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4 March 2008

NÃO TENHO MAIS OLHOS DE MENINA

Não tenho mais os olhos de menina.
nem corpo adolescente (...)
O que te posso dar é mais que tudo o que perdi:
dou-te os meus ganhos.
A maturidade que consegue rir quando em outros tempos choraria,
busca te agradar quando antigamente quereria apenas ser amada.
Posso dar-te muito mais do que beleza e juventude agora:
esses dourados anos me ensinaram a amar melhor,
com mais paciência e não menos ardor,
a entender-te se precisas,
a aguardar-te quando vais,
a dar-te regaço de amante
e colo de amiga,
e sobretudo força — que vem do aprendizado.
Isso posso te dar:
um mar antigo e confiável cujas marés
— mesmo se fogem —
retornam,
cujas correntes ocultas não levam destroços
mas o sonho interminável das sereias."
Lya Luft é uma poetisa que trata as palavras com uma delicadeza parecida com a de um cirurgião tocando com pinças num órgão vital. Diz, como eu nunca conseguiria dizer estas coisas doces e aparentemente sábias.
Tornou-se vox populi que a idade e o sofrimento nos amadurecem.
Mas eu não penso assim.
Não sinto assim.
Ganha-se experiência, mas à custa de sofrimento. Porquê?
A felicidade não ensina nada de bom?
O passar do tempo traz-nos muitas perdas. De toda a espécie.
E ganhos! Dizem os mais velhos. E mais sábios. Do que eu.
Hoje, sou mais segura, escuto melhor os outros, sou menos impulsiva.
Mas continuo de feitio apaixonado, irreverente, com um imenso amor para dar e um regaço de amante.
E é este imenso amor que precisa transbordar das margens para que não seque a fonte e possa desaguar num mar imenso, para que não fique amarga, e para que ele não seque.
Por isso, eu quero ser virgem, ser alva, ser intocada e continuar a ter olhos de menina…
E definitivamente, não amadurecer à custa de sofrer…




PINK ELEPHANTS DO EXIST ( what nobody knows is that they depend on their wings to subsist)