
Hoje é Dia da Mãe – como se, todos os dias, não fossem os dias da minha Mãe!
É que ela não se demite do cargo dia nenhum.
Alentejana, num tempo em que o machismo parecia impedi-la de voar, ainda assim voou.
Veio para Lisboa, licenciou-se, e sem nunca esquecer o seu Alentejo, foi sempre uma Catarina Eufémia lutando contra as injustiças e em prol dos mais desfavorecidos.
Tem o porte e a beleza de uma Rainha e também a sua primorosa educação.
Há 11 anos virou enfermeira do meu pai, único amor da sua vida, e por ele tem abdicado de grande parte das coisas que gosta de fazer.
Cada dia que amanhece, é para ela mais um dia de se preocupar com todos da família.
Vigilante.
É mulher, mãe, avó, porto seguro de todos nós.
Falo com ela todos os dias: "zangamo-nos muito mas não posso passar sem ela" escreveu o escritor , e eu assino em baixo.
E cito ooutro escritor quando diz “…mãe, obrigada por desculpares sem ser preciso eu pedir, todas as minhas injustiças e todas as minhas faltas, mãe, enquanto eu viver tu vives sempre comigo e quando eu morrer eu vou logo ter contigo”.
A minha mãe não é diferente de outras mães, mas, tem uma coisa que outras nem sempre têm: é incondicional!!!
Sempre foi e, mesmo que a dor e o sofrimento a abatam, tem sempre a força suficiente para nos puxar para cima.
Só pode ir buscá-la ao imenso Amor que tem dentro dela.
Saí dela, mas continuamos ligadas por um cordão umbilical que não foi nunca cortado.
São com ela as melhores recordações que tenho da minha infância:
A ida à missa à Igreja de São Nicolau e depois tomar o pequeno almoço à Ferrari, no Dia da Mãe quando era a 8 de Dezembro.
As compras na Baixa dos tecidos escolhidos a dedo para depois levar à modista que fazia os meus vestidos.
As viagens que fizémos a museus, a bailados, a livrarias. A ela devo toda a educação e cultura que tenho.
Com ela, tudo é feito como se de um ritual se tratasse.
Ainda hoje, e tanto eu como os netos nos rimos disso, se um livro acabou de sair ou saiu há muito tempo, não importa, se ninguém tiver, ela tem.
Num Natal de há anos, ainda por cá ninguém sabia quem era Adriana Calcanhoto, um dos seus presentes para mim, foi o 1º Cd da cantora.
Esteve comigo no parto dos meus filhos, e na saúde e na doença, nos bons e maus momentos, ela ali está como uma Rocha escondida num corpo já frágil.
Poderia encher páginas sobre a minha Mãe, mas acabo dizendo:
Enquanto tiver Mãe, nunca estarei sózinha.
Para ela, em singelas e simples palavras, aqui fica , em homenagem, um poema de Mário Quintana:
Mãe... São três letras apenas
As desse nome bendito:
Também o Céu tem três letras...
E nelas cabe o infinito.
Para louvar nossa mãe,
Todo o bem que se disse
Nunca há de ser tão grande
Como o bem que ela nos quer...
Palavra tão pequenina,
Bem sabem os lábios meus
Que és do tamanho do Céu
E apenas menor que Deus!
Gravura de Susana Tavares