Embora sentindo enormemente a falta do filho, a saudade era colmatada pelos telefonemas constantes e as grandes cartas que ia escrevendo aos pais e eram lidas a toda a família.
O espanto na chegada a Deli, a confusão das ruas e o cheiro da cidade, o paraíso de Goa, a viagem de 14 horas para Bombaim num comboio apinhado, sentado durante 2 horas no hall da casa de banho, único lugar onde tinha luz suficiente para ler, Agra, Jaipur, o Taj-Mahal, tudo ele descrevia com pormenores.
Depois o civismo e a limpeza de Singapura, de novo a confusão de Bangkok e por fim Macau.
E as fotografias que sempre acompanhavam as cartas e mostravam um Besnico feliz e em poses de palhaço, algumas vezes.
Mostrava-se maravilhado com Macau, onde encontrava a cada esquina coisas que lhe faziam lembrar Portugal.
Foi com um misto de alívio e incredulidade que Bernardo e Catarina se aperceberam que o ano tinha passado e o filho estava para chegar.
A mãe preparou os pratos que ele mais gostava, o quarto foi limpo de alto a baixo, até os cães tiveram que se sujeitar a banhos antecipados para estarem lindos quando o dono chegasse.
A casa foi enfeitada com cartazes à americana de “ Welcome” e tudo estava em ordem quando ele aterrou.
Foi um dia de emoções fortes.
Chegou mais alto, dizia a mãe, ao que o pai respondia: - Que disparate, o rapaz já cresceu o que tinha a crescer!
Os irmãos pulavam-lhe em cima e chamavam-lhe chinês, os avós estavam encantados.
Já passava das 2 da manhã quando todos se foram embora, depois da distribuição de presentes, que foi um momento de exclamações de espanto, fosse pelas sedas, pelos souvenirs ou pelo lindíssimo anel de brilhantes com uma enorme safira que tinha trazido para a mãe.
E foi depois de todos saírem que Catarina se fechou no quarto do filho, e lhe passou os braços em volta num abraço muito apertado, como se fosse de novo um bebé e finalmente sentiu que ele estava de volta.
Era Agosto, pelo que após o pequeno-almoço em família, todos foram para o seu querido Guincho, onde Bernardo verificou orgulhoso que o filho tinha feito muitos progressos no surf.
O mês passou com toda a família em festa até que chegou a altura de decidir o que Besnico ia fazer da vida.
Os pais ficaram sem palavras quando ele disse que tinha decidido licenciar-se em Direito...na Universidade de Macau.
Já trazia todos os papéis, tinha-se informado de tudo, achava que o futuro obrigava a que se começasse a aprender mandarim, e por isto e mais aquilo, era isso que queria.
Pela primeira vez na vida, Catarina quis dizer um rotundo não às pretensões do filho.
Não queria separar-se dele de novo. O pai também não, e os irmãos embora mascarassem a sua tristeza com sonoros “ Ele é maluco”, sentia-se que não gostavam nem um pouco da ideia.
Mas ele estava determinado. Precisava do dinheiro dos pais, é certo, mas era o que queria fazer.
Então “ se era para felicidade dele, e para o seu futuro”, cederam.
O dia da partida, com todos os preparativos que tiveram que ser feitos, chegou depressa. Mais depressa do que todos desejavam.
Ficou combinado que os pais lá iriam no Natal e ele viria nas férias grandes.
No final, foram os pais e os irmãos, que se propuseram abdicar das mesadas em prol da viagem.
E assim se passaram 3 anos.
Martim já estava com 18 anos e pronto a entrar para a faculdade e Lourenço continuava o mafarrico de sempre.
Nesse ano, ao contrário do habitual, foi Besnico que veio a Portugal passar o Natal, porque os avós estavam velhotes e queriam vê-lo e porque todos tinham saudades de um Natal à portuguesa.
Foi um Natal maravilhoso, com toda a família reunida, com missa do galo, todos os doces da época e muito carinho.
Em Janeiro ele lá foi de novo, enquanto Martim recomeçava orgulhosamente as aulas na Católica.
- Isto vai ser uma família só de doutores, dizia ele na brincadeira, enquanto Lourenço ria e afirmava peremptório que não contassem com ele:
- Eu quero é fazer surf.
No final do mês de Janeiro, Bernardo estava no escritório quando recebeu um telefonema de Macau. Habituado aos telefonemas do filho, atendeu com um sorriso nos lábios, mas a voz que ouviu não era a de Besnico.
- Mr. Bernardo ...?
- Yes. Who’s calling?
- I’m Doctor Masao Takashimaya and I’m calling from Hospital Kiang Wu. I regret to inform that your son had an accident. He was hit by a bus and he is in a very bad condition. I sincere advise that you come here as soon as you can.
Bernardo murmurou qualquer coisa como:
- Vamos imediatamente. Obrigado. – e desligou mecanicamete.
Não queria acreditar no que estava a acontecer. Não podia ser verdade. Tinha que haver um engano. Só podia ser um engano. Afinal, eles sabiam lá, no meio daquela confusão de nomes, se tinha sido o filho a ter o acidente... O raio do médico nem inglês falava correctamente...
Meteu-se no carro e foi para casa, sem conseguir respirar e sem imaginar o que ia dizer a Catarina.
O espanto na chegada a Deli, a confusão das ruas e o cheiro da cidade, o paraíso de Goa, a viagem de 14 horas para Bombaim num comboio apinhado, sentado durante 2 horas no hall da casa de banho, único lugar onde tinha luz suficiente para ler, Agra, Jaipur, o Taj-Mahal, tudo ele descrevia com pormenores.
Depois o civismo e a limpeza de Singapura, de novo a confusão de Bangkok e por fim Macau.
E as fotografias que sempre acompanhavam as cartas e mostravam um Besnico feliz e em poses de palhaço, algumas vezes.
Mostrava-se maravilhado com Macau, onde encontrava a cada esquina coisas que lhe faziam lembrar Portugal.
Foi com um misto de alívio e incredulidade que Bernardo e Catarina se aperceberam que o ano tinha passado e o filho estava para chegar.
A mãe preparou os pratos que ele mais gostava, o quarto foi limpo de alto a baixo, até os cães tiveram que se sujeitar a banhos antecipados para estarem lindos quando o dono chegasse.
A casa foi enfeitada com cartazes à americana de “ Welcome” e tudo estava em ordem quando ele aterrou.
Foi um dia de emoções fortes.
Chegou mais alto, dizia a mãe, ao que o pai respondia: - Que disparate, o rapaz já cresceu o que tinha a crescer!
Os irmãos pulavam-lhe em cima e chamavam-lhe chinês, os avós estavam encantados.
Já passava das 2 da manhã quando todos se foram embora, depois da distribuição de presentes, que foi um momento de exclamações de espanto, fosse pelas sedas, pelos souvenirs ou pelo lindíssimo anel de brilhantes com uma enorme safira que tinha trazido para a mãe.
E foi depois de todos saírem que Catarina se fechou no quarto do filho, e lhe passou os braços em volta num abraço muito apertado, como se fosse de novo um bebé e finalmente sentiu que ele estava de volta.
Era Agosto, pelo que após o pequeno-almoço em família, todos foram para o seu querido Guincho, onde Bernardo verificou orgulhoso que o filho tinha feito muitos progressos no surf.
O mês passou com toda a família em festa até que chegou a altura de decidir o que Besnico ia fazer da vida.
Os pais ficaram sem palavras quando ele disse que tinha decidido licenciar-se em Direito...na Universidade de Macau.
Já trazia todos os papéis, tinha-se informado de tudo, achava que o futuro obrigava a que se começasse a aprender mandarim, e por isto e mais aquilo, era isso que queria.
Pela primeira vez na vida, Catarina quis dizer um rotundo não às pretensões do filho.
Não queria separar-se dele de novo. O pai também não, e os irmãos embora mascarassem a sua tristeza com sonoros “ Ele é maluco”, sentia-se que não gostavam nem um pouco da ideia.
Mas ele estava determinado. Precisava do dinheiro dos pais, é certo, mas era o que queria fazer.
Então “ se era para felicidade dele, e para o seu futuro”, cederam.
O dia da partida, com todos os preparativos que tiveram que ser feitos, chegou depressa. Mais depressa do que todos desejavam.
Ficou combinado que os pais lá iriam no Natal e ele viria nas férias grandes.
No final, foram os pais e os irmãos, que se propuseram abdicar das mesadas em prol da viagem.
E assim se passaram 3 anos.
Martim já estava com 18 anos e pronto a entrar para a faculdade e Lourenço continuava o mafarrico de sempre.
Nesse ano, ao contrário do habitual, foi Besnico que veio a Portugal passar o Natal, porque os avós estavam velhotes e queriam vê-lo e porque todos tinham saudades de um Natal à portuguesa.
Foi um Natal maravilhoso, com toda a família reunida, com missa do galo, todos os doces da época e muito carinho.
Em Janeiro ele lá foi de novo, enquanto Martim recomeçava orgulhosamente as aulas na Católica.
- Isto vai ser uma família só de doutores, dizia ele na brincadeira, enquanto Lourenço ria e afirmava peremptório que não contassem com ele:
- Eu quero é fazer surf.
No final do mês de Janeiro, Bernardo estava no escritório quando recebeu um telefonema de Macau. Habituado aos telefonemas do filho, atendeu com um sorriso nos lábios, mas a voz que ouviu não era a de Besnico.
- Mr. Bernardo ...?
- Yes. Who’s calling?
- I’m Doctor Masao Takashimaya and I’m calling from Hospital Kiang Wu. I regret to inform that your son had an accident. He was hit by a bus and he is in a very bad condition. I sincere advise that you come here as soon as you can.
Bernardo murmurou qualquer coisa como:
- Vamos imediatamente. Obrigado. – e desligou mecanicamete.
Não queria acreditar no que estava a acontecer. Não podia ser verdade. Tinha que haver um engano. Só podia ser um engano. Afinal, eles sabiam lá, no meio daquela confusão de nomes, se tinha sido o filho a ter o acidente... O raio do médico nem inglês falava correctamente...
Meteu-se no carro e foi para casa, sem conseguir respirar e sem imaginar o que ia dizer a Catarina.
Quando chegou encontrou a mulher que se preparava para ir trabalhar.
Estranhando a hora, pensou que o marido estava doente, e mais certa ficou quando viu a sua palidez.
Mas quando ele se deixou cair no sofá da sala e lhe pediu com voz grave que se sentasse junto dele, percebeu que algo se passava:
- Qual deles? O que aconteceu com os meus filhos?
- Bernardo.
Estranhando a hora, pensou que o marido estava doente, e mais certa ficou quando viu a sua palidez.
Mas quando ele se deixou cair no sofá da sala e lhe pediu com voz grave que se sentasse junto dele, percebeu que algo se passava:
- Qual deles? O que aconteceu com os meus filhos?
- Bernardo.
O marido não soube porque chamou o filho por esse nome. Nunca o fazia.
- O que é que tem? Não se está a sentir bem? – Catarina pensou que era o marido. Ela não tinha nenhum filho chamado Bernardo.
- Bernardo. Besnico.
Catarina levantou-se com os olhos muito abertos.
- O que tem Besnico? Está em Macau. Está bem, ou não está?
A esta altura Catarina já estava a falar muito depressa e caminhava freneticamente à frente do marido.
- Não está Catarina. Foi atropelado e está muito mal. Temos que ir já para lá.
- Então vamos. Estamos à espera de quê? Vá separar as suas coisas enquanto trato das viagens.
Dirigiu-se ao telefone, e em menos de uma hora tinha as viagens tratadas. Depois falou para a mãe e para os sogros, subiu ao quarto onde fez a sua mala e a do marido. Esperou que os filhos chegassem para almoçar e contou-lhes o que se passava.
A meio da tarde tinha tomado todas as providências para embarcarem para Macau nesse mesmo dia, via Frankfurt.
Nem por um momento parou para pensar no que se estaria a passar lá.
Tudo o que queria era chegar perto do seu menino. Tinha a certeza que assim que lá chegasse tudo se resolveria.
Só quando se sentou no seu lugar no avião e este descolou, se recostou na cadeira e deixou que finalmente as lágrimas lhe rolassem pela cara abaixo.
- O que é que tem? Não se está a sentir bem? – Catarina pensou que era o marido. Ela não tinha nenhum filho chamado Bernardo.
- Bernardo. Besnico.
Catarina levantou-se com os olhos muito abertos.
- O que tem Besnico? Está em Macau. Está bem, ou não está?
A esta altura Catarina já estava a falar muito depressa e caminhava freneticamente à frente do marido.
- Não está Catarina. Foi atropelado e está muito mal. Temos que ir já para lá.
- Então vamos. Estamos à espera de quê? Vá separar as suas coisas enquanto trato das viagens.
Dirigiu-se ao telefone, e em menos de uma hora tinha as viagens tratadas. Depois falou para a mãe e para os sogros, subiu ao quarto onde fez a sua mala e a do marido. Esperou que os filhos chegassem para almoçar e contou-lhes o que se passava.
A meio da tarde tinha tomado todas as providências para embarcarem para Macau nesse mesmo dia, via Frankfurt.
Nem por um momento parou para pensar no que se estaria a passar lá.
Tudo o que queria era chegar perto do seu menino. Tinha a certeza que assim que lá chegasse tudo se resolveria.
Só quando se sentou no seu lugar no avião e este descolou, se recostou na cadeira e deixou que finalmente as lágrimas lhe rolassem pela cara abaixo.
Por muitas horas de voo que Catarina tivesse, nunca tinha feito uma viagem que lhe parecesse tão longa.
Mal chegaram a Macau dirigiram-se ao Hospital onde foram postos ao corrente da situação do filho:
Besnico tinha sido atropelado por um autocarro, sofrera fracturas múltiplas, hemorragias internas e um grave traumatismo craniano.
Tinham-lhe aliviado a pressão para o estabilizarem, mas a única hipótese de tentarem salvá-lo era uma cirurgia que, no entanto, tinha muito poucas hipóteses de sucesso.
Catarina e Bernardo dirigiram-se para os Cuidados Intensivos onde o filho se encontrava e mal o reconheceram na figura inerte que jazia no leito e no meio de todos os fios e ligaduras que o envolviam.
Mas apertou a mão da mãe quando a sentiu junto de si.
Nessa noite Besnico foi operado e faleceu na operação.
Quando deram a notícia aos pais, Bernardo pôs os braços à volta de Catarina mas foi um corpo inerte que apanhou no ar, impedindo-a de cair.
Catarina desmaiou, entrou em estado de choque e esteve dias sedada sem tomar conhecimento do que a rodeava.
Pela primeira vez desde que a conhecera, Bernardo estava sozinho para tomar as providências que tinham que ser tomadas, acompanhar Catarina e gerir a sua própria dor.
As primeiras démarches a serem feitas era tratar da remoção do corpo para Portugal.
Bernardo nem desconfiava do calvário que o esperava. A burocracia, o facto de não conhecer bem os costumes e os passos a dar, levaram-no a contratar um advogado. Assim, o processo poderia ser agilizado e ele podia passar mais tempo com Catarina, que continuava internada.
Uma tarde o advogado chamou-o ao escritório dizendo que tinha um assunto a tratar com ele.
Quando entrou na sala, além do advogado, encontrava-se também uma rapariga de traços orientais, muito bonita, pequenina, que fazendo uma pequena reverência se apresentou dizendo:
- My name is Hiroko.
Bernardo pensou que fosse a secretária do advogado.
Sentou-se e esperou ouvir aquilo que queria: que estava tudo resolvido e que podia voltar para Portugal com a mulher e o filho.
Bernardo recusava referir-se-lhe como “ o corpo do filho”.
Mas foi outra a história que ouviu:
Hiroko era namorada do filho e estava grávida de uma menina. Besnico pensava apresentá-la aos pais no Verão e casar em Portugal.
Mal chegaram a Macau dirigiram-se ao Hospital onde foram postos ao corrente da situação do filho:
Besnico tinha sido atropelado por um autocarro, sofrera fracturas múltiplas, hemorragias internas e um grave traumatismo craniano.
Tinham-lhe aliviado a pressão para o estabilizarem, mas a única hipótese de tentarem salvá-lo era uma cirurgia que, no entanto, tinha muito poucas hipóteses de sucesso.
Catarina e Bernardo dirigiram-se para os Cuidados Intensivos onde o filho se encontrava e mal o reconheceram na figura inerte que jazia no leito e no meio de todos os fios e ligaduras que o envolviam.
Mas apertou a mão da mãe quando a sentiu junto de si.
Nessa noite Besnico foi operado e faleceu na operação.
Quando deram a notícia aos pais, Bernardo pôs os braços à volta de Catarina mas foi um corpo inerte que apanhou no ar, impedindo-a de cair.
Catarina desmaiou, entrou em estado de choque e esteve dias sedada sem tomar conhecimento do que a rodeava.
Pela primeira vez desde que a conhecera, Bernardo estava sozinho para tomar as providências que tinham que ser tomadas, acompanhar Catarina e gerir a sua própria dor.
As primeiras démarches a serem feitas era tratar da remoção do corpo para Portugal.
Bernardo nem desconfiava do calvário que o esperava. A burocracia, o facto de não conhecer bem os costumes e os passos a dar, levaram-no a contratar um advogado. Assim, o processo poderia ser agilizado e ele podia passar mais tempo com Catarina, que continuava internada.
Uma tarde o advogado chamou-o ao escritório dizendo que tinha um assunto a tratar com ele.
Quando entrou na sala, além do advogado, encontrava-se também uma rapariga de traços orientais, muito bonita, pequenina, que fazendo uma pequena reverência se apresentou dizendo:
- My name is Hiroko.
Bernardo pensou que fosse a secretária do advogado.
Sentou-se e esperou ouvir aquilo que queria: que estava tudo resolvido e que podia voltar para Portugal com a mulher e o filho.
Bernardo recusava referir-se-lhe como “ o corpo do filho”.
Mas foi outra a história que ouviu:
Hiroko era namorada do filho e estava grávida de uma menina. Besnico pensava apresentá-la aos pais no Verão e casar em Portugal.
Agora Hiroko não tinha saída: solteira e grávida de uma criança do sexo feminino teria que dar a criança para adopção.
- A menos que o Sr. Engenheiro e a sua mulher fiquem com a criança e a adoptem.
A Bernardo parecia-lhe estar a reviver uma história pela qual já tinha passado há muitos anos. Parecia um castigo dos céus, mas porquê, se nem ele nem a mulher tinham feito nada de mal a ninguém?
Tentando recompor-se e raciocinar, respondeu ao advogado que o olhava expectante:
- Mas adoptá-la como, se a criança é minha neta?
- Isso não importa. Para levar a criança daqui, só adoptando-a.
Enquanto esta conversa decorria, Hiroko mantinha os olhos baixos como se nada daquilo lhe dissesse respeito.
Bernardo não sabia que fazer.
Tinha que tirar a mulher do hospital e trazer o filho para Portugal. Segundo o advogado, tinha que permanecer em Macau dois meses para poder adoptar a criança, e ainda faltavam 2 meses para ela nascer. O que dava quatro meses. Ele não queria ficar quatro meses em Macau.
- Porque raio na nossa vida é sempre tudo tão difícil? Porque raio para termos uma alegria temos sempre que passar por tanto sofrimento?
Isto era o que passava pela cabeça de Bernardo, enquanto o silêncio no austero escritório do advogado era total.
Mas ninguém lhe podia dar a resposta. Nem mesmo tinha Catarina para o ajudar a decidir, como tinha a contecido sempre desde que se tinham encontrado.
De volta ao hotel, percebeu que estava por conta dele. Tinha que fazer tudo sozinho.
No dia seguinte voltou ao escritório do advogado e disse-lhe o que resolvera:
- Assim que a minha mulher estiver em condições de viajar, vamos embora com o nosso filho. Deixo dinheiro numa conta para que nada falte a Hiroko. Quando faltar um mês para o parto, volto e fico cá até a criança nascer.
Entretanto vá tratando dos papéis da adopção, para assim que tudo estiver legalizado poder levar a minha neta comigo.
Uma semana depois Bernardo e uma cambaleante Catarina voltaram para Portugal, num avião que transportava no porão o caixão com o filho.
Foi com extrema dificuldade que Catarina assistiu ao funeral. Praticamente nunca mais falara desde que recebera a notícia da morte de Besnico e passava os dias deitada, e dopada com tranquilizantes.
Finalmente a vida tinha-a golpeado de uma forma da qual parecia que ela não conseguiria recuperar.
Quase não comia, tinha perdido dez quilos, e vestida toda de preto com os cabelos pretos, parecia ainda mais magra.
Nem os outros filhos conseguiam arrancar-lhe um sorriso.
Entretanto, um mês tinha passado e ela nada sabia de Hiroko nem da criança que ia nascer.
Depois de vir da missa do mês, à qual Catarina não conseguiu assitir, Bernardo sentou-se a seu lado na cama e segurando-lhe as mãos, foi-lhe contando com cuidado e escolhendo as palavras, a história de Hiroko e do bébé.
Catarina ouviu tudo, mas foi como se o seu cérebro não conseguisse apreender uma única palavra do que o marido lhe estava a contar.
Bernardo percebeu que tinha que fazer o que havia a ser feito, sozinho.
Pediu ao pai que ficasse na empresa, pediu à sogra que viesse para sua casa para ficar com Catarina, despediu-se dos filhos e apanhou de novo um avião que o levaria a Macau.
Um mês depois, como previsto, a bébé nasceu.
Era morena, com a pele muito branquinha, cabelos em pé e olhos amendoados.
Hiroko disse-lhe que ela e Besnico tinham decidido que se chamasse Kuiko.
Bernardo ficou mais 2 meses em Macau para poder trazer a pequena Kuiko com ele.
As notícias de Catarina não eram animadoras: continuava num estado quase catatónico.
Por outro lado incomodava-o a calma e resignação com que Hiroko abrira mão da filha.
De tal modo, que lhe propôs que ela viesse também para Portugal.
Mas ela não quis e ele nunca a viu deitar uma lágrima.
Voltou com a neta para Portugal, embora nos documentos ela figurasse como sua filha, não sem antes ter deixado uma soma que lhe pareceu suficiente para que Hiroko reconstruisse a sua vida.
Tinha apenas 20 anos.
A casa que em tempos estava sempre cheia de uma algazarra que às vezes até o cansava, estava em silêncio quando chegou.
Os filhos esperavam-no no jardim da vivenda, ansiosos por verem a trouxinha que vinha dentro do porta-bébés.
Catarina estava no quarto, na cama.
Bernardo subiu com a pequena Kuiko e depositou-a nos braços da mulher.
Passaram alguns minutos até que ela olhasse para a criança.
E passou aquilo a que a Bernardo pareceu uma eternidade, até que lhe pegasse e que pela primeira vez chorasse a sério, desde que o filho tinha morrido.
Parecia que a comporta finalmente tinha rebentado.
Só que aparentemente Catarina não percebia quem era a criança. Embalou-a como a uma boneca, ao mesmo tempo que cadenciadamente repetia: - A minha menina, a minha menina.
Bernardo entrou em pânico. Tudo menos a mulher enlouquecer. Ligou atabalhoadamente para o psiquiatra que estava a tratá-la e pediu-lhe que fosse lá a casa.
O médico chegou pouco depois. Segundo ele havia um fenómeno entre a negação da morte do filho e ao mesmo tempo a sua substituição pela nova bébé.
Medicou-a, mas disse a Bernardo para deixar ficar a criança com ela. Confiava que o seu instinto maternal a levasse a reagir quando Kuiko precisasse dela.
E foi o que aconteceu.
Quando a bébé começou a chorar com fome, ela pediu a Bernardo que fosse fazer o biberon.
Não que o fizesse de forma normal. Havia muita coisa que teria que voltar ao lugar na cabeça de Catarina, já que o coração talvez nunca mais cicatrizase.
Com o tempo, foi melhorando e embora triste foi aceitando o desaparecimento de Besnico. Ou melhor, resignou-se, mas nunca mais foi a Catarina alegre de outros tempos.
Continuou só a ser uma excelente mãe e a amar o marido como no primeiro dia.
Catarina tem hoje 67 anos.
Encontrei-a há tempos, passeando com Kuiko. Reparei que a trata por mãe, mas não fiz perguntas sobre isso.
Só lhe perguntei se, caso pudesse voltar atrás, mudaria algo na sua vida.
Olhou-me com os olhos brilhantes de lágrimas:
- Só uma coisa. Jamais deixaria Besnico ir para Macau.
54 nhận xét :
Fiquei aqui só para ler o final da história.
Agora pouco posso dizer estou emocionada.
Nada como a vida para nos surpreender.
Voltarei!
Beijo
A história agarrou-me praticamente desde o princípio, mas agora não sou capaz de a comentar, porque há alguns pormenores que me deixam perfeitamente incapaz de o fazer. Se fosse ficção, não haveria qualquer problema, seria uma história como qualquer outra, o sabê-la verídica paralisa-me completamente.
Estou imensamente emocionada. Aqui está um caso em que a realidade ultrapassa largamente qualquer ficção.
Sem comentários.
Não podemos impedir a vida de seguir o seu rumo...conduzi-la como um automóvel...tão pouco podemos escolher pelos nossos filhos... Ainda assim pensamos sempre que o amor consegue proteger de todos os males.. è especial esta história...
beijinhos das nuvens
São as amarguras da vida que moldam a nossa maneira de ser e de estar...
O que tem de ser será no final de tudo...
Estive a ler a história nas suas sucessivas partes com a atenção e gosto que a tua escrita suscita! Deliciei-me com ela e com a história em si. As épocas, as diferenças de idade, as famílias, os inesperados, as voltas que se dão...e depois este final...
Sendo histórica verídica fica-se assim...como é que estas coisas acontecem...não são filmes, não são histórias...páginas de anos e de vida...
Se é uma história verídica de alguém que conheces de certeza que é uma bela homenagem para essa pessoa...pelo menos, eu assim o entenderia.
ESPECTACULAR!
P.S.: Estou curiosa com os marcadores. Terminei o da F@ hoje e devo enviá-lo amanhã. :))
Beijinho GRANDE!!!!
Lembras-te que disse no início desta estória que só a comentaria no final.
Entretanto fomos falando e confessei-te que me apetecia ler mais do que publicavas como post, pela curiosidade.
E assim foi.
Hoje, não sei porquê, (ou sei, mas não vem ao caso) à medida que te lia ia adivinhando muito mais para a frente, pelo que nada me surpreendeu...
É um estória incrível, como disseste. Como incrível é, pode ser, a vida, pelas partidas que nos prega.
E como eu percebo a Catarina...
Obrigada, Blue Velvet.
Deixo-te um beijo, hoje
Quando tenho de falar da vida, (aliás, eu não gosto de falar da vida, vem-me sempre à ideia a frase mais estúpida do mundo que se utiliza quando se fala da vida, “...é a vida!”), nunca me consigo dissociar de uma citação de Millôr Fernandes, "Viver, é desenhar sem borracha".
A próxima vez que estiveres com a Catarina, diz-lhe que um dos teus leitores lhe manda um beijinho, e que a admira pela coragem com que tem pautado a sua vida.
:)
beijocas
Enorme a CATARINA,FANTÁSTICOS , tanto PAI como MÃE,uma verdadeira lição.
A Perda de um filho para uma Mãe Galinha como o é Catarina, é uma dor que certamente nunca sai do coração e eu, estou a passar por isso, tenho em casa uma Senhora semelhante á Catarina.
Foi uma história de arrepiar, começa com DRAMA e acaba maios dramática ainda.
Desejo que esta tua Amiga, perdure por muitos Anos, pois corações como o dela existem muito poucos.
A ti te dou os mais rasgados elogios por teres conseguido publicar não uma história, mas um caso de VIDA de fazer chorar até as pedras da calçada.
Obrigada Blue...saio devagarinho...desculpa...
como disse no inicio é uma história de amor e coragem, mas pensei que a história pertencia exclusivamente a quem a escreveu ou seja tinha sido passada consigo, porém as datas não coicidiam e estava confusa.
Foi realmente uma história muito bem narrada, pois havia tanta entrega e realidade que só alguem com grande sensibilidade o faz.
A musica de fundo era a mais apropriada, apaixonei-me completamente pela história e pela banda sonora.
Os meus parabens para si, pois encantou-nos em partilhar connosco algo tão belo, triste e real
A emoção é demasiado forte...
Como mulher e como mãe não consigo dizer absolutamente mais nada sobre a história....
Para a escritora, apenas 1 palavra: Fenomenal!
No comentário ao primeiro post dizia que isto ia acabar mal. Não me enganei, porque já sei que a realidade é triste. A história é comovente e deixou-me preso durante estes dias. Infelizmenta, ainda há pior... imagina o que é perder 2 filhos jovens no espaço de um ano, ver um terceiro morrer alguns anos mais tarde e um quarto tornar-se andarilho pelo mundo? Aconteceu. À minha mãe!
Beijinhos molhados
Estive a ler os teus 5 posts e sabendo que é uma história verdadeira, só gostava que houvesse mais Catarinas e Bernardos nesta vida.
Obrigada pela maravilhosa história e todos afinal temos uma parecida, não é?
Uff, estou sem fôlego, li de uma penada quase sem respirar!
Que história de vida fascinante. Que vidas ricas em humanismo tu retratas! Emocionante e comovente...Obrigada
Carlota,
é verdade.
Há vidas assim...
Volta sempre que quiseres.
Veludinhos azuis
1/4 de Fada,
como te compreendo minha amiga.
Nem eu pensei que me custasse escrevê-la como custou.
Beijinhos
Donagata,
e não é à vida que a ficção vai buscar a inspiração?
Beijinhos
Fa,
é isso. Achamos que o amor protege, mas nem sempre.
Infelizmente.
Beijinhos
C Narciso,
ou somos nós que temos que nos moldar às amarguras que a vida nos tráz...
Veludinhos azuis
Su,
obrigada pelas tuas palavras.
Foi de certa forma uma homenagem, mas não só.
Beijinhos
Ps: o meu também está pronto. Amanhã vai para o correio:))
Maria,
também te deixo um beijo e um xi apertadinho.
Jotabê,
que bom ver-te de volta.
Sinal de que já estás bem.
Quanto à frase, já reparáste que só a dizemos quando acontece uma desgraça?
Beijinhos
António,
sei pelo que estás a passar.
Força, amigo!
beijinhos
Amigona,
é o que apetece, sim.
Obrigada pela visita.
Beijinhos
Sagitário,
obrigada pelas tuas palavras.
Fiz o melhor que pude, mas está longe de perfeita.
Quem sabe, um dia...
Beijinhos
Cecília,
compreendo a sua emoção e agradeço as suas palavras.
beijinhos
Cecília,
esqueci-me de lhe dizer uma coisa.
É a 1ª vez que publico comentários de alguém que tem um blog onde não tenho entrada.
Mas a delicadeza dos seus comentários, obrigou-me a isso.
Volte sempre.
Carlos, não quero nem imaginar a dor da sua mãe.
Eu só tenho um andarilho, elido muito mal com isso.
Mas enfim, tenho que ir vivendo, na esperança de que um dia a situação mude, e possa andarilhar-me eu, para junto dele.
Beijinhos
Patti,
obrigada por te teres dado ao trabalho de ler tudo.
Quanto a todos ter uma assim... já não sei.
Beijinhos e boa semana
Justine,
ainda bem que gostou.
Obrigada pelas suas palavras.
Beijinhos
Venha a próxima, que esta estava muito boa, mesmo com o voar dos anos.
A vida, essa, não é mãe é madastra por vezes.
Salvoconduto,
calma.
Esta esgotou-me, até emocionalmente.
É uma história que acompanhei muito de perto.
Agora tenho que fazer uma pausa.
Mas fica a intenção.
Veludinhos azuis
quem dera que a realidade desse ligar a fantasia, e voce me deixasse escrever o fim da historia.
Maurizio
Gostei da história. Uma história da vida real que me deixou em muitos momentos extremamente comovido, como se costums dizer "engoli em seco" algumas situações.
Esta sua amiga se sabe que publicou esta história, deve estarmuito feliz, pois está muito bem escrita, por alguém que escreve muito bem.
Beijinhos
Blue,
Ninguém tem entrada no meu blog, porque simplesmente ele não existe...
Fui convidada a comentar os textos do blog de um colega de trabalho e, através dele, conheci o Rochedo do Carlos, os Ares da Patti e os Veludinhos da Blue, que me prenderam pela qualidade dos seus escritos, pela actualidade dos temas abordados, pela intensidade de algumas emoções e, sobretudo, por utilizarem a net para algo tão saudável.
Até há cerca de 2 ou 3 meses, e apesar de utilizar diariamente o acesso a esta rede global, o mundo da blogosfera era-me completamente desconhecido...
Antes de entrar, pedi sempre licença, porque não consigo ficar calada (sempre me disseram que eu falo demais...), nem tão pouco indiferente a que, neste país da treta, ainda consigamos encontrar quem procure na net mais do que diálogos vazios, cheios de "smileys" e abreviaturas, encontros virtualmente escaldantes, ou supostas amizades, classificadas por critérios sem rosto.
Às vezes abuso do espaço alheio - pergunte ao Carlos, se não é verdade - mas se continuar a permitir-me, voltarei para ler, para me comover, para rir, para chorar e também para comentar, para discutir e argumentar ou até (como já fiz) para mostrar tudo isto à minha filha adolescente.
Aceite um abraço,
Cecília
Jc,
muito obrigada pelas suas palavras.
Com uma história destas não foi muito difícil.
Beijinhos
Cecília,
obrigada pela sua explicação, mas mesmo antes dela já lhe tinha dito que é sempre bem vinda, e não acho nada que fale ( ou escreva demais).
Quanto a não ter blog, agora que já anda metida nesta andanças, porque não pensa em fazer um?
Decerto também tem muito para partilhar.
Pela amostra que vi no blog do Carlos:)))
Se quiser, não me custa nada fazer-lhe um.
Basta que me diga que cores gosta e eu faço-lhe o layout e ensino-lhe como aquilo funciona.
É muito fácil..
Depois é escolher o nome e o resto, é consigo.
Não faça cerimónia:))
Veludinhos azuis
O convite é tentador, e talvez um dia destes o aceite.
Para já, prefiro aprender mais e amadurecer a ideia, pesando os prós e os contras de tamanha responsabilidade em ter estes vizinhos no "blogobairro"!!
E fique descansada....não farei cerimónia....!! :) :) :)
Voltei!
Pois bem, a história de Catarina e Bernado é uma linda história de amor, onde fica provado que as diferenças de idade não são relevantes. Eles venceram todas as contrariedades para ficar juntos.
A unica coisa que estraga a felicidade do casal é realmente devastadora. A morte de um filho, é uma dor que julgo ser insuportavel e inultrapassável, nem quero imaginar. Só imaginar já é terrivel.
Entendo a ultima frase de Catarina quando diz que nunca deixaria o Besnico ir para Macau. No entanto quem garante que ficando cá não aconteceria o mesmo. Besnico foi para Macau, partiu mas deixou um pedaço de si. Kuiko não apagou a dor da falta de Besnico mas não deixa de ser um pouco dele que anda por ai, nela ele está vivo.
Ela é a prova viva da sua passagem pela terra e a possiblidade dele continuar sempre vivo.
Gostei desta história. Sei por experiência própria que a vida consegue ser muito mais surpreendente que qualquer filme.
Aprendi que na vida não existem certezas nem amanhãs. O que hoje é certo, amanhã será totalmente alterado.
Voltei porque depois de voltar a ler todos os posts da historia só me ocorre uma canção.
http://www.youtube.com/watch?v=GBYZ6NdKmkE&feature=related
Li o final esta madrugada... agora venho aqui comentar. Tinhas razão, gostei muito do final. É uma grande história de amor. É o amor que têm que lhes permite enfrentar as adversidades que a vida lhes apresenta.
Parabéns à escritora!
Beijinhos com raios de Sol
Empolgante, extraordinária, esta história...
Muito bem narrada.
Beijinhos.
Voltei para falar das minhas gentes, da minha terra, das memórias vivas e reais que perduram na minha alma e no meu coração.
Beijinhos
É uma sucessão de tragédias. Não faz muito o meu gênero, mas, como disse que é uma história verídica, não poderia ser diferente, teria de contá-la como realmente ocorreu.
Espero a próxima. Se possível, mais light.
Um beijo!
Carlota,
muito obrigada pelos teus comentários e pelo presente.
Também penso que por muito que se sofra nesta vida, nada poderá comparar-se à perda de um filho.
E, também sei que nada é garantido nesta vida.
Obrigada e volta sempre.
Os teus brincos de princesa fazem falta por aqui.
Beijinhos
Sunshine,
obrigada pelos teus raios de sol.
Beijinhos e veludinhos azuis
Filoxera,
obrigada.
Não te esqueças que também tens uma para escrever:))
Beijinhos amiga
Alfazema Azul,
pois seja bem vinda.
Veludinhos azuis
Oliver,
pois é. Mas nem sempre temos o poder de transformar a vida numa bebida light.
Beijinhos, lindo
Cecília,
saltei-lhe por cima. Desculpe:))
Então já sabe, quando quiser é só dizer.
Beijinhos
Linda Amiga:
Um texto fabuloso.
O Happy End não era o que esperava, mas é a vida e deve ser encarada como é.
As palavras falam de vida, de morte, de alegria, de tristeza, de encanto, de desencanto.
Uma escrita poderosa que domina com perfeição a atitude de brilhantismo e fidelidade (Penso eu) ao real acontecido.
Sem ler os outros capítulos(Perdoe-me, por favor!), considero que tem uma avassaladora forma de conceber palavras talentosas, numa escrita fantástica, fabulosa, digna de assinalar e registar no mundo complexo e exigente da Blogosfera.
Os meus sinceros parabéns.
Tem tudo: Beleza, ternura, sensatez e sobriedade muito lúcida e encantada. Soberba escrita.
Puro acto mágico, este texto admirável.
Sempre a respeitá-la e a estimá-la imenso.
Beijinhos amigos de estupefacção pelo encanto de si.
pena
Adorei!
Volto depois para comentar.
No momento ainda estou em transe.
Beijinho.
Estás de parabéns!! Fantástica história...as minhas desculpas por só agora a ter terminado, mas prometi e senti que queria segui-la até ao fim e assim fiz, às vezes temos é que ter a disposição para "beber" o sentido das coisas, e agora tive!! E mais ainda que tudo isto é verdadeiro, porque já o disseste! Maravilhosa história e a vida tem de facto histórias assim. Beijo.
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