Tão certo como 2 e 2 serem 4.
Tão certo como o sol nascer amanhã.
O que faríamos se descobríssemos que afinal a Terra não é redonda?
Que o Amstrong nunca pôs os pés na lua?
O que faríamos se todas estas certezas que temos desaparecessem?
Sobrevivíamos. Afinal estas certezas não acrescentam nada aos nossos sentimentos. São frios dados científicos.
O que faríamos se nos dissessem que o filho que amamos há anos não é o que parimos?
Que a nossa mãe não é nossa, porque somos adoptados?
A Mel já não mora aqui.
Durante 30 anos foi minha irmã, minha amiga, minha cúmplice.
A dela, era a minha casa.
A minha roupa era dela, a dela era minha, de tal maneira que vinha o dia em que não se sabia o que era meu ou dela.
Os nossos filhos, os nossos cães, os nossos projectos, os nossos desgostos, os nossos amores.
A Mel já não mora aqui.
De dia ou de noite, no Verão ou no Inverno, na alegria e na tristeza era ela e eu.
A Mel já não mora aqui. Resto eu.
Se penso em qualquer momento da minha vida a fotografia da Mel flasha na minha cabeça. Que dói.
Natal, aniversários, funerais e casamentos.
A Mel já não mora aqui, grito eu.
Era a minha última certeza de acreditar no ser humano.
E agora que ela já não mora aqui?
Foi de férias e um tsunami arrasou o meu porto seguro.
Boiando no mar de lágrimas onde me afundo, estou eu toda, em pedaços.
E sei que quando os recolher, e um a um os juntar para fazer o puzzle que eu sou, vai faltar um.
Porque a Mel já não mora aqui.
Ela cansou-se.
E eu matei-a.
6 October 2007
MEL JÁ NÃO MORA AQUI
Được đăng bởi BlueVelvet vào lúc Saturday, October 06, 2007
Nhãn: certezas , sentimentos , solidão
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3 nhận xét :
Não é o desmoronar de grandes certezas que faz o nosso mundo desmoronar...
Talvez a ausência de afectos... a ausência daquele "alguém" especial... São as pequenas grandes coisas...
Beijinhos!
Olá
A tristeza da perda é insuportável.
recorde os momentos que viveram que isso é uma forma de dar continuidade ao vosso companheirismo e àquilo que viveram. isso ninguém lhe tira...
Obrigada pela visita
É muito triste sentirmo-nos órfãos, não é?
Um abraço.
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