Showing posts with label Velvets de chorar. Show all posts
Showing posts with label Velvets de chorar. Show all posts

25 October 2008

SEM PALAVRAS


Dori me
Interi mo Adapare
Dori me
Ameno, Ameno
Lantire, Lantire mo
Dori me

Ameno, Omenare, imperavi
Ameno, Dimere, dimere
Mantiro, Mantire mo
Ameno

Omenare, imperavi emulari
Ameno
Omenare, imperavi emulari
Ameno, Ameno dore
Ameno dori me
Ameno dori me

Ameno Dom
Dori me Reo
Ameno dori me
Ameno dori me

Dori me, Dom

Sinta minha dor
Absorve-me,
Toma-me
Sinta minha dor, Liberta-me,
Liberta-me
Descubra-me ,
Descubra meus sinais

Sinta minha dor

Suaviza (esta dor),

Conforta-me

Perceba, perceba
Mutilaram-me,
Machucaram-me
Liberta-me


Suaviza (esta dor),
Conforta-me
Liberta-me
Suaviza (esta dor),
Conforta-me
Liberta-me,
Ameniza a dor

Ameniza minha dor
Ameniza minha dor
Liberta-me, Senhor
Alivia minha dor Rei

Ameniza minha dor
Ameniza minha dor
Tira-me esta dor, Senhor

- K y r i é E l é i s o n -



Qual o mundo que deixaremos para trás para as próximas gerações, quando partirmos?




Que herança lhe destinaremos ?



Cabul, Afeganistão
Três anos depois da queda do regime Talibã, - num país dilacerado pela guerra e onde as oportunidades de trabalho, alimentação e necessidades básicas são escassas -, crianças disputam migalhas de carvão que caem dos sacos transportados por caminhões da Cruz Vermelha, de modo a garantir seu próprio sustento e de suas famílias.



Karkhla, Paquistão
Crianças com idade entre 4 e 6 anos, na sua maior parte provenientes de famílias afegãs refugiadas da guerra civil que acomete seu país natal, trabalham em fábricas de tijolos. O seu desgastante trabalho consiste em virar os tijolos para que sequem mais rapidamente ao sol. O seu peso de criança permite que realizem seu penoso trabalho sem amassar os tijolos em que se apoiam.

Tegucigalpa, Honduras

Abutres e crianças disputam as sobras que encontram num aterro sanitário da capital hondurenha. Juan Flores e outras crianças reviram o lixo a fim de encontrar qualquer coisa que possa ser comido ou vendido.

Siliguri, Índia

Ruksana Khatun, de nove anos de idade, quebra pedras na periferia da cidade. Pequenas mãos calejadas em troca de um salário irrisório.
Segundo a Organização Internacional de Trabalho, OIT, mais de 220 milhões de crianças trabalham no mundo, mais da metade delas em funções perigosas e em condições e horários precários, com jornadas de trabalho de até 17 horas.


San Vicente, Colombia
Na entrada de um bordel, adolescente aguarda o próximo cliente.
Dados divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância, UNICEF, revelam que milhões de crianças são vítimas da exploração sexual em todo o mundo. A cada ano, um milhão e duzentas mil crianças são vítimas de tráfico e venda.

M i s e r i c ó r d i a

A palavra misericórdia, de origem latina, surge da junção de misereo / miséria, e cor / coração.
Ela representa, portanto, um sentimento de empatia, colocar a miséria do próximo no nosso próprio coração.
A misericórdia refere-se ao coração que se compadece e age.

O oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença.
Érico Veríssimo

19 September 2008

ÔNIBUS 174

Escrevo ainda debaixo da emoção com que vi a 1ª parte de um filme cuja apresentação anunciaram na Sic há uns dias, e que quando vi disse para mim própria:
- Tenho que me lembrar de não ver.
Mas por uma qualquer coincidência, eu que raramente vejo televisão, estava em frente do écran quando o filme começou.
E como começa com imagens da Cidade Maravilhosa sentei-me " só para ver o início".
Mas fiquei agarrada desde os primeiros minutos.
À medida que o filme ia avançando fui ficando cada vez mais angustiada e presa, até ao fim.
Primeiro filme de José Padilha, realizador de "Tropa de Elite", "Ônibus 174" (2002) nasceu como alternativa à versão que as televisões e a imprensa deram do caso, contado do ponto de vista da polícia ou das reféns. Não houve qualquer tentativa para explicar a atitude do sequestrador, e foi isso que Padilha foi investigar.
O filme começa com a câmara a sobrevoar os morros e paira sobre uma vertigem de favelas.
Se esta é a cidade de Deus, Deus deve sentir-se pequenino.
Mas não é um filme sobre o sequestro de um autocarro no centro do Rio de Janeiro.
É um filme sobre como toda uma ordem social gera violência. Mostra como a violência é um recurso para alcançar visibilidade, existência social: a luta do sequestrador, como a de todos os meninos de rua, diz a certa altura um sociólogo entrevistado no filme, é "contra a invisibilidade".
A 12 de Junho de 2000, o Brasil assistiu em directo, e durante mais de quatro horas, ao sequestro do autocarro 174, no Rio de Janeiro. As forças da polícia foram incapazes de isolar a área, as imagens que as equipas de televisão registaram não podiam estar mais perto do rosto do sequestrador. Uma refém escreveu num dos vidros, a bâton: "ELE VAI MATAR GERAL ÀS 6HS". A presença das câmaras paralisou a polícia (um tiro certeiro no crânio não resultaria muito bem em televisão, porque iria espirrar miolos nos vidros, diz um dos polícias...) e mobilizou o sequestrador, que ameaça: "Isto aqui não é filme de acção, não! É para o Brasil ver mesmo..."Assim, quando ele dispara um tiro no interior do autocarro sobre um alvo invisível parece "bluff " - e é "bluff "...A biografia de Sandro, o sequestrador, é um desastre. A mãe foi degolada à sua frente quando ele tinha 8 anos, pai não conheceu, a palavra avó não tinha significado para ele. Com 8 anos tornou-se um menino de rua. Sobreviveu ao massacre da Candelária.
Durante anos deambulou por ruas e prisões cariocas, reunindo condimentos para um cocktail explosivo que culminou com o sequestro do autocarro. Sandro do Nascimento é o perfeito exemplo dos meninos "invisíveis", que estão por todo o lado, mas ninguém os vê, ninguém os quer ver, ninguém os ouve, ninguém os quer ouvir, mas todos sabem que existem... Sandro do Nascimento era um dos muitos malabaristas de rua que tentam, em vão, chamar a atenção de todos os que passam.
Como escreveu o cronista e cineasta Arnaldo Jabor:
"Ônibus 174, além de ser um dos melhores filmes de nosso cinema, é um crescimento para nossa consciência política. Vejam esse filme, vejam esse filme, chorem com ele! Falem para todos que não dá mais pé vermos o show da miséria que começa com menininhos fazendo malabarismos nos sinais de trânsito e termina tratando-os como ratos mortos à nossa frente."
E eu chorei sim. Chorei por ele e por todos os meninos de rua, sejam eles do Rio de Janeiro ou de Lisboa. Que também os há.
E achei ridículo que para apaziguar as nossas consciências, ponhamos selos nos nossos blogs clamando por Darfur, pela independência do Tibete, pelos refugiados, mas viremos a cara às crianças que na nossa cidade estendem a mão à caridade à porta dos supermercados ou nos semáforos enquanto vendem pensos rápidos.
Devemos chorar sim, por eles e por nós, que somos todos tão bonzinhos mas não fazemos nada para ajudar, não abdicamos de nada nem do supérfulo e quando chega a altura, o extermínio seria no entender de muitos se não da maioria, a melhor solução.
Como diz Arnaldo Jabor "Vejam esse filme, vejam esse filme, chorem com ele!"
Nota: Escrevi este post recorrendo a algumas notícias da net