Ah, e vocês sabem que quando estou danada ou desato a falar brasileiro ou falo de faits divers, esquecendo que o meu blog é suposto só ter artigos sérios ( nada melhor do que rirmos de nós próprios) ou escrevo coloquialmente.
Agora queria ser um jornalista daquelas das revistas cor-de rosa, um Cláudio Ramosito, até mesmo um daqueles homens que seguram nos cabos para as estrelas não se estabacarem no chão, ou então uma ...mosca.
Uma mosca, sim, uma mosquinha que conseguisse assistir às cenas de bastidores, aos berros, aos murros em cima da mesa que neste momento o Sr. Manuel Moura dos Santos deve estar a dar em tudo e todos os que o rodeiam.
Manuel Moura de quem perguntam vocês.
Pois, então eu explico.
Uma pessoa que foi muito importante na minha vida costumava dizer que embora eu fosse uma princesa tinha uns certos lados foleiros...
Na altura, resumiam-se ao facto de eu gostar e muito do Roberto Carlos. Claro que, quando as divas e tudo quanto é artista conceituado começou a cantar o Rei, esse lado desapareceu.
Mas volta e meia, volta. Ah, volta.
Agora voltou.
Porque eu gosto de música. Acho que não saberia, não poderia viver sem música. De quase toda. Do clássico Quebra-Nozes àquela que se dança agarradinho, com a cabeça languidamente apoiada no ombro do parceiro, ou a desbunda absoluta de uma salsa cubana dançada en su sítio, de preferência com um cubano.
Daí que, a um nível mais baixinho tenha visto os " Chuvas de Estrelas" ( de onde, não esqueçamos, saiu uma Sara Tavares ou um João Pedro Pais), depois, mais recentemente a Operação Triunfo, de onde sairam, entre outros o Ricardo Soler ( o Tony) de West Side Story do La Féria.
Agora, decidi ver "Os Ídolos" desde os 1os castings. Ah, pois, vi tudo. Estou mesmo completamente por dentro, desde o início.
Quer dizer, por dentro do que pode estar uma humilde espectadora.
Os 1os castings foram inesquecíveis, com gente a pensar que cantava e grunhia. Que me desculpem, mas é verdade. Depois, de repente, aparecia como por milagre, alguém que cantava, que tinha estilo, que tinha voz, que tinha tudo. Era um gozo absoluto.
Numa dessas noites, apareceu um rapaz que fez o seu número, escutou os elogios dos jurados que ficaram absolutamente rendidos ao seu talento, mas que quando lhe deram um papelinho amarelo que lhe dava passagem à fase seguinte, recusou.
- Não, não. Eu não quero concorrer a este concurso. Só queria que me dessem a vossa opinião. Em suma, que me dissessem se tenho talento.
Parecia o Bryan Ferry, benza-o Deus. Mais novinho, mas o estilo, a voz, o bom gosto do Bryan Ferry.
Bem, não estão a ver. O tal senhor Moura Santos, que segundo parece é uma autoridade em música mas educação não tem nenhuma, dignou endireitar-se, sim que ele está sempre deitado no balcãozinho( deve ser fraqueza...independente da obesidade mórbida de que sofre) e passando do 8 ao 80, esticou-se todo para trás na cadeira, ( temi até que caísse) e desatou aos berros com o puto, que não estavam ali para perder tempo, se ele se achava bom demais para aquele programa, que continuasse e depois fazia da vida dele o que quisesse.
O rapazinho, com ar bem comportado, olhinho azul, abanava a cabeça nada convencido, que aquilo não era a praia dele, que não era o género de música que queria cantar, que não queria ser um ídolo Pop e blá, blá, blá.
Nada a fazer. O senhor dos Santos não desistia.
-Mas tu tens tudo para ser um Ídolo Pop. És mesmo o que queremos, não podes desistir.
E continuaram naquilo até que se virou para o candidato e lhe disse de papel esticado:
Já te perguntei 4 vezes. Não pergunto mais vez nenhuma. Vais continuar ou não?
E o Filipe, já mais envergonhado do que no princípio lá disse que sim.
E as coisas foram andando, até que apareceu um outro puto, com os seus 16/17 anos, uma cara linda, limpa, mas que era a antítese do Filipe. Extrovertido, meu para cá, bué para lá, cantava que Valha-me Deus e, claro, também passou.
Dos 12 mil candidatos restam em prova 5 concorrentes, entre eles dois únicos rapazes: o Filipe e o Carlos, claro.
Eis que a semana passada o Carlos escolheu cantar uma canção dos Anjos, que aliás cantou magnificamente, saltou, correu pelas coxias, pôs o público completamente histérico, sobretudo o feminino.(
Ver aqui)
Ou seja, fez aquilo que é suposto um Ídolo fazer.
Pois o Manel passou-se. (
Fúria do Manel )
- Pop foleiro
- Não era nada daquilo que queriam.
- Os Anjos não valem um caracol.
- Espero que não ganhes o Ídolos.
O rapaz ouviu tudo com os seus enormes olhos a sorrirem, com um sorriso lindo na cara e no fim ainda agradeceu delicadamente.
O público vaiou estridentemente o Moura dos Santos o que o levou a, como não podia deixar de ser, invocar a democracia, a liberdade de expressão e aquela frase batida do momento em que acaba a nossa liberdade para começar a dos outros. Claro que ele tinha sido o primeiro a esquecer-se dessa ténue linha.
Na semana que se seguiu a bronca estalou, o verniz estalou, a educação que é inexistente, estalou. E Os Anjos não se ficaram e ameaçaram com um processo.
Domingo passado, na última gala, aconteceram 3 coisas inéditas:
1ª O Manuel Moura dos Santos, faltou ao programa por razões " pessoais", pela 1ª vez
2ª A gala teve como artistas convidados "Os Anjos", pela 1ª vez. Ou seja, pela 1ª vez houve artistas no programa sem serem os concorrentes, e foram Os Anjos! Isto na semana seguinte à bronca.
2ª O Carlos fez tudo o que o outro queria: não saltou, não dançou e escolheu para cantar, Só, uma canção do Elvis Presley que cantou magistralmente e mais uma vez, pôs o público e os restantes jurados aos seus pés.
Aqueles que aguentaram e chegaram até aqui, devem estar a perguntar-se:-
Mas porque raio a Bluevelvet ficou tão, tão danada com isto que não se conteve e teve que escrever um post sobre o assunto:
Pois eu digo-vos.
1º Comove-me às lágrimas ver jovens humildes, darem tudo para perseguirem o seu maior sonho.
2ª Odeio gente arrogante, que tem a mania que sabe tudo e sobretudo que é mal educada. Ai, como odeio gente mal educada. Grrr
3º Last but not the least, e esta é a verdadeira razão para a minha imensa danação: corre nos mentideros que o Carlos é homosexual e o Manuel odeia homosexuais.
Pois eu acho que deviam dar com *um gato morto encharcado na tromba do Manuel Moura dos Santos até o gato miar.
Primeiro porque está a colocar um rótulo no miúdo que não tem nada a ver com o concurso e segundo, porque que eu saiba o que se pede é que o Carlos cante e não que ele vá para ali sacar miúdas.
E ele canta. Se canta!!!
*Expressão alentejana
PS: embora possa parecer que não tem nada a ver com o assunto, mas tem:
Alguém sabe o contacto do jurado Laurent? Meninas, é que aquele homem é para metermos debaixo do braço e embarcarmos para as Caríbas com ele...Jesus, me abana!
Fui!