Como o prometido é devido, aqui fica então o que me parece importante saber-se sobre o Halloweewn e contar-vos como é vivido nos Estados Unidos.
Eu sei que disse que era amanhã, mas imaginem que também vou comemorá-lo amanhã à noite. Embora de forma diferente, mas não estarei por aqui.
Portanto, começo por dizer que o facto de não se gostar do Carnaval, não implica que não se goste do Halloween.
São coisas completa e totalmente diferentes.
Desde logo pelas suas origens mais remotas: no caso do Carnaval tem a ver com a Quaresma, e Halloween com os Celtas e com o Dia de todos os Santos.
Depois, porque enquanto o Carnaval é para toda a gente, miúdos e graúdos, o Halloween é especialmente, hoje em dia, que não nos seus primórdios, uma festa para os miúdos dos 5 aos 13 anos.
E enquanto as partidas no Carnaval não têm limites, ao abrigo do " É carnaval, ninguém leva a mal", o Halloween está delimitado às brincadeiras a que se chama "Treat or Trick".
Mas comecemos do começo:
As raízes mais antigas do Halloween remontam quase a dois mil anos atrás, ao Festival Celta chamado Samhain. ( Lê-se sow-in).
Nessa altura os Celtas viviam na região agora conhecida como Irlanda e comemoravam o Ano Novo, no dia 1 de Novembro. Este dia marcava o fim do Verão e das colheitas e o começo do longo Inverno, época do ano em que morriam mais pessoas.
Acreditavam que na véspera, o mundo dos vivos e dos mortos se misturava.
Para honrar a data faziam fogueiras onde queimavam em sacrifício aos seus Deuses, para que eles os ajudassem no longo e escuro Inverno, caveiras e animais.
Por volta do ano 43 D.C., os Romanos conquistaram a maior parte do território Celta e durante os 400 anos em que os governaram, misturaram a sua civilização com a deles e naturalmente também os seus costumes.
Assim, os Romanos que tinham dois Festivais parecidos aglutinaram-nos com os dos Celtas.
O 1º chamado Feralia ( mais tarde Feira ) lembrava os que já tinham morrido.
O 2ºera em honra de Pomona ( Pomme/ Maçã ) a deusa das árvores e dos frutos. Daí a actual costume de “ bobbing apples” que explicarei mais à frente.
No ano 800 D.C. o Papa Bonifácio IV designou o dia 1º de Novembro dia de Todos-os Santos. A celebração chamava-se ALL – HALLOWMAS ( do inglês antigo ALHOLOWMESSE –TODOS OS SANTOS. A véspera começou a ser conhecida por ALL- HALLOWS EVE, e com o passar do tempo deu-se a aglutinação e chegou-se ao HALLOWEEN de hoje.
E assim, o Festival pagão dos Celtas da Irlanda foi transportado para os Estados Unidos pelos emigrantes Irlandeses do séc.XIX, e tornou-se a festa mais popular dos americanos, a seguir ao Natal.
As cores do Halloween são o Preto ( da morte, da noite, das bruxas, dos gatos pretos, dos morcegos e dos vampiros ), e o Laranja ( do fogo, do Outono, das folhas caídas, da abóbora e de Jack da Lanterna ) e estes os seus símbolos.
Jack-O'Lantern é o símbolo mais famoso do Halloween e a sua história remonta também a muitos séculos atrás e aos Irlandeses.
Baseia-se numa lenda Irlandesa àcerca de um homem com a alcunha de “ Stingy Jack” ( Jack o Avarento )que reza assim:
Era uma vez um velho agricultor, ganancioso, jogador, bêbado e avarento.
Um dia convidou o Diabo para tomar umas bebidas com ele, mas não as queria pagar.
Pediu então ao Diabo que se transformasse numa moeda, e assim ele podia pagar tudo com essa moeda.
Acontece que depois não quis devolver a moeda, e para isso pô-la num bolso onde tinha uma cruz em prata, o que impedia o Diabo de voltar a assumir a sua forma.
Passado muito tempo, libertou – o com a condição de só lhe aparecer de novo daí a um ano.
No ano seguinte, enganou de novo o Diabo, subindo a uma árvore onde desenhou uma cruz para o impedir de descer.
Desta vez a condição foi que não lhe apareceria durante 10 anos e que, se morresse entretanto, não reclamaria a sua alma.
Só que, de facto, Jack morreu.
Ao chegar ao Céu, Deus recusou-lhe a entrada e como o Diabo prometera não reclamar a sua alma, ele ficou condenado a vaguear para sempre, como uma alma penada.
Como luz para lhe indicar o caminho só tinha um pedaço de carvão incandescente que colocou dentro de uma abóbora.
Os Irlandeses começaram por lhe chamar “Jack of the Lantern” e com o tempo transformou-se em “Jack o’ Lantern”
Hoje colocam-se as abóboras iluminadas a enfeitar as casas para que a alma de Jack encontre o caminho, e não entre em casa.
TRICK OR TREAT
As crianças, com idades compreendidas entre os 5 e os 13 anos, mascaram-se e vão de porta em porta pedindo Treats. Quando lhes abrem a porta, cantam uma canção típica de Halloween, sempre com o refrão Treat or Trick, o que significa que, ou as pessoas lhes dão guloseimas, ou eles pregam uma partida.
Seguem uma regra: só batem à porta das casa que estão enfeitadas.
BOBBING THE APPLE
É um jogo que consiste em pôr maçãs cobertas de caramelo vermelho a boiar em recipientes cheios de àgua, que têm que se apanhar com a boca, sem a ajuda das mãos.
As casas começam a ser decoradas mais ou menos com um mês de antecedência e chega a haver concursos para decidir qual a mais gira do bairro.
Agora imaginem: eu achava que pôr 8 séries de lâmpadas na árvore de Natal me dava imenso trabalho. Quando percebi que tinha que iluminar uma vivenda inteira ia morrendo!
Para isso, como não tinha nada de decorações fui comprar.
Indicaram-me a loja e certifiquei-me que tinha a lista das coisas necessárias na carteira.
Chego lá e deparo-me com uma loja do tamanho do nosso maior Continente, só com decorações de HAllOWEEN. Não sabia se chorava se ria. Os meus filhos saltavam à minha volta e iam pondo coisas para dentro do carrinho, que era maior que os dos nossos supermercados.
Garanto que eles não tinham culpa: até a mim me apetecia comprar tudo. Até brincos em forma de abóboras pequeninas havia. Parecia que estávamos num mundo encantado.
Mas o pior estava para vir: a secção de TREATS. Aí foi a loucura absoluta. É que nada se vende que não seja em sacos, no mínimo de 1kg. Um kg de tudo, das mais variadas formas, cores, sabores, desde chocolates a jellies, passando por marshmallows, rebuçados, tudo o que a vossa imaginação possa pensar, lá há. Mas claro que 1 kg não chega, porque as crianças que batem à porta são muitas, portanto chegámos a casa parecia que vínhamos da Casa dos Doces das histórias de crianças.
Fora a imensidade de luzes, os lençóis que se põem por cima dos candeeiros de jardim que ficam imediatamente transformados em fantasmas, dezenas de abóboras de todos os tamanhos ( o trabalho que dá escavá-las e fazer os olhos, o nariz e a boca...), homenzinhos de palha vestidos a rigor como camponeses, os sempre em pé insufláveis que ficam a guardar a porta, enfim, um mundo de imaginação e sonho.
Por um mês tornamo-nos todos crianças, ansiando pela noite de Halloween.
Normalmente faz-se um jantar em que se convida a família e amigos mais chegados, todos mascarados e de caras pintadas. O jantar tem muita coisa feita à base de abóbora...e depois é só esperar pelas crianças que nos batem à porta.
Se não vos consegui transmitir o ambiente peço desculpa, mas de facto, há coisas que só vistas.