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6 April 2009

UMA PRATELEIRA DE AFECTOS

Olhava as prateleiras da minha despensa:

Esparguete, arroz, várias farinhas, alguns enlatados, poucos, especiarias, cereais, chocolates, azeite, enfim aquilo que é necessário para cozinhar aquilo que alimenta o nosso corpo.
Estava ali a olhar, tudo muito alinhado, por secções, com caixas todas da mesma cor.
Já tinha comido uma barrita de cereais, fruta, um iogurte, não era bem fome que eu sentia.
Era assim como que uma falta.
Descobri que preciso de mais uma prateleira onde possa pôr frascos. Frascos de formas diferentes, de várias cores e rótulos de letras gordas:
Cheiro dos meus filhos, bebés acabados de sair do banho.
Perfumes que marcaram várias fases felizes da minha vida.
Cheiro do mar.
Cheiro das noites africanas.
Cheiro de livros.
Cheiro da relva acabada de cortar.
Cheiro do pelo da cabecinha do meu James.
E sons? Será que consigo engarrafar sons? Sons de aviões a levantar voo, de ondas a bater no casco de um barco, de ventos enfunando velas, do batuque do samba que me faz saltitar os pés, sons de beijos repenicados, sons, sons de corações batendo um contra o outro num abraço apertado.
Descobri. Quero uma prateleira só de afectos.
É isso que falta na minha despensa para me poder saciar quando sinto estas faltas.

15 March 2008

FALANDO DE AFECTOS - PARA A LISA



Se repararem no primeiro post com este título, verão que digo lá que ia escrever 2 posts sobre os AFECTOS.
Ia. Mas agora são 3.
Quando escrevi o primeiro ainda não sabia que ia escrever o terceiro.
Confusos?
Eu explico:
Quem me lê há uns tempos sabe que vim parar à net pela mão de um amor. Que virou amigo.
Este blog nasceu de um afecto que morreu e tem-se alimentado de afectos.
Antes eu não percebia nada destas coisas da net.
Para ser sincera, ainda hoje percebo pouco. Quero dizer que sei procurar tudo o que me interessa, fazer buscas de imagens, de bonecos, já sei fazer muita coisa no meu blog, mas da NET propriamente dita não percebo é mesmo nada.
Senão, reparem:
Quando comecei este blog tinha as portas abertas de par em par.
Logo dois dias depois, um alguém muito estranho deixou-me um comentário, no qual se encontrava uma dedução fantástica: pela fotografia do blog eu devia ser uma grande "mamona" e a figura oferecia-se para me fazer montes de coisas que eu nunca tinha dado mostras de querer.
Mas há gente assim: gosta muito de dar coisas!
Muito atrapalhada, tratei de moderar os comentários, enquanto sibilinamente rosnava: Idiota!Não sei se já repararam que pus 2 pontos de exclamação seguidos.
Foi de propósito!
Comecei então uma postura a nível de comentários ou de blogs que visito, que ainda hoje mantenho:
Quando alguém de um blog que não conheço me comenta, vou a esse blog e agradeço a visita deixando, às vezes, um comentário. Se gosto volto, se não gosto, não volto.
Se quando abro o blog dou de caras com um blog pornográfico dou meia volta e venho-me embora.
Sempre defendi que as pessoas podem fazer o que querem, desde que não interfiram com a minha liberdade.
Ou seja, não gosto de pornografia, acho que só pessoas com desvios de comportamento ou sexuais gostam, mas como aparentemente, podem existir blogs desse tipo, só me resta sair de mansinho. Nem agradecimentos deixo e rejeito o comentário. ( Devo dizer que só me aconteceu uma vez).
Se vou parar a um blog com imagens de uma violência que dá náusea, faço exactamente a mesma coisa. ( Curiosamente, também só me aconteceu uma vez).
De resto, quer nos blogs que fazem parte do meu quotidiano quer nos que visito de novo, deixo um comentário concordando ou discordando, no tom que a intimidade que já tenho com quem o escreveu, me permite.
Sempre, naturalmente, de uma forma educada.
E porquê isto?
Porque tenho o direito de discordar. Mas tenho o dever de ser educada.
Mais ainda: se for algo que me choque ou com que discorde violentamente, ou nem comento, ou por mail ou pelo contacto que tenho com quem fez o post, falamos sobre o assunto.
Agora, alguém me explica, por favor, mas expliquem-me com laranjas, e como se eu tivesse 5 anos:
Porquê que alguém, que ainda por cima tem uma relação já de alguma amizade com o dono/a do blog, deixa comentários insultuosos e ordena que o seu blog seja retirado da lista dos blogs visitados, publicamente?
Só pode ser porque é uma pessoa sem educação, mal formada, que se acha o centro do mundo, e outras cositas más que me escusarei de enumerar aqui.
E por mais uma razão que, essa sim, referirei: porque na vida real também é assim. A vida virtual de uma pessoa é o espelho daquilo que ela é.
Porque mesmo quando, aparentemente, parece não ser assim, é-o na cabeça e deep down.
Por isso é que eu digo que a net não tem culpa de nada.
A net é o que as pessoas fazem dela.
A net, a mim, só me tem dado alegrias: ganhei alguns amigos reais, tenho amizades que vão saindo do virtual, carinhos, mimos, em suma, AFECTOS.
Por causa de uma atitude igual à que relatei acima, um blog de que muito gostava foi fechado.
E esse blog faz-me falta.
Desde a 1ª vez que o visitei que fiquei fã.
Era clean, divertido, sério, solidário, giro, interessante.
Estou danada.
Quem o escreve é uma pessoa doce, bem formada, delicada, com uma enorme preocupação de não magoar os outros.
Essa pessoa está triste.
E eu estou triste com ela.

14 March 2008

A AMIZADE ESTÁ FRIA - FALANDO DE AFECTOS II

Recados Para Orkut




Escrever sobre a amizade é um tema recorrente. Vira e mexe é amizade para cá, amizade para lá. É a discussão das amizades virtuais por oposição às reais.
Se hoje conhecemos alguém, amanhã apresentamo-lo como nosso " amigo". Sim, nunca vi ninguém apresentar um tipo qualquer como "é um conhecido meu".
Esta história de não se respeitar o verdadeiro significado das palavras é uma coisa que me irrita e, ultimamente, anda mesmo a dar-me nos nervos.

Portanto hoje, vou ser politicamente incorrecta.
Que raio, interessa lá de onde veio a amizade, como aconteceu, porque aconteceu.
O mundo vive há muito tempo a era dos cínicos e a amizade é simplesmente tolerada. Hoje em dia a Amizade parece ser aquela companhia porreira que nos deu algo em troca.
Ora, um dos males da sociedade actual e que levou à banalização da Amizade é que conhecemos muita gente: colegas de trabalho, antigos colegas de curso, ex-namorados, sócios da empresa, amigos do Hi5, sites de encontros, amigas que foram a Londres uma vez às compras ou que se conheceram num fim-de-semana prolongado em Serra Nevada.
Tudo amigos.
É uma fartura!
O outro mal, é a confusão dos encontros permanentes: aqueles que vemos "demasiadas vezes".
Mas o " demasiado" tem uma palavra: hábito.
E o hábito é primo direito do tédio.
E o tédio, Meu Deus, o tédio faz mal aos nervos, à alma e à Amizade.

Portanto, nem sempre os que vemos todos os dias, são os mais amigos!
E para início de conversa a Amizade não é coisa p'ra meninos. Não é um biscate de fim-de-semana pago com jantares e copos avulsos.
A Amizade é uma MISSÃO.
Até há aquilo a que uma amiga minha chama de Teoria da Crueldade.

E diz assim: Se não és capaz de dizer tudo a um amigo, então não és amigo dele.
E, às vezes, os nossos amigos são os nossos sacos de pancada. É a eles que enchemos a paciência com os nossos problemas, são eles que nos emprestam a casa em tempo de crise, que nos emprestadam dinheiro quando estamos desempregados, que nos ouvem quando o silêncio nos afoga, que nos oferecem o ombro e nos dão a sua presença quando mais ninguém se importa connosco.
Ter um amigo assim é um tesouro. Mas não um tesouro lamechas do tipo" vai onde te leva o coração".
Os amigos são ciumentos. Têm reacções de virgens ofendidas. Desconfiam dos nossos colegas, dos companheiros de borga ou dos potenciais candidatos a novos amigos.
AMIZADE é uma só coisa.
E não pode ser uma coisinha.
A amizade, definitivamente, não está na moda, e quem " amiza" é olhado de lado. É um banana dos Afectos.
Está tão fria a Amizade, que um dia ainda há-de ser um contrato por escrito: uma retribuição sinalagmática qualquer entre duas pessoas, que em vez de se ir ao notário reconhecer, se comemora com um almocito.

ENJOY!
To be continued


13 March 2008

FALANDO DE AFECTOS 1

Um certo Professor " infectou" a net, lançou uma moda e pegou-nos uma doença, chamada Afectos.
Antes eu pensava em termos de Amizade, Amor, Ternura, Admiração e tantos outros sentimentos que, afinal podem englobar-se todos na palavra Afecto.
Complicadinhos como somos, nós portugueses, arranjámos um sem número de palavras para dizer que gostamos de alguém, mas verdade, verdadinha, quantos de nós já usámos a palavra Amo-te para expressarmos o nosso amor por alguém?
Eu, muito poucas, e no entanto, amo algumas pessoas. Claro que já usei a expressão, mas nunca dirigida a alguém e assumindo o profundo sentido que ela encerra.
Já os americanos e os ingleses são peritos em usar a expressão 'I love you'.
Usam-na por tudo e por nada. Despedem-se (no dia a dia, nas mensagens, nas cartas) com 'Love', 'Love you', 'I love you' e agora influenciados pela net e pelos Sms, Lovu e outras meiguices do género. Já os portugueses (e eu não sou excepção) reservam esta "mensagem" para pessoas e momentos muito especiais. E, curiosamente, essas pessoas especiais não incluem a nossa família mais chegada (pais, irmãos, avós...).
Na verdade, quando os habitantes dos países de língua ingles dizem I Love You, sabe-se o que querem dizer, dependendo do destinatário.
Enquanto pensava que ia fazer 2 posts sôbre os Afectos, dei comigo a pensar:
- Será que é mesmo como estou a dizer?
- Ou será que sou das únicas pessoas para quem a palavra Amor encerra mistérios que parece mais seguro não desvendar?
- Será que sou um caso raro ao sentir-me tão relutante em traduzir nesta palavrita tanta coisa que se sente, sem dizer?
Que tal responderem-me?
Que tal vai isso de afectos?