Corria o ano de 1973 quando esta história começou.
Catarina era alta e magra, cabelos pretos com um brilho acobreado, fruto de uma mistura de henné natural que trazia do Brasil sempre que voava para lá.
Nascida numa das famílias mais tradicionais de Cascais e educada dentro de rígidos padrões de comportamento, cedo deu provas de uma independência que no início dos anos 70 não era muito bem vista no seio familiar.
Parou de estudar com 18 anos, idade em que começou a trabalhar como assistente de bordo.
Gostava daquela vida que lhe permitia sair do ambiente sufocante de Lisboa e do círculo de amigos cuja vida decorria monótona e repetitiva.
Para além das viagens que fazia em trabalho, aproveitava todos os fins-de-emana prolongados ou férias, para viajar para sítios de que a maior parte das pessoas em Portugal nem tinha ouvido falar.
Tinha ido a Bali, às Seychelles e às Maldivas e a descrição dessa e das suas outras viagens era motivo para animadas reuniões com os amigos.
Catarina tinha tido um namoro sério de alguns anos que acabara pela sua recusa em abandonar a aviação.
Um dos seus hobbies preferidos era passear no Guincho com os cães ao final da tarde, mesmo no Inverno. Costumava dizer que nessa altura a praia e o mar eram só dela, já que mais ninguém se aventurava a apanhar com o vento forte e o frio cortante que, as mais das vezes se fazia sentir.
Foi num desses passeios que conheceu Bernardo. Estava sentada a olhar o mar, enquanto os cães brincavam perto da rebentação, quando o viu chegar com a prancha debaixo do braço.
Naquela altura o surf não era um desporto comum em Portugal e por isso foi com curiosidade que o viu vestir o fato, correr para dentro de àgua e começar a ultrapassar a ondulação para apanhar as melhores ondas.
Ficou 2 horas sentada a observá-lo e abandonou a praia quando ele voltou para terra, não sem antes lhe sorrir.
Voltou no dia seguinte à mesma hora e a cena repetiu-se. Mas dessa vez, quando Bernardo saiu da àgua foi ter com ela e ficaram um tempo à conversa.
No dia seguinte Catarina voou para Nova Iorque, onde ficou 5 dias. Não lhe saía da cabeça o porte atlético de Bernardo, os seus cabelos loiros e olhos azuis que tanto contrastavam com o bronzeado típico de quem passa a vida dentro de àgua.
O avião de volta aterrou em Lisboa no horário previsto, de madrugada, e Catarina foi para casa descansar.
À tarde rumou ao Guincho e foi com um misto de alívio e excitação que viu um surfista dentro de àgua.
Era Bernardo.
A partir desse dia a vida dela passou a dividir-se entre o tempo que passava a voar e o que passava com Bernardo, ora na praia ora na casa de praia que os pais tinham em Cascais e que passou a ser o esconderijo de ambos.
Deixou de sair à noite, de se reunir com os amigos e todo o tempo que não estava a trabalhar era para estar com ele.
Catarina estava perdida e irremediavelmente apaixonada.
Em Dezembro tomou a decisão que iria mudar a sua vida para sempre.
Escolheu o dia 8, dia dos seus anos, para informar toda a família que tinha conhecido Bernardo no princípio do ano, que se amavam e tinham decidido casar o mais depressa possível porque estava grávida.
Catarina fazia nesse dia 32 anos. Bernardo tinha 18.
Nota 1: Esta história é verídica e só os nomes foram alterados
Nota 2: Continua no próximo post
29 nhận xét :
Quando as estórias são por episódios costumo comentar só no fim.
Mas devo dizer desde já que a Catarina era muito "atrevidota" para a época...
E não trocaste as idades noo último parágrafo?
É que a estória começa com Catarina com 18 anos.
Como é que no final dizes que ela tinha 32 e o Bernardo 18? É uma gralha ou é de propósito para me baralhar, a esta hora?
Beijinhos azuis
Vou começar a andar com uma prancha. Lixado vai ser no metro...
Tsk, tsk, tsk
Nada como ter leitores atentos, mas ensonados,rsrsrs
Digo que a Catarina parou de estudar aos 18 anos. Não que tinha 18 anos à data.
Já percebi que não sou grande contadora de histórias, rsrsrs
Beijinhos
Rafeirinho,
conseguiste!!Hehe
Nada como um bom rafeirinho para abrir as portas...mesmo de prancha debaixo do braço.
Beijinhos e raufs
Nesse Ano 73 não é? Já a Catarina estava a adivinhar que vinha aí a revolução do ano seguinte e por isso se atreveu a antecipar-se ao tempo.
Não perdeu nada com isso e no ke respeita a idades, não têm grande significado no presente, mas podem refelectir-se no futuro, se entretantom ainda forem felizes, pois que vão continuando.
Se a continuação da história for o contrario disto, então foi um tempo muito mal perdido, salvando-se o facto de ter sido MÃE.
Logo no inicio palpitou-me que se tratava duma história veridica. Confirmei-o pela informação no final. Aguardo o próximo post
A história promete, minha amiga...
E escrita com este teu toque inconfundível, que nos transporta para o palco dos acontecimentos...
Belíssima a forma como estás a moldar a Catarina e o Bernardo...
Boa escrita! Continua...
Beijinho *
:-)))
A história começa bem, sim senhora, com paixão avassaladora e nova vida a crescer. Mas não sei porquê, estou com maus pressentimentos...
Não ligues, sou uma pessimista:))
Fico ansiosa a aguardar os próximos capítulos
Estou com a Justine, parece-me que a estória vai acabar mal...
Acho que a história começa, com muito amor e paixão. Foi amor à primeira vista. Quase sempre dá certo. E o final desses amores muitas vezes são, casamento. Quanto à diferença de idades é muito importante e, por vezes, cria problemas mais tarde. Vou esperar para ver o terminus da história.
Beijinhos
Bem...abriste-me o apetite para a próxima parte da história..fiquei um pouco abalada com tal diferença de idades...confesso:))!
Gostei imenso da tua forma de escrever e ahhh estive super atenta a todos os pormenores! Beijocas.
Se é assim a primeira parte!.... imagino o que se segue....
todas as histórias de amor trazem mudanças radicais na vida das pessoas... e tudo vale a pena ... mas não gosto mto quando numa relação se abandona tudo pelo outro...
irremediavelmente é uma palavra que me preocupa..., não será o caso pois esta história tem o sabor de mar...
beijinhos das nuvens
Simpática Amiga:
Uma linda história que não deveria terminar aqui, mas continuar sem cessar até ao fim.
A sua magia literária encanta e não se dá conta do fim.
Não faça assim, a história de Catarina e Bernardo provoca-nos uma postura espectante, de "suspense" e interessada do seu desenvolvimento e conclusão que aqui pára e nos faz querer mais e mais.
Excelente, amiga.
Parabéns sinceros. Adorei e ainda vou adorar mais, de certeza, quando continuar a ler ávidamente.
Beijinhos amigos
pena
Vou aguardar o final da história.
Ó António,
mas quem lhe disse que ela foi mãe???
Rrssrrs
Volte logo...
Veludinhos azuis
João Videira Santos,
obrigada pela visita.
Cá o espero então.
Veludinhos azuis
Solzinho,
que bom ver-te por aqui.
Obrigada pelas tuas palavras.
Nunca tinha experimentado este género...Então até já.
Beijinhos e veludinhos azuis
Justine,
cá te espero.Olha que vale a pena.
Beijinhos e veludinhos azuis
Ó Carlos,
está a ver se tira nábos da púcara?
Só lhe digo que tem muita culpa por eu me ter disposto a contar esta história.
E agora????
Veludinhos azuis
JC,
cá o espero.
Se houver amor a idade não interessa...
Beijinhos
Fa,
não gostas quando um larga tudo pelo o outro, nem eu.
Mas aqui deixaram os dois...irremediavelmente.
Cheira a mar, sim.
Beijinhos amiga
Pena,
que bom vê-lo por aqui.
Obrigada pelas suas sempre gentis palavras.
Deixei-o em suspense...assim volta:))
Beijinhos
Carlota,
então ainda te vou ver por aqui mais umas vezes.
Ou pensavas que acabava já hoje???
Veludinhos azuis
Estou a gostar e espero que tenha um final de sonho!
Tenho uma amiga que com 18 anos contou aos pais que estava grávida do namorado de 35, cuja existência os pais desconheciam, e que iriam casar em breve. Fê-lo no mês de Dezembro, antes do Natal.
Fico a aguardar...
Beijinhos com raios de Sol
Vim cá ver se já conseguia saber o resto da história, mas dei com o nariz na porta. Bem feito, para não ser curiosa! A minha tia avó, que teria 96 anos se fosse viva, era mais velha 16 anos que o marido, e fugiu de casa para se casar com ele, imaginas o escândalo que foi na época? Pois foi um daqueles poucos casamentos verdadeiramente felizes que conheci...
1/4 de Fadas,
desculpa. Não imaginei que levantaria tanta curiosidade.
Prepara-te então, que nem sonhas o que aí vem.Tsk tsk tsk
Parabéns pela tua avó. Deve ter sido uma grande mulher.
Beijinhos e até logo, pelos vistos
Amiga:
venho agradecer as tuas palavras e o teu gesto de ontem.
Vejo que continuas inspiradíssima. E, como tudo o que escreves merece ser saboreado, voltarei para lê-las quando puder fazê-lo com a calma e concentração necessárias.
Para já, a música é fabulosa.
Muitos beijinhos!
Parte 1, parte 2... Humm... vou cobrar royalties.
Agora, a segunda parte.
Um beijo!
Oliver,
tudo culpa sua:)))
Foi você que me deu a ideia...das partes!
beijinhos lindo
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