Muitas vezes me tenho interrogado porque razão estou sempre pronta para partir.
Partir para viajar. Tinha 16 anos quando saí do País sozinha, mas antes disso já tinha feito várias viagens com os meus pais.
Desde aí, nunca mais parei e sou uma privilegiada por conhecer tantos e tão diferentes países e gentes.
Quem viaja muito sabe que acontecem coisas, umas boas, outras menos boas e às vezes até aventuras.
Acho que poderia escrever um livro com tudo o que vi e senti, mas como isto de escrever um livro não é para qualquer um, por isso, fico-me aqui pelo meu blog.
E mesmo assim, porque uma certa vizinha passa a vida a seringar-me para que o faça. Não sei se aquilo que irei contando terá grande interesse para quem não esteve lá, mas vale a intenção.
Vou começar por Cuba, apenas por um acaso. A vizinha Si fez um
post há 2 dias, que me recordou um episódio muito divertido que me aconteceu em Cuba.
Esta não era a abordagem que tinha em mente quando pensei escrever sobre Cuba, mas calhou assim.
Porque Cuba tem tanto que se lhe diga, tem tanto para ver, pode ser vista com olhares tão diferentes, que uma dezena de posts bem longos não dariam para contar tudo o que vivenciei das duas vezes que lá fui.
Disse sempre que queria ir a Cuba com Fidel no poder e a Macau ainda sob administração portuguesa.Tive a sorte de conseguir ambas as coisas.
Mas, para os menos avisados, digo já que quem se meteu no avião em Lisboa e foi directo para Varadero, não pode dizer que foi a Cuba.
Quem não tiver ido a Cienfuegos,Trinidad, Santiago de Cuba e, naturalmente a Havana, ou almoçar a casa de uma família cubana, não sabe o que é Cuba.
Cuba é muito mais que os resorts e as praias maravilhosas. Ou melhor, Cuba não é Varadero, embora lá também me tenham acontecido coisas muito engraçadas.
Por hoje vou só contar esse tal episódio que o post da Si me recordou.
Nessa altura, eu e duas amigas, formávamos um grupinho a que os nossos maridos chamavam "As Lolas", sendo que uma era a "loira",( eu ) outra a "preta" por ser morena e a outra a " mais ou menos" por nem ser uma coisa nem outra.
Ainda hoje nos tratam assim.
Entre os vários passeios que se podem fazer, um deles é ir de catamaran a Cayo Coco ou de teco teco a Cayo Largo.
Como a "mais ou menos" se recusou a entrar no teco-teco fomos a Cayo Coco.
O Catamaran era enorme e lindo. Fomos recebidos com mojitos e Margaritas e aquela musiquinha que põe qualquer um a mexer.
A determinada altura um dos "marinheiros" informou-nos que embora estivéssemos na época em que era proibido apanhar lagostas, ele ia mergulhar e ver se encontrava algumas para o nosso almoço.
E assim foi. O catamaran ficou balançando docemente nas àguas quentes e transparentes, enquanto o intrépido mergulhador, sem máscara nem oxigénio nem nenhum acessório a não ser as mãos, se atirou para dentro de àgua à procura de uma lagostinha.
Ficámos suspensos do que iria acontecer, quando de repente ele aparece com uma enorme lagosta que atirou para dentro do catamaran, enquanto mergulhava de novo. Claro que a pobre da lagosta andava de um lado para ou outro, enquanto nós nos refugiávamos na rede onde ela não poderia chegar.
Minutos depois, lá aparece o mergulhador com nova lagosta e novo mergulho.
A certa altura já havia tantas lagostas como pessoas, e a risota era geral, porque parecia que as bichinhas tinham sido lá colocadas previamente para o nosso almoço.
Ficámos sempre com essa dúvida, que preferimos não aprofundar.
Depois do fantástico almoço, da caminhadas na praia deserta da ilha, com areia fininha e branca, iniciámos o passeio de volta.
Foi aí que 5 músicos que até aí não tínhamos visto, apareceram e começaram a tocar quase todos conhecemos e amamos: desde Rumba Azul e Maria La-Ô ao eterno "Hasta Siempre" e ao delicioso Beso Discreto.
Claro que nos desafiaram a dançar e iam-nos ensinando os passos.
Foi então que aconteceu uma coisa que me iria perseguir durante toda a estadia em Cuba:
A letra de
Beso Discreto, tem uma parte no estribilho que diz assim:
Para besar-te asi, mi amor,
asi,
asi,
asi
Um dos músicos, novo e bem parecido, enquanto cantava o Beso Discreto, de cada vez que chegava a esta parte, pregava-me um sonoro beijo num ombro, primeiro perante o meu espanto, e depois perante o riso geral.
Resultado: durante o resto da viagem e ainda hoje, as minhas amigas, a propósito de nada, me dizem com um ar malandro:
O que tu queres é um Beso Asi, Asi, Asi.
Nota: a fotografia retrata o momento da apanha da 1ª lagosta...