29 September 2010

SOMETHING STUPID LIKE...I LOVE YOU


A Clínica é fora de Lisboa e eu só lá tinha estado uma vez. Na véspera, dia das burocracias, das preparações e do internamento.Ele foi a conduzir e eu tenho o malvado defeito de quando não sou eu a conduzir não reparar nos caminhos.
Assisti a todos os preparativos e fiquei até ao último minuto. Antes de sair perguntei ao enfermeiro a que horas teria que lá estar na manhã seguinte para ainda o ver antes de entrar para a sala de operações.
- O máximo até às 8.
Nessa noite mal dormi. Às 6 da manhã já estava a pé e às 7 no carro. Sabia que era na Parede mas não fazia a menor ideia de como chegar à Clínica. Pus a mente em piloto automático e a coisa até não correu mal até entrar na auto estrada e me enfiar numa fila que parecia nunca mais ter fim.
Os minutos iam passando e a minha aflição crescendo.
Por milagre, só pode ter sido, de repente dei de caras com uma tabuleta que indicava a Clínica e pouco depois estava no parque de estacionamento.
Faltavam 3 minutos para as 8 da manhã.
Tinha um jardim enorme para atravessar, uma escadaria imensa para subir e não sei quantos corredores para percorrer até chegar à cama dele. Olhei para os sapatos e amaldiçoei a triste ideia de calçar uns com 8 centímetros de salto. Só havia uma hipótese e foi o que fiz: descalcei-os.
Com o ar mais digno que consegui arranjar desatei a correr, muito bem vestida mas descalça e de sapatos na mão.
Quando cheguei à porta do quarto mal respirava e o meu coração parou quando vi a maca onde ele estava deitado a ser empurrada para o elevador.
Felizmente que o enfermeiro era um amor e quando me viu parou e segurou a porta, empurrando a maca para trás.
Encostei a cabeça no peito dele e murmurei: Vai correr tudo bem. Amo-te, meu amor.
Numa voz já entaramelada pelos sedativos ele murmurou uma frase. Agarrei-lhe na mão e só a larguei quando a maca entrou toda no elevador e as portas se fecharam.
Sentei-me na cadeira mais próxima de sapatos na mão, tentando recobrar o fôlego e fazer com que as pernas parassem de tremer.
Foi então que uma enfermeira se aproximou de mim e me disse:
- Não se preocupe. Vai ver que vai correr tudo bem. O seu marido está em boas mãos. Vê-se mesmo que estão casados há pouco tempo.
Sorri sem dizer nada.
Encostei a cabeça na parede que estava atrás, fechei os olhos numa prece silenciosa enquanto ouvia de novo a frase que ele me tinha murmurado:
- Sabia que não ia falhar, mãe. Também a amo muito.

27 September 2010

TENTANDO ESCREVER


Sei agora coisas que não sabia há 5 meses. Significa que aprendi e isso é bom? Nem tanto. Não, quando o que se aprende não nos dá novos pensamentos ou novos mundos.
Nessa altura, escrever era algo tão natural para mim como comer, dormir, pensar ou ver. Quando olhava para alguém ou para algo, subconscientemente um post começava a tomar forma na minha cabeça.
Uma mulher com uma mancha na saia era muito mais que isso. Sobretudo a mancha. O que seria? Como teria ali aparecido? Porque continuaria ali? Agora isso não acontece. A mancha é uma mancha. Só isso.
A criança que chorava, chorava porquê? Porque tinha fome? Medo? Porque estava abandonada? E daí a história começava.
Agora, é só uma criança que chora.
Independente do dom ou do talento, como lhe queiram chamar, escrever é também um exercício. E como exercício que é necessita de ser exercitado ( perdoem a redundância). Como quando se faz ginástica e se pára, quando se recomeça, os músculos doem.
Com o escrever é bem pior.
Sobretudo quando as letras não se desenham para juntas se tornarem palavras que em conjunto darão um texto.
É o que dói não são os músculos: é a alma.

19 September 2010

(29) PORQUE É FIM-DE-SEMANA





O QUE É SER ADVOGADO...!!!!

Trabalha em horários estranhos...
(igualzinho às putas!)
Pagam-lhe pra fazer o cliente feliz.
(igualzinho às putas!)
O trabalho vai sempre além do expediente!?!
(igualzinho às putas!)
É mais produtivo à noite...
(igualzinho às putas!)
É pago para realizar as idéias mais absurdas do cliente.
(igualzinho às putas!)
Os amigos distanciam-se e só anda com outros iguais!?!
(igualzinho às putas!)
Quando vai ao encontro do cliente, tem de estar sempre apresentável...
(igualzinho às putas!)
Mas, quando volta, parece saído do inferno???
(igualzinho às putas!)
O cliente quer sempre pagar pouco, mas exige que faça maravilhas!
(igualzinho às putas!)
Quando lhe perguntam em que trabalha, tem dificuldade em explicar...
(igualzinho às putas!)
Se as coisas dão para o lado errado, a culpa é sempre dele!
(igualzinho às putas!)
Todos os dias ao acordar diz:
NÃO VOU PASSAR O RESTO DA VIDA A FAZER ISTO!!!!!!!
(igualzinho às putas!)

18 September 2010

(49) NÃO RESISTI


16 September 2010

PÉ- ANTE- PÉ


Como uma pequena bailarina de Petipa em Giselle, entro pé ante pé, espreitando por entre as árvores até que encontro uma casa azul onde morei quase três anos. Fez este mês mesmo.
Era uma vivência diária, mais nocturna do que diurna,havia até um bairro e vizinhos. Vizinhos também os havia que não pertenciam ao bairro mas que me aqueciam o coração com a sua ternura.
Quase 6 meses depois de ausência, , tenho muitas dúvidas e também adquiri algumas certezas. Dumas e doutras falarei outro dia.
Agora sei que tenho esta casa que é minha, embora com os panos de veludo a precisarem de ser mudados. O tempo e a falta de calor humano comeram-lhes a cor.
Não sei se há bairro, se há vizinhos, se tenho alguma coisa para escrever, não sei nem se vou voltar.
Mas sei de um saber de experiência feito, que quando Nietzsche escreveu que aquilo que não nos mata nos torna mais fortes, estava completamente enganado.
Ah não, não me matou, mas deixou-me frágil como o mais frágil cristal. Não sei se voltarei a rir, a sonhar, a fazer planos, a acreditar nos outros. Muita, muita coisa mudou em mim, mas seguramente não estou mais forte.
Só continuo a ser muito Velvet e isso acho que não mudará nunca.

Pitanga, mulher, podes parar de chamar por mim, podes sair da soleira da porta.
- Vá. Dá licença para dar ar à casa e entra. És sempre bem vinda.

Sunshine, Happy Even When It Rains, obrigada por todos os beijinhos que aqui deixavas todas as semanas com " as saudades de te ler".

Salvo, recebi as flores todas, as mensagens, as palavras, mesmo as que ficaram nas entrelinhas. A tua esperança, se ainda não morreu, estava certa.
Estou aqui.
Diferente, mas
Estou aqui.
Sofrida,
desiludida, mas
estou aqui.
Pelo menos essa batalha,
venci.