9 September 2007

( IN MEMORIAM) LUCIANO

Não gosto de ser óbvia, e é obvio q o Mundo inteiro está falando da morte de Pavarotti, das suas origens, do que cantou, de como aproximou a ópera do povo, etc, etc.
Por isso prefiro recordar aqui o espectáculo a que tive o privilégio de assistir no Coliseu, quando ele veio cantar pela 1ªvez a Portugal.
O Coliseu ainda era aquele velho Coliseu com cadeiras de suma-a-pau, o tecto ainda era o antigo e tudo tinha,de facto, o cachet da velha Catedral.
A sala estava engalanada como poucas salas tenho visto. Toda com veludos vermelhos pendurados nos camarotes e com dezenas de flores. Fazia lembrar os concertos de fim-de-ano a que assistimos na televisão.
O público vestia as suas melhores toillettes, eles de smoking, e as senhoras de comprido.
Toda a sociedade ( que, na altura não era "jet set")civil e política estava presente, e sentia-se que um frémito de emoção misturada com excitação percorria todo o público.
Como o Presidente da República estava presente no camarote presidencial, cantou-se o Hino Nacional, e lembro-me de ter comentado " Se hoje caísse aqui uma bomba, o País ficava acéfalo".
Todo o recital foi feito de intervalos: de palmas e de silêncio profundo.
Quando acabou estava pronta para ouvir tudo de novo.
A presença em palco de Pavarotti não se impunha pela sua corpulência mas pela sua voz e pela beleza dos temas cantados.
Foi sem dúvida um dos mais inesquecíveis espectáculos a que assisti.
Pavarotti morreu.
Tenho muita pena, mas embora saiba que talvez choque quem me ler, a pena que sinto é a mesma que sinto quando morre qualquer outra pessoa com a idade que ele tinha, e levado por tão mortífera doença. Sinto pena pelo homem, não pelo artista. Acho que ele já não podia fazer melhor.
A sua voz e as suas interpretações ficarão para sempre connosco.
Poucas pessoas poderão partir, dizendo como ele: "Cumpri".

0 nhận xét :