha sobrado algum que não seja... Pra poder apresentar pra tua irmã.
- A Bel já tá namorando.
- A Bel? Namorando ?! Ela não me falou nada... Quem é?
- Uma tal de Veruska.
- Como ?
- Veruska...
- Ah !, bom! Que susto! Pensei que você tivesse falado Veruska.
- Mãe !!!...
- Tá..., tá..., tudo bem... Se vocês são felizes. Só fico triste porque não vou ter um neto...
- Por que não ? Eu e o Biscoito queremos dois filhos. Eu vou doar os espermatozóides. E a ex-namorada do Biscoito vai doar os óvulos.
- Ex-namorada? O Biscoito tem ex-namorada?
- Quando ele era hétero... A Veruska.
- Que Veruska ?
- Namorada da Bel...
- "Peraí". A ex-namorada do teu atual namorado... E a atual namorada da tua irmã. Que é minha filha também... Que se chama Bel. É isso? Porque eu me perdi um pouco...
- É isso. Pois é... A Veruska doou os óvulos. E nós vamos alugar um útero.
- De quem ?
- Da Bel.
- Mas . Logo da Bel ?! Quer dizer então... Que a Bel vai gerar um filho teu e do Biscoito. Com o teu espermatozóide e com o óvulo da namorada dela, que é a Veruska...
- Isso.
- Essa criança, de uma certa forma, vai ser tua filha, filha do Biscoito, filha da Veruska e filha da Bel.
- Em termos...
- A criança vai ter duas mães : você e o Biscoito.E dois pais: a Veruska e a Bel.
- Por aí...
- Por outro lado, a Bel...,além de mãe, é tia... Ou tio.... Porque é tua irmã.
- Exato. E ano que vem vamos ter um segundo filho. Aí o Biscoito é que entra com o espermatozóide. Que dessa vez vai ser gerado no ventre da Veruska... Com o óvulo da Bel. A gente só vai trocar.
- Só trocar, né ? Agora o óvulo vai ser da Bel. E o ventre da Veruska.
- Exato!
- Agora eu entendi! Agora eu realmente entendi...
- Entendeu o quê?
- Entendi que é uma espécie de swing dos tempos modernos!
- Que swing, mãe?!!....
- É swing, sim! Uma troca de casais... Com os óvulos e os espermatozóides, uma hora no útero de uma, outra hora no útero de outra...
- Mas..
- Mas uns tomates! Isso é um bacanal de última geração! E pior... Com incesto no meio...
- A Bel e a Veruska só vão ajudar na concepção do nosso filho, só isso...
- Sei!!!... E quando elas quiserem ter filhos...
- Nós ajudamos.
- Quer saber? No final das contas não entendi mais nada. Não entendi quem vai ser mãe de quem, quem vai ser pai de quem, de quem vai ser o útero, o espermatozóide... A única coisa que eu entendi é que...
- Que.. ?
- Fazer árvore genealógica daqui pra frente... vai ser f...

(Crónica de Luiz Fernando Veríssimo filho de Erico Verissimo, que publica semanalmente na folha de S. Paulo)

16 January 2010

( 46) NÃO RESISTI

Cartoon by Tim Whyatt

Nota: E escusam de me vir com multas, que ponho já os vizinhos dentro de água e vamos ver se é verdade ou mentira!Humpft!

14 January 2010

LET'S GET LOST



Não sei que me deu, que nem sou destas coisas. Muito menos no Inverno. Sim, porque no Verão, como diria a Pitanga, o calor mexe com os neurónios, hormónios e anónimos e portanto seria mais natural.
O facto é que me anda a apetecer privatizar este senhor.
A Leonor, que é uma vizinha muito querida, mal soube, ofereceu-me este pitéu.
Não havia quem também o queria ouvir tocar? Pois aqui até canta.
Podem ver, ouvir, pasmar e até babar, mas já agora sem ser para cima do meu computador.
LET'S GET LOST!!!

13 January 2010

UNS MARCADORES CHINESES


Como sabem, eu e os chineses temos problemas graves.
Se por um lado, sigo e admiro uma série de coisa que vêm lá da terra do Sol-Nascente ( o Yôga, O Feng-Shui, a acunpuctura, a postura Zen, por outra lado, tudo o que tem a ver com a China de hoje, vulgo a violência com os animais e a mais despudorada violação dos Direitos Humanos, faz-me fugir daquela terra como o Diabo foge da cruz.
Para não falar das centenas de lojas chinesas que nos invadiram, que não seguem regras, nem de horários, nem de preços nem de educação, cujos donos olham arrogantemente os clientes sem fazerem o mais pequeno esforço para os entenderem, ( pudera, não precisam, eles caiem lá que nem moscas).
Tudo isto me afastou dessas lojas há muito tempo.
Mas esta semana tive um problema: precisava desesperadamente de pratos marcadores vermelhos e depois de procurar freneticamente em todo o lado e ouvir a resposta batida:
- Ah, minha senhora, isso esgotou há muito tempo-houve uma empregada que solicitamente me disse que numa determinada loja chinesa havia às centenas.
Fiquei sem saber que fazer. Ficar sem os marcadores ou esquecer os meus pruridos? Por fim, lá entrei no «chinês». Olhei, toquei, arregalei os olhos de espanto, empalideci no frente a frente com a tralha sintética cheirando vagamente a baunilha.
Mais um problema: odeio baunilha. E sintéticos.
Recuperada do primeiro round, aventurei-me num segundo mais específico: trapos, chinelas e lingerie.
No kitsch dos produtos asiáticos entre resmas de peças de psiché, o déjà-vu permanente, lingerie carmim, laranja e verde lima, tão sintética como a outra, só que a um «ésimo» da dolorosa. Por três euros e meio arrecada-se um conjunto de underwear para o ginásio, mínimo como convém. É certo que tudo é entregue com linhas e fios pendendo, mas nada que tesoura diligente não remedeie. Para quem queira.
Tudo chinês. Tudo barato. Os marcadores lá estavam e eu cada vez mais enjoada. Aquele cheiro a baunilha...Assim, nem marcadores nem lingerie.
Fiel aos meus princípios e recusando o sintético, opto pelo elementar e recorrente: nada.
Livre. Disponível para o atrevimento da brisa e do desejo.

12 January 2010

( 9 ) TOU DANADA

Ah, e vocês sabem que quando estou danada ou desato a falar brasileiro ou falo de faits divers, esquecendo que o meu blog é suposto só ter artigos sérios ( nada melhor do que rirmos de nós próprios) ou escrevo coloquialmente.
Agora queria ser um jornalista daquelas das revistas cor-de rosa, um Cláudio Ramosito, até mesmo um daqueles homens que seguram nos cabos para as estrelas não se estabacarem no chão, ou então uma ...mosca.
Uma mosca, sim, uma mosquinha que conseguisse assistir às cenas de bastidores, aos berros, aos murros em cima da mesa que neste momento o Sr. Manuel Moura dos Santos deve estar a dar em tudo e todos os que o rodeiam.
Manuel Moura de quem perguntam vocês.
Pois, então eu explico.
Uma pessoa que foi muito importante na minha vida costumava dizer que embora eu fosse uma princesa tinha uns certos lados foleiros...
Na altura, resumiam-se ao facto de eu gostar e muito do Roberto Carlos. Claro que, quando as divas e tudo quanto é artista conceituado começou a cantar o Rei, esse lado desapareceu.
Mas volta e meia, volta. Ah, volta.
Agora voltou.
Porque eu gosto de música. Acho que não saberia, não poderia viver sem música. De quase toda. Do clássico Quebra-Nozes àquela que se dança agarradinho, com a cabeça languidamente apoiada no ombro do parceiro, ou a desbunda absoluta de uma salsa cubana dançada en su sítio, de preferência com um cubano.
Daí que, a um nível mais baixinho tenha visto os " Chuvas de Estrelas" ( de onde, não esqueçamos, saiu uma Sara Tavares ou um João Pedro Pais), depois, mais recentemente a Operação Triunfo, de onde sairam, entre outros o Ricardo Soler ( o Tony) de West Side Story do La Féria.
Agora, decidi ver "Os Ídolos" desde os 1os castings. Ah, pois, vi tudo. Estou mesmo completamente por dentro, desde o início.
Quer dizer, por dentro do que pode estar uma humilde espectadora.
Os 1os castings foram inesquecíveis, com gente a pensar que cantava e grunhia. Que me desculpem, mas é verdade. Depois, de repente, aparecia como por milagre, alguém que cantava, que tinha estilo, que tinha voz, que tinha tudo. Era um gozo absoluto.
Numa dessas noites, apareceu um rapaz que fez o seu número, escutou os elogios dos jurados que ficaram absolutamente rendidos ao seu talento, mas que quando lhe deram um papelinho amarelo que lhe dava passagem à fase seguinte, recusou.
- Não, não. Eu não quero concorrer a este concurso. Só queria que me dessem a vossa opinião. Em suma, que me dissessem se tenho talento.
Parecia o Bryan Ferry, benza-o Deus. Mais novinho, mas o estilo, a voz, o bom gosto do Bryan Ferry.
Bem, não estão a ver. O tal senhor Moura Santos, que segundo parece é uma autoridade em música mas educação não tem nenhuma, dignou endireitar-se, sim que ele está sempre deitado no balcãozinho( deve ser fraqueza...independente da obesidade mórbida de que sofre) e passando do 8 ao 80, esticou-se todo para trás na cadeira, ( temi até que caísse) e desatou aos berros com o puto, que não estavam ali para perder tempo, se ele se achava bom demais para aquele programa, que continuasse e depois fazia da vida dele o que quisesse.
O rapazinho, com ar bem comportado, olhinho azul, abanava a cabeça nada convencido, que aquilo não era a praia dele, que não era o género de música que queria cantar, que não queria ser um ídolo Pop e blá, blá, blá.
Nada a fazer. O senhor dos Santos não desistia.
-Mas tu tens tudo para ser um Ídolo Pop. És mesmo o que queremos, não podes desistir.
E continuaram naquilo até que se virou para o candidato e lhe disse de papel esticado:
Já te perguntei 4 vezes. Não pergunto mais vez nenhuma. Vais continuar ou não?
E o Filipe, já mais envergonhado do que no princípio lá disse que sim.
E as coisas foram andando, até que apareceu um outro puto, com os seus 16/17 anos, uma cara linda, limpa, mas que era a antítese do Filipe. Extrovertido, meu para cá, bué para lá, cantava que Valha-me Deus e, claro, também passou.
Dos 12 mil candidatos restam em prova 5 concorrentes, entre eles dois únicos rapazes: o Filipe e o Carlos, claro.
Eis que a semana passada o Carlos escolheu cantar uma canção dos Anjos, que aliás cantou magnificamente, saltou, correu pelas coxias, pôs o público completamente histérico, sobretudo o feminino.(Ver aqui)
Ou seja, fez aquilo que é suposto um Ídolo fazer.
Pois o Manel passou-se. ( Fúria do Manel )
- Pop foleiro
- Não era nada daquilo que queriam.
- Os Anjos não valem um caracol.
- Espero que não ganhes o Ídolos.
O rapaz ouviu tudo com os seus enormes olhos a sorrirem, com um sorriso lindo na cara e no fim ainda agradeceu delicadamente.
O público vaiou estridentemente o Moura dos Santos o que o levou a, como não podia deixar de ser, invocar a democracia, a liberdade de expressão e aquela frase batida do momento em que acaba a nossa liberdade para começar a dos outros. Claro que ele tinha sido o primeiro a esquecer-se dessa ténue linha.
Na semana que se seguiu a bronca estalou, o verniz estalou, a educação que é inexistente, estalou. E Os Anjos não se ficaram e ameaçaram com um processo.
Domingo passado, na última gala, aconteceram 3 coisas inéditas:
1ª O Manuel Moura dos Santos, faltou ao programa por razões " pessoais", pela 1ª vez
2ª A gala teve como artistas convidados "Os Anjos", pela 1ª vez. Ou seja, pela 1ª vez houve artistas no programa sem serem os concorrentes, e foram Os Anjos! Isto na semana seguinte à bronca.
2ª O Carlos fez tudo o que o outro queria: não saltou, não dançou e escolheu para cantar, Só, uma canção do Elvis Presley que cantou magistralmente e mais uma vez, pôs o público e os restantes jurados aos seus pés.
Aqueles que aguentaram e chegaram até aqui, devem estar a perguntar-se:-
Mas porque raio a Bluevelvet ficou tão, tão danada com isto que não se conteve e teve que escrever um post sobre o assunto:
Pois eu digo-vos.
1º Comove-me às lágrimas ver jovens humildes, darem tudo para perseguirem o seu maior sonho.
2ª Odeio gente arrogante, que tem a mania que sabe tudo e sobretudo que é mal educada. Ai, como odeio gente mal educada. Grrr
3º Last but not the least, e esta é a verdadeira razão para a minha imensa danação: corre nos mentideros que o Carlos é homosexual e o Manuel odeia homosexuais.

Pois eu acho que deviam dar com *um gato morto encharcado na tromba do Manuel Moura dos Santos até o gato miar.
Primeiro porque está a colocar um rótulo no miúdo que não tem nada a ver com o concurso e segundo, porque que eu saiba o que se pede é que o Carlos cante e não que ele vá para ali sacar miúdas.
E ele canta. Se canta!!!

*Expressão alentejana

PS: embora possa parecer que não tem nada a ver com o assunto, mas tem:
Alguém sabe o contacto do jurado Laurent? Meninas, é que aquele homem é para metermos debaixo do braço e embarcarmos para as Caríbas com ele...Jesus, me abana!
Fui!