9 November 2007

UMA HISTÓRIA SÓ PARA MIM


Quando era pequenina gostava muito de histórias. Daquelas com meninos e casinhas de chocolate, príncipes, palácios encantados, fruta encantada, bichos encantados. Gostava de tudo o que fosse encantado porque depois se transformava, se é que me entendem.
E fadas. Boas e más. Acho até que gostava mais das más, porque depois eram castigadas.
Enfim, os meus gostos eram um bocado discutíveis!
A minha infância foi povoada de belos contos e no Natal o pedido mais escutado pelos familiares era: "Quero uma varinha de condão"
Uma das que mais gostava era " A Raposa das 7 Côres " , e quando a minha mãe ou avó se enganavam, eu, muito atenta e indignada: " Não, não foi assim "
Muitos anos se passaram e chegou o dia de contar essa história aos meus filhos.
Olhavam-me com olhos maravilhados e ouvidos atentos.
Comecei então a minha querida história:
Era uma vez uma floresta, ( não, não vos contar toda, porque como são adultos que me lêem não iam perceber...)...e depois a raposa, como lhe cairam em cima as latas de tinta ficou toda pintada. Então, servindo-se do seu novo e estranho aspecto, começou a tiranizar, a perseguir e atacar os outros animais da floresta, que até então viviam tão felizes.
Até que um dia, atravessando uma ponte, caiu ao rio, e as tintas desapareceram voltando o seu primitivo aspecto.
Quando ia continuar a história, a vózinha do mais pequeno dos meus ouvintes fez-se ouvir: - Ó mmã, de que marca seria a tinta?
- Que esperto, disse logo a minha mãe, que ia a passar.
Parei e fiquei a olhá-los. Esperteza? Não. Inocência e sonho poluídos pela publicidade martelada por televisões de 50 canais.
Pobres crianças!
Com 5 anos, já não dizem, com os olhos brilhantes e dando pulinhos de excitação, como eu fazia, e quem sabe, vocês também, ( vá lá, confessem )- E depois, depois?
Então, sem responder, disse para mim mesma: - E depois?
E acabei de contar a história só para mim.

8 nhận xét :

Melga do Porto said...

Por variadas e semelhantes “situações” também fico intrigado.
No entanto acabo sempre por lhes dar razão, por muito que me custe.
É realmente quase impossível atrair a atenção, para “histórias simples e coloridas”, a quem já nasceu num mundo de TV a cores xpto, com comando multifacetado e até DVD´s que só faltam falar.
O único argumento que sempre uso com os meus, mesmo agora mais espigadotes, é que se lhe falha a energia eléctrica ficam mesmo 100% às escuras.
Enquanto com um livro e espírito aberto, uma simples vela preenche universos de pensamentos e imaginação.
Levo com o LOL… mas algo ficará, por pouco que seja.
:)

Melga do Porto said...

Isto não é comentário!
Não gostas de David Lynch? Olha que o teu nick é um famoso filme dele... :)

Bárbara Cecília said...

Passei para deixar-te um beijo. Tenha um bom fim de semana!

O Profeta said...

Arranquei as cordas à viola
Calei este altivo tambor
Emudeci meu prazenteiro canto
Sou tecelão de sentires no vale do desamor


Bom fim de semana


Mágico beijo

Sol da meia noite said...

Entendo-te.
Mudam-se os tempos, mudam-se as histórias... perdem-se os conteúdos. Pena...

Agradeço-te de coração o carinho com que cuidas do meu Sol, logo pela manhã.
Deixo-te muitos, muitos beijinhos...

Alexandre said...

Sempre gostei de histórias de imaginar, daquelas que somos nós que inventamos o fim ou assim o pensamos! E ainda gosto: fazem parte do meu imaginário e um dos meus lobbies é escrever historinhas que talvez um dia alguém leia!!!

Muitos beijinhos!!!

Filoxera said...

Que bom, ler-te assim...
Beijos.

Silêncio © said...

Sorri ao lembrar as lindas histórias infantis.
Mas é a pura verdade que a publicidade e a tv mancham a imaginação dos mais pequenos.
O que é uma pena!
Um beijo sereno