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5 October 2010

UM 5 DE OUTUBRO DIFERENTE

Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!
Vinícius de Morais



Mas se não os temos como sabê-lo? Pois é. Eu paguei para ver. E tive dois. Podia ter tido mais mas, infelizmente, a vida não quis. Um faz hoje anos e desde o seu nascimento, confesso, nunca mais pensei no que está subjacente ao facto de ser feriado o dia do seu aniversário. Ah, eu sei. Esta afirmção vai ser muito mal vista pelos poucos vizinhos que restam num bairro que já não encontrei na minha volta.
Mas, afinal se tanta coisa mudou em cinco meses de ausência, a começar por mim, passo a fazer jus àquilo que digo no meu perfil: politicamente incorrecta, sempre.
Assim sendo, o que me interessa hoje é comemorar mais um ano de vida do meu filho e desejar que muitos, muitos outros se lhe sigam com toda a felicidade que seja possível alcançar neste mundo conturbado.

Quando tentáste pôr-te em pé pela 1ª vez as minhas mãos estavam lá para te segurar.
Ainda estão!


29 September 2010

SOMETHING STUPID LIKE...I LOVE YOU


A Clínica é fora de Lisboa e eu só lá tinha estado uma vez. Na véspera, dia das burocracias, das preparações e do internamento.Ele foi a conduzir e eu tenho o malvado defeito de quando não sou eu a conduzir não reparar nos caminhos.
Assisti a todos os preparativos e fiquei até ao último minuto. Antes de sair perguntei ao enfermeiro a que horas teria que lá estar na manhã seguinte para ainda o ver antes de entrar para a sala de operações.
- O máximo até às 8.
Nessa noite mal dormi. Às 6 da manhã já estava a pé e às 7 no carro. Sabia que era na Parede mas não fazia a menor ideia de como chegar à Clínica. Pus a mente em piloto automático e a coisa até não correu mal até entrar na auto estrada e me enfiar numa fila que parecia nunca mais ter fim.
Os minutos iam passando e a minha aflição crescendo.
Por milagre, só pode ter sido, de repente dei de caras com uma tabuleta que indicava a Clínica e pouco depois estava no parque de estacionamento.
Faltavam 3 minutos para as 8 da manhã.
Tinha um jardim enorme para atravessar, uma escadaria imensa para subir e não sei quantos corredores para percorrer até chegar à cama dele. Olhei para os sapatos e amaldiçoei a triste ideia de calçar uns com 8 centímetros de salto. Só havia uma hipótese e foi o que fiz: descalcei-os.
Com o ar mais digno que consegui arranjar desatei a correr, muito bem vestida mas descalça e de sapatos na mão.
Quando cheguei à porta do quarto mal respirava e o meu coração parou quando vi a maca onde ele estava deitado a ser empurrada para o elevador.
Felizmente que o enfermeiro era um amor e quando me viu parou e segurou a porta, empurrando a maca para trás.
Encostei a cabeça no peito dele e murmurei: Vai correr tudo bem. Amo-te, meu amor.
Numa voz já entaramelada pelos sedativos ele murmurou uma frase. Agarrei-lhe na mão e só a larguei quando a maca entrou toda no elevador e as portas se fecharam.
Sentei-me na cadeira mais próxima de sapatos na mão, tentando recobrar o fôlego e fazer com que as pernas parassem de tremer.
Foi então que uma enfermeira se aproximou de mim e me disse:
- Não se preocupe. Vai ver que vai correr tudo bem. O seu marido está em boas mãos. Vê-se mesmo que estão casados há pouco tempo.
Sorri sem dizer nada.
Encostei a cabeça na parede que estava atrás, fechei os olhos numa prece silenciosa enquanto ouvia de novo a frase que ele me tinha murmurado:
- Sabia que não ia falhar, mãe. Também a amo muito.

23 January 2008

HAPPY BIRTHDAY, SWEETIE!

Se eu pudesse passar a minha vida a limpo, ( como escreveu o Drummond), apagava quase tudo.
Não apagava as minhas duas obras-primas: os meus filhos.
Um deles faz hoje anos.
Eu era uma menina quando ele nasceu, mas desde esse dia tornou-se a coisa mais importante da minha vida, até...à chegada do irmão.
Desde aí, é impossível avaliar o amor que tenho por ambos.




Tal mãe tal filho
Mas, os anos passam...
E que dar à Excelência?
Uma brincadeira, porque não?

5 October 2007

PARA OSITO DE MÁMÁ

O meu 5 de Outubro
Que me desculpe quem me lê, mas não vou falar do feriado.
Vieste, microscópico, sem aviso, sem encomenda.
Desde o 1º momento em que te soube, que te protegi e te amei.
A las 11 en punto de la mañana cortaram-nos de jure o cordão umbilical,
Mas não de facto.
Nasceste feínho, cabecinha de melão que as ventosas não perdoam.
Mas logo, logo, ficou redondinha.
Olhos cor de amêndoa, cabelo muito claro, sempre seguindo todos os meus passos.
E assim ficamos.
Santo em casa, mafarrico no colégio, por onde foste passando ninguém te esqueceu.
Academia de Música de Santa Cecília e a Irene, S. João de Brito e o Padre reitor, Católica e a Tertúlia: ninguém esquece o Guigas.
Excelente aluno, bom carácter, bem formado com um enorme espírito de sacrifício, trabalhador humilde que depressa chega ao topo, escritor e pensador, advogado genial.
Mas isso não interessa nada.
Tivesses defeitos graves, deficiências físicas, mais te amaria.
Meu companheiro de todas as horas, boas e más, e nos últimos anos muito mais más que boas sempre te manténs firme e forte.
Tens sofrido, que a vida não é justa.
Por isso, mais te amo ainda, se tal fosse possível.
Por seres quem és e como és, Parabéns.

Nasci-te

No meu ventre de mulher cresceu teu feto

e foi a minha boca que te deu palavras

e silêncios para tu gritares

Dos meus braços multipliquei teus braços

e dei distâncias para tu voares

Dei-te tempos-de-nada

medidos de coragem

E foste. E és.

18 September 2007

40 RAZÕES PARA NÃO TER FILHOS

Quando penso que depois de ter visto um porco a andar de bicicleta (a frase não é minha, claro) já pouco me pode surpreender, eis que acontece qualquer coisa que me deixa estarrecida.
Chegou-me na forma de um artigo saído na última Sábado.
Uma economista francesa de 43 anos, a contas com a Justiça por em 2004 ter escrito um livro " Bom Dia Preguiça" onde ensina truques para se trabalhar o menos possível, sem ningém dar por isso, lançou agora um outro Bestseller ( cada vez me sinto mais loira) com um título nada polémico: "40 Reasons Not to Have Children".
Por ter uma doença cardíaca grave, por ter osteoporose em grau elevado, por qualquer razão semelhante, pensei eu que, às vezes, sou muito loira.
Mas não. As razões da senhora são outras.
Eis alguns exemplos significativos:
- Cada filho é um perigo ecológico.
- As crianças acabam com o desejo dos pais.
- Desiludem sempre.
- O parto é uma tortura, e aqui afirma que a cena que melhor retrata um nascimento é a do parto do monstro que nasce no filme de terror Alien, acrescentando que o pior é quando nos põem à frente um esboço de ser humano, feio de meter medo, e mais à frente compara a criança com um Gremlin.

- Amamentar dói.

- As conversa das mães são sempre as mesmas.

- A nossa forma de falar torna-se idiota, para compreendermos o gu gu da da dos bébés.

- As crianças são perigosas, e exemplifica: Em 2001, no Norte de França, várias crianças fizeram acusações de abusos sexuais. Dezoito pessoas foram presas e passaram entre um e três anos presas. Uma suicidou-se. Erro judicial, as crianças tinham mentido.

Acresce dizer que a senhora, agora, além de escrever estas pérolas é psicanalista.

Bom, em 1º lugar, pobres doentes. Calculo que depois das consultas, ou morrem ou ficam malucos.
Em 2º lugar pode haver milhares de razões para não se ter filhos, e nenhuma é censurável.
Lamentavelmente, das 40 que ela apresenta, nenhuma é aceitável.
Pela minha parte, não tenho a intenção de engordar a conta bancária da senhora, comprando o livro.
Por outro lado deixo uma pergunta: e não se pode exterminá-la?
Aqui ficam, o porco e ela.



O Porco Corinne Maier